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MÚSICA

Crítica: Metallica lança novo álbum ’72 Seasons’; e daí?

19/04/2023

Por Isabella Honório

 

“Metallica fez mais um álbum do Metallica”, publicou o jornal britânico Telegraph, sobre o novo disco da banda. O grupo estadunidense de heavy metal lançou na última sexta-feira (14) seu décimo primeiro álbum de estúdio, ’72 Seasons’. Com músicas longas, ritmo arrastado e sem muita inventividade, o mérito fica apenas para a consistência sonora e estética do disco. A banda, no entanto, entrega mais do mesmo. 77 minutos de “nada demais”.

 

São 12 faixas em torno de um conceito. As 72 estações, ou 18 anos, fazem referência à juventude, período decisivo, conturbado e, no caso do vocalista James Hetfield, marcado pelos vícios. O trabalho chega com os 40 anos da banda e conta com quatro singles – a faixa-título, Lux Æterna, Screaming Suicide e If Darkness Had a Son. A capa retrata um berço quebrado e vários objetos incinerados espalhados pelo chão, que representam a passagem do tempo. A ilustração é de Stan Musilek.

Quem assina a produção e mixagem de áudio é Greg Fidelman. O engenheiro de som já havia trabalhado com a banda anteriormente, no disco anterior ‘Hardwired… to Self-Destruct’. Responsável pela mixagem do ‘Vol. 3′ do Slipknot, em 2004, Fidelman ganhou o Grammy por ’21’, de Adele. O produtor conseguiu entregar um produto consistente, que soa como uma obra completa e bem amarrada. A impressão que fica é que o objetivo da produção, que contou com a participação de James e do baterista Lars Ulrich, foi alcançado, era para soar assim mesmo, por mais que possa desagradar. Faz parte. O que a banda quer fazer não é sempre o que o fã quer ouvir. Apesar disso, a nota 77 no agregador de críticas Metacritic deve querer dizer alguma coisa.

 

O baixo de Robert Trujillo anda meio sumido. O timbre da guitarra de Kirk Hammet não tem peso. Hetfield grita sem muita energia e exagera no auto-tune. Depois de passar pela faixa 72 Seasons, que abre o álbum, vêm Shadows Follow, que conquista pela dinâmica. O videoclipe em animação, com mais de 500 mil visualizações no YouTube em três dias, é um ponto alto – bem MTV anos 2000 (o mesmo vale para o clipe de Crown of Barbed Wire). A quinta música, Lux Æterna, é mais rápida. O solo entra no tempo certo e ela recupera a atenção depois de uma sequência de faixas longas.

 

A última faixa, Inamorata, assusta por seus 11 minutos de duração – uma escolha ousada para encerrar o disco. A faixa poderia ser mais curta, com a parte mais interessante entregue logo no começo, em forma de riff que lembra os primeiros dias do heavy metal. Do meio para o final, a repetição causa um tédio profundo e Lars Ulrich, atacando os pratos por cima da melodia que Hetfield tenta impor, não consegue se encaixar. A letra é formada de rimas óbvias e muito sentimentalismo.

 

 

’72 Seasons’ saiu pelo selo próprio da banda, Blackened Recordings. Sem pressão da gravadora e longe de ver a grana acabar, os membros do Metallica tiveram espaço para experimentar o que desse na telha. Mas não o fizeram. Até o baterista parece saber o porquê. Em entrevista à revista Consequence, Lars conta: “Você tem que achar novas maneiras de se manter engajado. Você se força a encontrar novas formas de fazer isso, pra não cair no piloto automático e ficar preso em uma gaiola”.

 

A pergunta número um que você se faz quando pega um disco para ouvir é “por que escutar esse álbum?” Parece que ’72 Seasons’ não sabe responder. O único atrativo é ser um álbum novo do Metallica. E quem é fã sabe. Se a banda quer continuar repetindo sua fórmula, o melhor que se pode fazer é ir ouvir ‘Kill ‘Em All’ ou o ‘Black Album’ de uma vez. O novo disco parece dar voltas atrás do próprio rabo, e acaba não conseguindo entregar nem a energia do passado nem algo novo que indique que a banda ainda tem algum futuro. Ah, é importante dizer – é um disco do Metallica sem nenhuma balada.

 

Ouça ’72 Seasons’ na íntegra:

 

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(Foto: Divulgação) 

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