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07/09/2024

Como na literatura, traições políticas são necessárias nas eleições

“Otelo” de Willian Shakespeare, “Dom Casmurro” de Machado de Assis, “O Primo Basílio” de Eça de Queirós não seriam grandes sucessos sem uma série de traições e mal-entendidos que dão o molho às suas histórias. A punhalada na costas e a puxado do tapete, ainda que moralmente questionadas, são tão importantes na política como são na literatura.

Um exemplo é a disputa ao Senado, em que até dedo no olho é permitido. Pois tudo começa com o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), que um dia foi o querido do presidente Jair Bolsonaro (PL), passando a odiado. Depois foi protegido pelo senador Alvaro Dias (Podemos), que o queria torná-lo seu pupilo. Mas foi passado para trás e virou adversário ao migrar para o União Brasil.

Segue com Alvaro, que foi rejeitado pelo governador Ratinho Jr., refutado por alguns partidos, como o MDB, e hoje faz dobrada política com candidatos de partidos fora da sua coligação. Mas nada seria possível sem antes Alvaro ter convidado Cesar Silvestri Filho ao Podemos. Silvestri pulou para o ninho tucano, que teve sua candidatura ao governo estadual cancelada pelo PSDB nacional. E viu sepultada a sua chance ao Senado, num acordo de Alvaro com a alta cúpula tucana.

Agora Silvestri Filho apoia Sérgio Moro e leva com ele lideranças jovens como a Fernanda Viotto, empresária de Londrina e presidente do PSDB Mulher.

E do lado de Paulo Martins (PL) as rasteiras continuam. Paulo Martins foi o ungido pelo PL, com apoio do presidente Jair Bolsonaro e do governador Ratinho Junior. Viu a ação do Palácio Iguaçu, que tirou o PSC e o Patriotas da sua base de apoio, dando para Alvaro Dias. Em troca ganhou o apoio do PP, de Ricardo Barros, mas perdeu a maior estrela do partido, o prefeito Marcelo Belinati, abraçado com Alvaro Dias.

A continuar até o fim da eleição, essa campanha ao Senado terá mais traições que novelas mexicanas. Há um título de Nelson Rodrigues que cabe muito bem com essa série de pequenas deslealdades. É o: Perdoa-me por me traíres.

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