Até agora, na esteira do Globo de Ouro e das indicações ao Oscar, de uma série de prêmios menores e uma frota de listas dos 10 melhores, um consenso começou a se consolidar em torno dos “melhores filmes de 2022” (entre aspas mesmo), com Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, Os Banshees de Inisherin, Tár, Aftersun e Elvis liderando o grupo de filmes mais premiados do ano passado.
Mas vamos com calma. Continue lendo para ver que um desses títulos também aparece na lista abaixo, um compêndio dos últimos lugares nos rankings dos críticos do Washington Post: filmes que não conseguiram ganhar mais de 2 estrelas.
Muitas vezes é mais divertido ler uma crítica ruim do que uma boa. E, às vezes, é mais divertido assistir a um filme ruim – ou pelo menos polarizador – do que algo que conquistou aclamação universal. No espírito do jornalismo de serviço, aqui vão 22 filmes ruins para você colocar na lista – ou no lixo.
Babilônia
“A energia ofegante começa a ficar cada vez mais forçada (e, para ser sincera, desagradável) quanto mais [o roteirista e diretor Damien] Chazelle se esforça para sustentá-la. [Margot] Robbie oferece um retrato destemido de uma mulher tentando superar as forças que querem domesticá-la, mas é abandonada por uma história que equivale a pouco mais que uma mistura de momentos que, apesar de todo seu alto valor estético e de produção, parecem superficiais e não muito originais. Mesmo os instantes finais de ‘Babilônia’ – concebidos para ser uma celebração do cinema em sua forma mais expressiva e arrebatadora – não conseguem colocar em foco esse material ofuscante”. (Nos cinemas) – Ann Hornaday
The Batman
“Em quase três horas, a mais recente contribuição do diretor Matt Reeves para o interminável ciclo do Homem-Morcego parece determinada a superar até mesmo as visões mais conscientemente sombrias de Christopher Nolan e Todd Phillips. Infelizmente, Reeves – mais conhecido por Cloverfield e adaptações inteligentes dos filmes Planeta dos Macacos – acreditou no mito de que mais sombrio é igual a mais profundo, entregando um filme que é tão pesado quanto complicado e, em última análise, desprovido de riscos significativos”. (HBO Max) – Ann Hornaday
Blonde
“É tudo muito lascivo, com [o roteirista e diretor Andrew] Dominik encenando capítulos imaginários da vida de sua heroína [Marilyn Monroe] em detalhes incrivelmente grosseiros, seja com uma visão especular de dentro de sua vagina ou com seus bebês não nascidos, aqui apresentados como fetos no útero, um dos quais implora para não ser abortado com uma voz de menininha que ecoa o sussurro de Monroe cuidadosamente executado por [Ana] de Armas”. (Netflix) – Ann Hornaday
Até os Ossos
“Os fãs de ‘Me Chame pelo seu Nome’ vão se lembrar da primeira colaboração do [diretor Luca] Guadagnino com [Timothée] Chalamet. É bom que eles saibam que, embora repleto de momentos de beleza surpreendente, este não é aquele filme. Situado nos subúrbios obscenos da sociedade americana, Até os Ossos é um diário de viagem gráfico, muitas vezes desanimador, que parece usar o comportamento mais antissocial como um substituto conveniente para todos os problemas sociais contemporâneos. A ambição parece frágil, na melhor das hipóteses, para um filme que tem algum valor de choque, com seus dois atores principais triturando e devorando suas últimas vítimas infelizes”. (Google Play Filmes e TV) – Ann Hornaday
Com Amor e Fúria
“Quando volta das férias para a realidade, o ex-amante de Sara e melhor amigo de Jean, François (Grégoire Colin), aparece de repente, oferecendo a Jean [Vincent Lindon] um emprego na agência de gestão esportiva que ele está abrindo – e a Sara [Juliette Binoche] uma oportunidade de retomar as coisas de onde tinham parado quando ele a largou e desapareceu, dez anos antes. ‘Quando você ama alguém, nunca acaba’, diz ela. Ah, sério isso? Talvez no 16º arrondissement”. Em francês, com legendas. (Aluguel em várias plataformas) – Michael O’Sullivan
Trem-bala
“O resultado é um filme que é quase constantemente duas coisas ao mesmo tempo: alegre e exagerado, hiperenergético e preguiçoso, revigorantemente refrescante e tristemente copiado. Dirigido por David Leitch, que demonstrou impressionantes habilidades de ação com filmes como Atômica e o primeiro John Wick, Trem-bala faz uma engenharia reversa para satisfazer uma coceira familiar a nomes como Ben Wheatley, Matthew Vaughn, Guy Ritchie e Edgar Wright. Se você quer mais uma variação do tema bem desgastado das carnificinas acompanhadas por diálogos loquazes, Leitch traz uma peça apresentável para uma estrutura cada vez mais carcomida”. (HBO Max) – Ann Hornaday
O Balconista 3
“Quando O Balconista 3 começa, com as marcas registradas da franquia – atuação amadora, humor adolescente e diálogos fúteis sobre cultura pop – Randal (Jeff Anderson) está tendo um ataque cardíaco fulminante, igual ao que [o diretor e roteirista Kevin] Smith sofreu em 2018. Esse episódio o inspirou a fazer um filme de memórias em preto e branco e sem orçamento baseado nas suas experiências e nas de Dante (Brian O’Halloran) no comércio. Esse filme é bem Balconista, com filmagens reais do primeiro filme se passando como filmagens deste (é meio estranho e difícil engolir que O’Halloran e Anderson, agora de meia-idade, pareçam 28 anos mais jovens sempre que a câmera está em cima deles. Talvez sejam os óculos cor-de-rosa da nostalgia)”. (Várias plataformas de streaming) – Michael O’Sullivan
Crimes do Futuro
“Com imagens exageradas e cenas pulsantes de vísceras humanas, Crimes do Futuro claramente quer chocar, bem como fazer referência a ansiedades muito reais sobre tecnologia, genética e degradação ambiental. Mas, à medida que a trama complicada avança, a perversão transgressiva do cineasta David Cronenberg parece cada vez mais forçada. Ele desenvolve um hábito irritante de explicar seu simbolismo por meio de personagens que passam muito tempo vomitando diálogos que são expositivos sem esclarecer muito”. (Prime Video – Assinatura Premium) – Ann Hornaday
Não se preocupe, querida
“O hype antecipado de Não se preocupe, querida foi tão incessante – desde a relação da diretora Olivia Wilde com seu protagonista, Harry Styles, até sua rivalidade no estilo Kabuki com a atriz principal, Florence Pugh, além de alguma coisa envolvendo Chris Pine e Styles no Festival de Cinema de Veneza – que é fácil esquecer que há um filme no centro de tudo. Um filme que não é um desastre, mas não é particularmente notável; um filme que, no final, acabará sendo tão esquecível quanto sua publicidade bizarra”. (HBO Max) – Ann Hornaday
Elvis
“O resultado é uma experiência estonteante, quase alucinatória – como ser jogado numa máquina de lavar e batido impiedosamente por duas horas e meia. Isso não quer dizer que Elvis não forneça momentos de reflexão ou mesmo inspiração genuína. O problema é que eles ocorrem intermitentemente, quando o espectador consegue vislumbrar alguma coisa antes de ser mergulhado mais uma vez no barril da sensibilidade caótica do [roteirista e diretor Baz] Luhrmann”. (HBO Max) – Ann Hornaday
Luta pela Fé: A História do Padre Stu
“Não posso dizer muito sobre as nuances do roteiro da [roteirista e diretora Rosalind] Ross, porque muito do que é falado, pelo menos por [Mark] Wahlberg, é inteligível apenas imperfeitamente, por causa dos murmúrios da estrela do filme (…). É uma atuação que transforma o personagem: de um jovem boxeador musculoso, arrogante e bigodudo que quer ser ator em um moribundo. (HBO Max) – Michael O’Sullivan
O Enfermeiro da Noite
“Dirigido pelo cineasta dinamarquês Tobias Lindholm, roteirista de A Caçada, filme indicado ao Oscar de 2013 e de Mais uma Rodada, vencedor do Oscar de 2020, O Enfermeiro da Noite é estrelado por Jessica Chastain e Eddie Redmayne, artistas de prestígio que juntos tiveram cinco indicações ao Oscar (Chastain ganhou em 2021 por Os Olhos de Tammy Faye, Redmayne em 2015 por A Teoria de Tudo – ambas as vezes, deve-se notar, por retratarem pessoas reais, como fazem aqui). Baseado no livro de não ficção de Charles Graeber de 2013 sobre o assassino em série Charlie Cullen, enfermeiro que em 2004 admitiu ter assassinado vários pacientes durante o serviço, O Enfermeiro da Noite foi adaptado para a tela por Krysty Wilson-Cairns, indicada ao Oscar, junto com Sam Mendes, pelo drama da Primeira Guerra Mundial 1917. É bastante pedigree para o que acaba não sendo muito mais que uma história de crime que normalmente vai direto para o streaming, onde um certo público está esperando, ansioso”. (Netflix) – Michael O’Sullivan
Jurassic World: Domínio
“[O diretor Colin] Trevorrow deixou seu amálgama mais monstruoso para o final: um filme bombástico que prova que a maravilha atemporal e o suspense fervente de Jurassic Park (1993) foram extintos em favor de uma salada ímpia que só quer ser sucesso de bilheteria. Embora o retorno das estrelas desse clássico – Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum, corajosamente dando tudo de si – ofereça alguma nostalgia bem-vinda, não há muito que eles possam fazer para salvar uma falha algorítmica mal calculada que evoca desajeitadamente Missão: Impossível, Caçadores da Arca Perdida e Não Olhe para Cima, tudo ao mesmo tempo. (Telecine) – Thomas Floyd
Sorte
“A animação CGI não é especialmente agradável de se ver, com [a personagem principal] parecendo uma boneca Bratz em tamanho real e os outros personagens, em geral, parecendo que foram produzidos numa impressora 3D. Falta alma para a animação. (Apple TV Plus) – Michael O’Sullivan
Mack & Rita
“É maravilhoso ver mulheres mais velhas na tela. É maravilhoso ver o envelhecimento apresentado como algo que uma mulher mais jovem deseja, mesmo que não entenda muito bem o que vem com isso: dor no joelho, pelos esquisitos no queixo, aquelas caixinhas de comprimidos com as palavras ‘manhã’, ‘tarde’ e ‘noite’ – e mais dor no joelho. Mas ‘Mack & Rita’ simplesmente não consegue vender essa mensagem. [Diane] Keaton, que sabe ser muito, muito engraçada, parece perdida. O roteiro curto de Madeline Walter e Paul Welsh foi recheado com qualquer coisa. (Não está disponível no Brasil) – Kristen Page-Kirby
Case comigo
“É um escapismo alegre e um insulto que beira o desprezo: Case comigo, que foi adaptado da história em quadrinhos de Bobby Crosby pelos roteiristas Harper Dill, John Rogers e Tami Sagher, nunca se recupera totalmente da suspensão da descrença entorpecida que exige dos espectadores mais sensíveis”. (Aluguel no Prime Video) – Ann Hornaday
My Policeman
“Adaptado pelo roteirista Ron Nyswaner, com previsibilidade lenta, do romance de Bethan Roberts de 2012, My Policeman poderia ter sido resgatado por alguém com aquele tipo de presença transcendente que arranca um filme de época enfadonho das profundezas da convenção. Em vez disso, a atuação monótona de Harry Styles desfere o golpe fatal na representação pouco inspirada do filme sobre a homofobia em meados do século, o amor proibido e o ressentimento”. (Prime Video) – Thomas Floyd
Pânico
“Numa exibição recente do novo filme da franquia – codirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, a partir de um roteiro de James Vanderbilt e Guy Busick, de uma forma tão insuportavelmente autoconsciente que parece que o filme está assistindo você, esperando sua reação – alguém na plateia sinalizou seu descontentamento declarando em voz alta, sem rir: ‘Ha. Ha’”. (Telecine) – Michael O’Sullivan
Terror no Estúdio 666
“[O elenco, composto pelos integrantes da banda Foo Fighters,] é um grupo simpático naquilo que parece ser uma espécie de filme caseiro sobre uns caras tentando fazer um álbum enquanto o líder da banda é atormentado por um bloqueio criativo e pelo espírito de alguém que, antes de se matar, abriu um portal para um submundo demoníaco”. (HBO Max) – Michael O’Sullivan
Era uma vez um Gênio
“Mas, no fim das contas e apesar das ambições metafísicas e do ar de romance épico, Era uma vez um Gênio é essencialmente duas pessoas conversando dentro de um quarto, com pausas ocasionais para ilustração. Há momentos em que os espectadores podem ser perdoados por pensar que, se quisessem assistir a duas pessoas extraordinariamente atraentes conversando de roupão, poderiam assistir Boa sorte, Leo Grande pela terceira vez”. (Aluguel no Prime Video) – Ann Hornaday
A Baleia
“No filme Despedida em Las Vegas (1995), Nicolas Cage interpretou um homem determinado a beber até morrer. Aqui, [Brendan Fraser como] Charlie segue o mesmo caminho, só que ele está afogando as mágoas existenciais em baldes de frango frito, barras de chocolate, pizza e chantili. As cenas de comida em A Baleia são encenadas com detalhes horríveis, o design de som ajustado para acentuar cada bocada. O [diretor Darren] Aronofsky e [o roteirista Samuel D.] Hunter deixam pouco para a imaginação, enfatizando que, para Charlie, a comida não é o alimento que dá vida, mas um vetor de compulsão e aniquilação”. (Estreia nos cinemas em fevereiro) – Ann Hornaday
I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston
“Apesar de ter quase duas horas e meia, o filme mal arranha a superfície de sua protagonista celestial e das figuras de sua órbita. Se você tem uma apresentação favorita de Houston, saiba que ela será imaculadamente recriada na tela. As manchetes dos tabloides que a perseguiam também são devidamente abordadas. Mas, mesmo que ‘ Wanna Dance celebre a emocionante interpretação de Houston do hino nacional no Super Bowl XXV – com ela diminuindo o ritmo e se deleitando com o espetáculo – [a diretora Kasi] Lemmons e o roteirista Anthony McCarten claramente não assimilaram essa lição de exibicionismo e aceleram a história de vida do ícone pop até um ritmo frenético”. (Nos cinemas) – Thomas Floyd.
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