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VIDAL-CABECA-COLUNA

Rage Against The Machine: o rock engajado

18/12/2024

Se existiu uma banda que realmente tinha o que dizer, essa banda foi a Rage Against The Machine. Formada em Los Angeles em 1991 por Zack de la Rocha nos vocais, Tom Morello nas guitarras, Tim Commeford no baixo e Brad Wilk na bateria, a banda lançou em 3 de novembro de 1992, um dos maiores petardos do roc’n’roll. Seu primeiro e autointiludo álbum foi marcante. A explosão sonora, aliada às letras de protesto abalou o mundo da música mais uma vez. A capa do álbum, que reproduz a imagem do monge vietnamita Thich Quàng Dúrc se imolando é assustadora.

Rage Against The Machine

Bombtrack inicia o álbum com uma introdução marcante, guiada por um riff hipnótico que gradualmente explode em energia. A faixa é um manifesto de resistência, com Zach de la Rocha proclamando a eficácia da luta revolucionária: “Burn! Burn! Yes, you’re gonna burn!” O groove do baixo de Tim Commerford e a bateria de Brad Wilk criam uma base sólida para os riffs pesados de Tom Morello, que já demonstra sua criatividade nas texturas sonoras.

Killing In The Name é, provavelmente, a faixa mais icônica do álbum, com um riff central simples, mas extremamente contagiante. A música cresce em intensidade à medida que Zach repete frases como “Some of those that work forces are the same that burn crosses,” criticando a hipocrisia dentro das forças de autoridade. O clímax, com a repetição catártica de “Fuck you, I won’t do what you tell me,” se tornou um hino de rebeldia. A energia bruta dessa canção e seu refrão explosivo a tornaram um marco cultural.

Em Take The Power Back, o baixo funkeado de Commerford toma a dianteira, com Morello adicionando riffs sincopados e solos criativos. A letra é uma crítica ao sistema educacional, que perpetua narrativas eurocêntricas e oprime as vozes de minorias. “Bring that shit back!” exige uma reforma cultural e educacional. A faixa é um exemplo brilhante da capacidade da banda de combinar ritmos dançantes com agressividade lírica.

Settle For Nothing é uma das músicas mais sombrias do álbum, tanto em tom quanto em temática. A letra é um mergulho emocional nos sentimentos de impotência e raiva gerados por um sistema opressor. Musicalmente, a faixa alterna entre momentos calmos e explosões de fúria. Mostra a profundidade emocional da banda e o alcance vocal de Zach, que vai de murmúrios introspectivos a gritos devastadores.

Bullet In The Head tem uma linha de baixo pulsante e riffs de guitarra cortantes. A canção é uma crítica ao controle da mídia sobre a sociedade. Zach questiona como as pessoas se tornam complacentes e manipuladas: “Just victims of the in-house drive-by.” A faixa combina perfeitamente crítica social e musicalidade, com a guitarra de Morello imitando sons de máquinas em um solo inovador. Um destaque no álbum.

Know Your Enemy é um épico multifacetado, com mudanças de ritmo e tons, além de uma participação vocal de Maynard James Keenan (Tool). A letra confronta diretamente os problemas do capitalismo e da conformidade social. “Yes, I know my enemies.” é um chamado à conscientização. A complexidade estrutural da canção reflete a riqueza de ideias que a banda transmite. Uma das melhores faixas em termos de composição.

Fortemente influenciada pelo Led Zeppelin, Wake Up é uma denúncia direta ao racismo sistêmico e à vigilância governamental, mencionando diretamente figuras como Martin Luther King Jr. e Malcolm X. A canção termina com Zach discursando, como um manifesto. Um ponto alto do álbum, com uma fusão poderosa de mensagem e musicalidade.

Fistful Of Steel apresenta uma guitarra atmosférica e uma base rítmica grooveada. A faixa aborda o poder das palavras como uma arma revolucionária. Zach explora como a voz pode ser usada para confrontar opressores. Combina passagens meditativas com explosões de raiva, demonstrando o domínio da banda sobre dinâmicas musicais.

Township Rebellion clama pela resistência e a insubordinação. O título remete às revoltas nas townships durante o apartheid na África do Sul. “Why stand on a silent platform?” desafia a apatia diante da injustiça. Uma faixa que reforça o compromisso da banda com questões globais, embalada em riffs que alternam entre complexidade e simplicidade.

O álbum fecha com uma explosão. Freedom começa com uma base hipnótica antes de explodir em pura agressividade. A música denuncia o genocídio cultural dos nativos americanos e termina com Zach gritando “Freedom!” repetidamente. Um encerramento arrebatador, que deixa o ouvinte energizado e reflexivo.

O álbum de estreia do Rage Against The Machine é uma obra-prima atemporal que equilibra perfeitamente política e música. Cada faixa é uma declaração de revolta contra a opressão, guiada por um instrumental único e a entrega visceral de Zach de la Rocha. É um álbum que continua a inspirar e desafiar as audiências, sendo uma referência tanto musical quanto ideológica. Um símbolo do rock. Do bom e velho rock’n’roll.

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