O comércio varejista deve movimentar R$ 65,01 bilhões em vendas para o Natal deste ano, calculou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se confirmado, o resultado representará uma alta de 1,2% no faturamento em relação ao mesmo período de 2021, já descontada a inflação, o primeiro aumento real de vendas após dois anos de perdas.
O desempenho, porém, ainda não recuperaria o volume de vendas de 2019, no pré-pandemia, que foi de R$ 67,55 bilhões.
Segundo a CNC, a perspectiva positiva é explicada pela normalização do fluxo de consumidores alcançada na virada do primeiro para o segundo semestre de 2022, pela melhora no mercado de trabalho e pela desaceleração da inflação. No entanto, o encarecimento do crédito e o comprometimento da renda média das famílias com dívidas contribuem para frear a expansão das vendas.
O ramo de hipermercados e supermercados deve responder por 38,6% do volume total vendido, R$ 25,12 bilhões, seguido pelas lojas de roupas, calçados e acessórios (33,9% do total ou R$ 22 bilhões) e pelos estabelecimentos especializados em artigos de uso pessoal e doméstico (12,6% ou R$ 8,19 bilhões).
O economista Fabio Bentes, responsável pelo estudo da CNC, explica que o comércio de alimentos concentra uma geração de receitas maior dentro do varejo, mas o período de Natal tem impulso sazonal mais relevante no desempenho do setor de roupas, calçados e acessórios. Em média, o faturamento no varejo como um todo cresce 25% na passagem de novembro para dezembro, enquanto as vendas de roupas e acessórios sobem 80%, apontou Bentes, no levantamento.
Mais da metade da movimentação financeira prevista para o Natal de 2022 ficará concentrada em São Paulo (R$ 22,19 bilhões), Minas Gerais (R$ 5,59 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 5,56 bilhões). Distrito Federal e Rio Grande do Sul têm as maiores projeções de avanço nas vendas para a data em relação a 2021, com altas de 6,8% e 6,2%, respectivamente.
Bentes disse que o câmbio favoreceu as importações este ano. Entre setembro e novembro de 2022, o dólar teve uma desvalorização de 4,5% ante o real, em média, em relação ao mesmo período de 2021, calculou.
“Esse comportamento do câmbio, no contexto de reajustes expressivos dos preços praticados pela indústria nacional, fomentou a importação de produtos mais demandados nesta época do ano”, apontou Fabio Bentes, em nota oficial.
Ele menciona dados da Secretaria de Comércio Exterior do governo federal, mostrando que as importações de produtos tipicamente natalinos cresceram 8% entre setembro e novembro de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo US$ 468,9 milhões, o maior volume desde 2014.
“As maiores altas de compras do exterior em relação ao Natal passado foram de itens de perfumaria, com crescimento do volume financeiro de 167%, e de oleaginosas (como nozes, avelãs e castanhas), com aumento de 35%”, escreveu Bentes.
A CNC espera uma abertura de 98,8 mil vagas temporárias para o Natal de 2022, 1,8% a mais que no ano passado, além de 48% acima dos empregos criados no Natal de 2020. Entretanto, a geração de vagas projetada pela entidade para este ano foi revista para baixo: a previsão anterior estimava uma criação de 109,6 mil vagas temporárias de fim de ano no varejo. A projeção para a taxa de efetivação de trabalhadores temporários também foi reduzida, de 11,3% para 9,1%.
“A manutenção dos juros básicos da economia em patamar elevado por mais tempo tenderá a desfavorecer a aceleração das vendas no início de 2023; isso deve reduzir o dinamismo do mercado de trabalho no setor”, completou o economista Fabio Bentes.
(Estadão Conteúdo)
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