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VIDAL-CABECA-COLUNA

Led Zeppelin e seu auge criativo

26/02/2025

Lançado em 24 de fevereiro de 1975, portanto completando cinquenta anos, Physical Graffiti, sexto álbum do Led Zeppelin, representa o auge criativo de uma das melhores bandas de rock’n’roll que já passou por esse planeta. Gravado em uma casa de campo no interior da Inglaterra em 1974, adicionaram mais faixas, que eram “sobras” de estúdio de álbuns anteriores que não haviam sido lançadas. Com produção do guitarrista Jimmy Page é o primeiro álbum, que no formato vinil era duplo, lançado pela própria gravadora da banda, Swan Song.

Physical Graffiti led zeppelin

Abrindo o álbum com um groove irresistível, Custard Pie é uma explosão de hard rock e blues. O riff principal de Jimmy Page é cortante, enquanto John Paul Jones adiciona um cravo elétrico que dá um tom diferenciado à música. Robert Plant canta de forma provocante, usando metáforas de duplo sentido na letra. A bateria de John Bonham é poderosa e precisa.

Originalmente escrita para Houses Of The Holy, álbum anterior, The Rover se tornou uma das canções mais marcantes do álbum. O riff de guitarra é denso e carregado de fuzz, enquanto a letra fala sobre busca e liberdade. A transição entre versos mais contidos e um refrão expansivo dá uma dinâmica interessante à música. Um clássico subestimado da banda.

In My Time Of Dying é a faixa mais longa do álbum, com mais de 11 minutos. É um épico blues-rock pesado. Inspirada em uma canção gospel tradicional, essa versão da banda transforma a música em um lamento cheio de força e improvisação. Jimmy Page brilha com seu slide guitar, e Bonham tem uma das suas performances mais intensas. O final abrupto, com a banda rindo e brincando, dá um toque humano ao registro.

Curiosamente, a faixa que deveria ter sido a titular do álbum anterior foi deixada de fora e acabou sendo lançada aqui. Diferente do tom mais denso das faixas anteriores, Houses Of The Holy tem uma vibe divertida e dançante, com influência do funk e do reggae. O refrão e os backing vocals de Plant a tornam uma das canções mais acessíveis do disco.

Trampled Under Foot apresenta um groove intenso e um teclado funky de John Paul Jones inspirado em Stevie Wonder. O riff hipnótico de Page e a linha de baixo fazem dela um petardo do rock dançante. A letra tem referências automobilísticas usadas como metáforas sexuais, e Plant entrega uma performance cheia de energia.

Um dos momentos mais épicos do álbum, Kashmir tem um arranjo grandioso, misturando rock com influências da música oriental. A combinação do riff pesado de Page, os acordes orquestrais de Jones e a batida monolítica de Bonham cria uma atmosfera única. A letra de Plant fala sobre uma jornada mística e desconhecida. Sem dúvida, uma das canções mais icônicas da história do rock.

In The Light começa com um teclado etéreo de Jones, criando um clima solene. Depois, a canção se transforma em uma peça épica, alternando entre passagens suaves e explosões instrumentais. A influência progressiva é clara, e a letra tem um tom encorajador, falando sobre superação e esperança.

Uma peça acústica curta e belíssima, Bron-Yr-Aur é uma amostra do lado folk da banda. Jimmy Page usa afinação aberta para criar um clima bucólico e introspectivo. O título é uma referência ao chalé no País de Gales onde a banda compôs muitas de suas músicas.

Down By The Seaside mistura folk e soft rock com um tom descontraído e quase psicodélico. A estrutura incomum alterna entre um andamento lento e passagens mais intensas, mostrando a versatilidade da banda. A letra sugere uma crítica sutil ao distanciamento da natureza e ao ritmo acelerado da vida moderna.

Uma das baladas mais emocionantes da banda, Ten Years Gone mistura delicadeza e peso. Page constrói uma camada complexa de guitarras sobre uma base rítmica sólida. A letra reflete sobre um amor perdido e as mudanças do tempo, e a performance de Plant é carregada de emoção. Um dos grandes momentos do álbum.

Uma faixa com um tom otimista e um riff de guitarra espetacular, Night Flight tem uma pegada mais clássica de rock dos anos 70. A melodia dos vocais e o refrão energético fazem dela uma canção animada e revigorante.

Com um riff repetitivo e acelerado, The Wanton Song é um rock direto e visceral. A bateria de Bonham é um dos destaques, marcando um ritmo implacável. A música é curta, mas intensa, mostrando a banda em sua forma mais crua e energética.

Boogie With Stu é uma jam descontraída que conta com a participação de Ian Stewart, pianista dos Rolling Stones. A música tem um clima boogie-woogie, com Page explorando slide guitar e Plant em um vocal mais relaxado. É uma das faixas mais experimentais do álbum.

Black Country Woman, gravada ao ar livre, essa faixa acústica traz um blues rústico e envolvente. No início, é possível ouvir um avião passando durante a gravação, o que dá um toque espontâneo à música. A letra trata de um relacionamento conturbado, e o instrumental simples e direto faz dela uma joia escondida do álbum.

Encerrando o álbum, Sick Again volta ao hard rock pesado. A letra fala sobre as groupies que seguiam as bandas nos anos 70, e Plant canta com um tom quase melancólico. A guitarra distorcida de Page e a bateria explosiva de Bonham fecham o álbum com força.

Physical Graffiti é um dos álbuns mais diversificados e bem-sucedidos da banda. Combinando peso, experimentação, baladas e peças épicas, o disco captura toda a essência da banda. O álbum é uma obra-prima que reafirma o Zeppelin como uma das maiores bandas da história do rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.

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