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Começa o Conclave: de onde são os cardeais que elegerão o novo papa?

07/05/2025

estadão

Os 133 cardeais que irão escolher o sucessor do papa Francisco, entraram em reclusão para o conclave nesta terça-feira (6). A votação tem início nesta quarta-feira (7), e não há previsão exata de quanto tempo deve durar a deliberação dos cardeais, segundo o Vaticano. O conclave mais longo se estendeu por três anos, mas os mais recentes foram concluídos em até cinco dias.

O Colégio de Cardeais tem atualmente 252 membros, mas apenas aqueles com menos de 80 anos têm direito de participar da escolha de um novo papa. Com a desistência de dois cardeais eleitores por problemas de saúde, o número de votantes fica em 133.

O perfil desse conclave será diferente do que elegeu o papa argentino, em 2013. Na época, 56% dos integrantes com direito a voto eram da Europa. Agora, 38% são europeus.

A mudança é reflexo do pontificado de Francisco, que buscou as chamadas “periferias” da Igreja, com foco sobretudo em África, Ásia e Oceania, e deverá influenciar a sucessão.

Dos cardeais votantes, 108 foram nomeados pelo último pontífice, 22 por Bento XVI e cinco por João Paulo II.

Tradicionalmente, a Itália é o País com mais eleitores no conclave – são 17 nesta edição. É seguida dos Estados Unidos (10) e o Brasil vem em terceiro, com 7:

• Odilo Pedro Scherer (São Paulo)
• João Braz de Aviz (emérito de Brasília)
• Orani João Tempesta (Rio de Janeiro)
• Paulo Cezar Costa (Brasília)
• Leonardo Ulrich Steiner (Manaus)
• Jaime Spengler (Porto Alegre)
• Sérgio da Rocha (Salvador), que tem aparecido em listas de papáveis.

 

O cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida (SP), não pode votar por ter 88 anos — só cardeais com até 80 anos têm esse direito, embora qualquer cardeal, de qualquer idade, possa ser votado.

Ao todo, 71 localidades terão cardeais eleitores. Entre elas, estão países historicamente católicos, como Portugal e Espanha, mas também nações em que o catolicismo é praticado por uma minoria da população, como o Japão e Iraque.

“Ninguém deveria se surpreender se fosse escolhido um cardeal africano. Ou cardeal asiático ou novamente italiano. Isso está nas possibilidades”, disse dom Odilo, que foi escolhido por Bento XVI. No conclave de 2013, o nome de Scherer circulou como um dos principais cotados.

Os cardeais de locais em que a Igreja Católica busca espaço entre tradições milenares, porém, não despontam como favoritos na eleição. Entre os 15 nomes mais cotados para a sucessão de Francisco estão os italianos Pietro Parolin (secretária de Estado do Vaticano), Matteo Zuppi e Pierbattista Pizzaballa; o filipino Luis Antonio Tagle; o espanhol naturalizado paraguaio Cristóbal López Romero; o luxemburguês Jean-Claude Hollerich e o francês Jean Marc Aveline.

Parolin e Tagle, inclusive, são os favoritos em bolsas de apostas internacionais. Geralmente, os secretários de Estado do Vaticano, como é o caso do primeiro, costumam circular como nomes fortes para sucessão.

O nome de Parolin figurou em um dossiê enviado aos cardeais com uma seleção de 20 possíveis papáveis, com o objetivo de interferir na eleição.

Já Tagle era apontado como papável no último conclave e seria um aceno para a descentralização proposta por Francisco, sobretudo na Ásia, que tem visto aumentar o número de católicos.

José Tolentino de Mendonça (Portugal), Juan José Omella (Espanha), Mario Grech (Malta), Péter Erdő (Hungria); Robert Prevost (Estados Unidos); e Willem Jacobus Eijk (Holanda) também são considerados candidatos.

Segundo o vaticanista Filipe Domingues, não há um sucessor natural. “Nas conversas com as pessoas, ninguém sabe quem é o nome que, caso Francisco pudesse votar, ele votaria. Ninguém sabe porque não tem mesmo”, afirma ele, professor na Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, e diretor do Lay Centre, também de Roma.

“Não acredito que o próximo papa seja de linha totalmente oposta às realizações do papa Francisco. No máximo, poderíamos ter uma linha mais moderada”, afirma o monsenhor André Sampaio, doutor em Direito Canônico.

“Terá de ser um progressista moderado, capaz de consolidar as iniciativas de Francisco, mas sem levar à ruptura com os atuais descontentes, se tornará forte oposição ao hiperindividualismo nacionalista, que tem em (Donald) Trump (presidente americano) sua figura mais destacada, e defensor da solidariedade internacional”, diz o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, ex-coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e editor do jornal O São Paulo, da Arquidiocese da capital paulista.

“Todos aqueles que entram papáveis saem cardeais. É até melhor que o nome nem apareça muito. Esse sim, provavelmente, é o melhor candidato”, resume Sampaio.

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