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16/04/2024



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Plebe Rude: o rock político dos anos 1980 é tão atual

 Plebe Rude: o rock político dos anos 1980 é tão atual

Vamos falar do rock nacional. O rock brasileiro. O BRock, como ficou conhecido nos anos 1980. Várias bandas começaram a surgir nessa década, tais como Blitz, Paralamas Do Sucesso, Legião Urbana, Ira! entre outras. Mas uma que se destacou pelas letras muito politizadas foi a Plebe Rude. Formada em Brasília no ano de 1981, por Phillipe Seabra, André X, Jander Bilaphra e Gutje Wortman, a Plebe foi arrasadora nas suas críticas contra um sistema pós ditadura militar. Seu primeiro álbum, na verdade um mini-LP com sete músicas, intitulado O Concreto Já Rachou, foi lançado em 11 de fevereiro de 1986 e causou um furor na juventude rockeira da década. Está na lista dos 100 melhores álbuns de música brasileira, feita pela revista Rolling Stone.

 

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O álbum inicia com o cello de Jaques Morelenbaum na espetacular Até Quando Esperar. Logo vêm as batidas de Gutje e uma guitarra pulsante. O vocal dividido entre Phillipe e Jander é emocionante e a letra é um caso a ser estudado em uma tese de doutorado. “Com tanta riqueza por aí, onde é que está, cadê sua fração?” Muita influência de The Clash. A linha de baixo de André após o refrão é matadora. Todos cantavam esse refrão nos anos 80. Inesquecível.

 

 

Proteção é um cântico raivoso. Para sua proteção. As guitarras dão o tom da canção. Para sua proteção. O vocal é de Phillipe, mas a voz inconfundível de Jander está bem destacada. Para sua proteção. Espetacular. “Sou uma minoria, mas pelo menos falo o que quero, apesar da repressão”.

 

 

Johnny Vai A Guerra (Outra Vez) é um lamento punk contra o terror das guerras. Baseado no filme homônimo de 1971, de Dalton Trumbo, sobre um soldado ferido na I Guerra Mundial. As guitarras e a virada da bateria no início são pesadas. A voz de Jander narra a letra da canção.

 

Minha Renda é um soco no rosto das gravadoras da época, que exploravam as bandas que surgiam. A Plebe Rude não se vendia. Tem participação de Herbert Vianna citando seu próprio nome. Jander não perdoa. Seu vocal é perfeito.

 

 

Sexo E Karatê tem participação de Fernanda Abreu nos vocais. É rápida e visceral. Debocha de relacionamentos. É satírica. E perfeita.

 

Meu Jogo é devastadora. Sua letra é maravilhosa. Tem um naipe de metais arrebatador, com a participação de George Israel. O vocal de Jander, novamente, se destaca em cima dos violões e guitarras.

 

Mas o melhor ficou para o final. Brasília é um hino. Um hino para ser entoado todos os dias pelos brasileiros. O vocal simultâneo de Phillipe e Jander é formidável. A bateria dá o andamento da canção, se tornando descompassada no seu final. “O concreto já rachou! Rachou! Rachou! Rachou!”

 

 

Com quase quarenta anos, o álbum parece que foi escrito este ano. De tanto que suas letras são atuais e servem de crônicas para os recentes acontecimentos no país. Crônicas do rock brasileiro. Do bom e velho rock’n’roll!

 

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