Conta-se que um dia o Senhor ligou para Noé da Silva e disse:
– “Em seis meses farei chover até que o Brasil inteiro esteja coberto de água e todos os corruptos sejam destruídos. Esse povo aí não tem jeito, minha paciência já se esgotou, mas como sei que você é um desses brasileiros que desaprova isso tudo que está acontecendo, vou preservar você e um casal dos animais existentes no país. Então vou te mandar um WhatsRelâmpago com as especificações para a construção de uma imensa Arca”.
Tendo dito isso, D-us desligou, um raio riscou o céu com um estrondo, e Noé, tremendo de medo, recolheu a papelada dos projetos que caíram bem ao lado.
Em seguida D-us voltou a se manifestar:
– “Veja bem: te dou seis meses antes de começar a chover. Se vire. É melhor que a Arca esteja concluída, ou trate de aprender a nadar”.
Seis meses se passaram e, como D-us havia antecipado, o céu ficou nublado e a chuva começou a cair com violência.
Como nunca mais tinha visto ou falado com Noé, o Senhor deu uma olhada e viu que ele estava sentado na calçada da frente da casa, chorando.
O Onipotente correu os olhos pelo lugar e percebeu que obviamente não havia sinal da Arca. Foi o suficiente para gritar com ele:
– “Você não fez o que mandei?”
Noé da Silva caiu de joelhos e aos soluços respondeu, implorando:
– “Senhor, por favor, me perdoe! Fiz o meu melhor, mas tive grandes problemas. Primeiro tive que tirar a licença de construção, mas como os projetos não estavam de acordo com o código da Marinha, precisei contratar um engenheiro naval para fazer a readequação. Dei entrada na papelada e aí começou a discussão entre os técnicos sobre a necessidade de a Arca precisar ou não de um sistema de aspersão de incêndio. Quando isso foi resolvido, meu vizinho reclamou na Prefeitura que eu estava violando o zoneamento construindo a Arca no quintal de casa, o que me obrigou a pedir um alvará na Comissão de Urbanismo da cidade. Imagino que o Altíssimo não saiba que como tivemos greves no serviço público, a comissão não estava se reunindo, e quando finalmente eles liberaram, começaram os problemas para conseguir a madeira escolhida”.
A essa altura o Eterno não escondia a decepção e a impaciência, mas fez sinal para que Noé continuasse o relato:
– “Acontece que proibiram o corte da madeira que o Senhor escolheu porque ela só existe na região onde vivem as Corujas Manchadas. Argumentei que vou salvar um casal delas, mas não me levaram a sério e me enxotaram de lá. Depois de discussões com todas as ONGs, tive que correr atrás de madeira de reflorestamento. Os carpinteiros navais que contratei entraram em greve e fui obrigado a negociar um acordo com o Sindicato por causa do excesso de horas trabalhadas, adicional noturno e periculosidade. Não adiantou eu dizer que os animais só viriam quando a Arca estivesse pronta. Finalmente comecei a reunir a bicharada e tive que parar porque um grupo de direitos dos animais exigiu vistoria prévia dos espaços onde eles serão confinados. Eu sei que o Senhor não acreditará, mas vou lhe dizer mais: as autoridades estão me pedindo uma declaração de impacto ambiental em razão da inundação proposta. Perguntaram qual é a área que será coberta e entreguei o mapa do Brasil, e não se conformaram quando disse que não possuem jurisdição sobre a determinação de um Ser Supremo.
Vendo que D-us estava atônito, Noé concluiu:
– “Olha, Altíssimo, eu suportei tudo, desde ser chamado de maluco até enfrentar toda a burocracia, mas como se não bastasse, depois disso tudo a Receita Federal bloqueou todos os meus ativos por achar que estou construindo uma embarcação para sair do país sem recolher os impostos. Me desculpe, meu bom D-us, mas se o Senhor realmente quiser seguir em frente com Seus divinos planos, não acho que possa terminar a Arca por mais uns cinco anos, pelo menos.”
Nisso, o céu começou a clarear e com o brilho do sol apareceu um belíssimo arco-íris.
Noé olhou para cima e sorriu, dizendo:
– “Isso quer dizer que o Senhor não destruirá o Brasil?”
E o Altíssimo respondeu:
– “Não, Noé. Isso o governo já fez.”
(Texto de autoria desconhecida que circula na web há algum tempo. Despretensiosamente, alterei aproveitando a ideia inicial).
Imagem: FreeBibleImages
E tem também aquela do cidadão que numa praça gritava esse país é uma m… nada funciona, os políticos são todos corruptos, etc… etc…
Um guarda que ia passando imediatamente deu voz de prisão. Como se atreve a ofender a nossa nação, e desacreditar nossos ilustres líderes. O senhor está preso.
Já na delegacia o guarda relata toda a cena e elogia a sua atitude. Começa o interrogatório.
Nome: Senador Fulano de Tal.
O delegado levanta a cabeça diz…
Que ótimo poder recebe-lo! Com o calor que está lá fora qualquer um começa a ter delírios! Descanse um pouco mais antes de ir embora.
Ao sair o Senador cochicha no ouvido do guarda “tá vendo como esse país é uma m…”
Nilso, meu velho e caríssimo amigo, muito obrigado pela leitura e pelo comentário. Você tem razão, a história remete à criação do mundo e à reclamação dos anjos… Fraterno abraço!
Simplesmente genial. Destruir o Brasil, por ser brasileiro Deus não faria isso, mas que começo a suspeitar que aquela estória da reclamação dos anjos contra Deus quando fez o Brasil, sem vulcões, terremotos, maremotos e ciclones, Deus te dito: “Esperem. Vão ver o povinho que vou colocar naquele belíssimo território”