Pular para o conteúdo

HojePR

Curitiba: 330 anos em história, desenvolvimento e personalidades

29/03/2023

Por Jaine Vergopolem

 

Dia 29 de março de 2023, dia de meu aniversário de 330 anos – sou eu quem chamam de Curitiba. Entre uma tarde de início do outono, inquieta para definir seu tempo – será que hoje chove também? Pergunta diária por aqui –, chega a decisão para fazer algo… explorar um dos locais mais conhecidos da cidade: o Passeio Público. Um verdadeiro tesouro curitibano, localizado no coração da cidade, em meio a vários prédios e edifícios históricos.

 

Ao entrar no parque, a recepção é feita pela visão de um grande lago, cercado por patos, e com peixes coloridos nadando tranquilamente. O som dos pássaros ecoa pelo ar, criando uma trilha sonora natural. Ao redor do lago, várias pessoas passeiam com seus cães ou simplesmente descansam nos bancos. Aos poucos, todo o silêncio e calmaria é brevemente interrompido pela passagem do ônibus ligeirão Santa Cândida – Capão Raso, na via expressa que passa bem ao lado do parque.

 

Por vezes vista como uma cidade demasiada diversa, movimentada, acolhedora aos artistas, destaque em riquezas e belezas, também posso ser um pouco misteriosa e sombria. Movimentada e com forma desconstruída, dizem que lembro um pouco a personalidade da capital paulista, a cidade de São Paulo. Através destas opiniões colhidas entre o percorrer deste passeio, passemos a encerrar e abrir para outras conversas, agora só vocês.

 

Em história e memória

Gabriel Serratto Paris, Diretor de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba, conversa com o HojePR sobre a história e o desenvolvimento social, político, econômico e humano da cidade de Curitiba.

 

Curitiba tem um processo de evolução em diversas frentes. A cidade destaca-se pela singularidade do crescimento derivado de ciclos econômicos da história do Brasil. Nasce como um caminho, cria-se a Câmara Municipal em 1693, cresce como um local de invernadas, e vira um ponto para a plantação de erva-mate.

 

Torna-se capital da província em 1853 e vira um grande atrativo, que reflete na criação de pontos históricos, como a estação de trem, especialmente para atender a Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, obra dos Irmãos Rebouças (1885), o Passeio Público como espaço de sociabilidade (1886), o Paço Municipal (1916), edificado em cima do antigo Mercado Municipal e desenho de um prefeito engenheiro, Cândido de Abreu.

 

 

Em razão dessas circunstâncias Curitiba cresce, evidentemente alinhada a planejamentos desde 1894, como demonstram plantas no acervo da Casa da Memória. Com isso, criou-se uma cultura de pensar o urbanismo, em 1913 com Cândido de Abreu, nos anos 1940 temos o Plano Agache e depois, caracterizada com o Plano Diretor de Jaime Lerner, na década de 1970. Os famosos ônibus ligeirão e as vias rápidas do transporte público dão as caras aqui.

 

Após esse período, a expansão do planejamento deriva-se da atuação de secretarias específicas em cuidar do espaço urbano, sendo assim, de responsabilidade pública, exemplo disso é a criação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), a Fundação Cultural de Curitiba (1973) e as diretrizes da Secretaria Municipal de Urbanismo.

 

 

Depois dessa geração, temos como destaque os anos de 1990, onde descentraliza-se a Prefeitura e dá acesso por toda cidade com a criação das ruas da cidadania – planejadas para serem próximas aos terminais de ônibus –, onde o foco é concentrar os serviços da prefeitura. Assim, conseguiu-se descentralizar as ações e dar muito mais acesso por toda a cidade, além de espaços como Faróis do Saber enquanto bibliotecas públicas, a criação da Fundação de Ação Social e demais ações que vemos até hoje.

 

Quem é, quem era?

Durante alguns períodos históricos de Curitiba, ela tomou alguns apelidos por jornais, que na época ficaram famosos. Mas, afinal, quem são os curitibanos e como definir essa ‘senhora-lar’, que completa 330 anos hoje e é chamada de Curitiba?

 

Nos anos de 1910, segundo o jornal “A Bomba”, Curitiba era uma “Princesa Descalça”, devido a ser divulgada como uma cidade linda, porém, ainda sem calçamento para a população. Em meados dos anos 1930 “Cidade Sorriso”, derivado de uma visita do jornalista sergipano, Hermes Fontes, no ano de 1929, que ficou encantado pelas pessoas daqui.

 

Na década de 1950, a jornalista Raquel de Queiroz, revista O Cruzeiro, definiu que “Curitiba dá a impressão de uma menina que cresceu demais e já não cabe na roupa”, demonstrando uma cidade que lidava com os problemas de uma nova metrópole, resolvidos nas décadas seguintes e com demais planejamentos urbanos.

 

 

Mas e hoje em dia? Gabriel Serratto Paris, Diretor de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba, fala que “atualmente, cabe à população definir seu apelido”. Falando com a população, o HojePR conseguiu algumas possíveis definições.

 

A cidade de Curitiba tinha uma população estimada pelo IBGE, em 2021, de 1.963.726 pessoas. Entre essas diversas personalidades, falar que o curitibano é turista na sua própria cidade seria exagero? Talvez não para a maioria das pessoas que encontramos nas ruas, no trabalho, nas escolas, faculdades e estabelecimentos comerciais variados.

 

Muitas pessoas confirmam que o curitibano é um povo mais retraído. Apenas não concordam que todos sejam assim. Até os próprios curitibanos concordam que existem pessoas de várias formas por aqui. “Eu acho que tem muito preconceito, mas eu acho que existe uma diversidade. Tem conservador e fechado, mas também tem o grupo alternativo”, diz Isabel Jasinski.

 

Ronaldo de Souza, vendedor de livros, nos conta que pela sua banca passam pessoas de vários lugares e muito diversas. Segundo ele, na semana passada, no Largo da Ordem, estava entre um grupo de pessoas que não eram curitibanas. Um deles estava vendendo livros, mas estava com muita dificuldade. Pela falta de atenção, já ficou dizendo que o ‘curitibano é tudo assim mesmo’. E depois, alguém reclamou dele porque pensou que ele era curitibano. “Aí eu fiquei pensando, a fama de Curitiba, às vezes, se deve às pessoas que não são daqui”, diz Ronaldo.

 

Leia outras notícias no HojePR.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *