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29/03/2024

LITERATURA

Literatura

Cultura dos sebos: comprar livros usados é alternativa econômica e sustentável

 Cultura dos sebos: comprar livros usados é alternativa econômica e sustentável

Por Isabella Honório

 

A venda de e-books e audiolivros – livros no formato digital – quase dobrou no Brasil no período da pandemia, passando de 4,7 mi de unidades em 2020 para 8,7 mi em 2021, de acordo com uma pesquisa feita para a Câmara Brasileira do Livro e para o Sindicato Nacional dos Editores de Livros. Apesar do aumento, não é incomum escutar por aí que “nada substitui o cheiro do papel” ou que “a parte legal de ler é passar as páginas e sentir a textura da capa”. Para os leitores que não abandonam a mídia física, os sebos, ou livrarias de usados, são uma opção não apenas de consumo barata e sustentável, mas também, uma experiência.

Ao caminhar pelo centro da cidade de Leminski e Trevisan, é impossível não se deparar com os sebos. Pequenos comércios tomados por pilhas de livros, CDs e discos de vinil, onde pessoas de todas as idades entram para garimpar. Para Murilo Roberto, proprietário do Sebo Urucum, a cultura dos sebos inclui diversos tipos de público. “Os clientes que vêm aqui buscam temas bem alternativos […] O público têm todos os perfis. A grande saída de livros vêm de um pessoal mais velho, mas também tem quem busca livros de escola, que os pais indicam. Tem pessoas que já tem essa cultura desde pequenos, mas tem quem entra porquê viu um livro interessante lá fora”, conta Murilo.

Como pequenos portais para o passado, essas livrarias são uma oportunidade de incentivar a leitura e apresentar autores e títulos a diferentes públicos. O hábito de trocas, por exemplo, permite a circulação de obras de forma ecológica, sem criar a necessidade de novas impressões e gasto de papel. Murilo destaca que o importante é não deixar nada parado na estante. “Você não dá fim em uma cultura, você renova essa cultura para outras pessoas”, diz ele.

 

Sem sair de casa 

A internet tem sido uma ferramenta fundamental para a sobrevivência destes pequenos negócios, principalmente em um mundo pós-pandêmico. Para o proprietário do sebo Urucum, mesmo com a diminuição do fluxo nos espaços físicos, ferramentas de e-commerce facilitam a ponte entre vendedores e compradores. “Hoje a internet ganhou uma proporção muito legal. Têm diversos aplicativos de vendas online, como Mercado Livre, Shopee e Estante Virtual, que ajudam com as nossas vendas online. Acessamos não só a população de Curitiba, como também o público de fora”, relata.

Ao criar uma conta nesses aplicativos, usuários comuns também podem anunciar livros que estão parados em casa e fazer uma grana extra. É o caso do app brasileiro Enjoei, que permite a venda de itens variados e é conhecido no mercado de consumo colaborativo. Ao abrir uma lojinha, o vendedor entra em contato direto com os compradores interessados, que podem negociar o valor.

 

Achados 

A riqueza – e aleatoriedade – do acervo é um dos maiores diferenciais dos sebos. Livros de diferentes épocas e idiomas se misturam nas prateleiras, fazendo o “rato de sebo” se perguntar como aquela obra chegou até ali. A estudante universitária e frequentadora de sebos, Ana Júlia Mendes, lembra que foi atraída a comprar livros usados pelos preços mais baixos, mas acabou se apaixonando pela cultura e estética que encontrou. “Nesses lugares você pode encontrar livros desconhecidos. Você chega e passeia pelo sebo. Quando você compra em sebos na internet, é pelo preço, mas ir até o sebo é pela energia”, conta ela.

Essas livrarias também carregam memórias afetivas. Ana Júlia conta que tem o hábito de passar tardes nos sebos com os amigos. “Também é legal quando o livro era de outro dono, e você encontra anotações nas páginas, aí você pode ver o que outra pessoa pensava sobre o livro que você comprou”, ressalta a estudante. Além disso, os livros antigos são uma boa pedida não só pelo conteúdo, mas também para deixar a estante com um aspecto vintage. “Livros velhos são bonitos […] Encontrei dois livros que eu queria nas versões antigas, de capa dura. São meus favoritos”, brinca Ana Julia.

E para quem quer explorar esses estabelecimentos, o proprietário do sebo aconselha – não se pode ter preguiça de garimpar. Diferente de livrarias convencionais, os estabelecimentos costumam ser menores e mais bagunçados – um charme à parte. “Para quem gosta de um sebo raiz, essa é a pegada – deixar que o livro encontre a pessoa”, finaliza Murilo.

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(Foto: Isabella Honório)

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