Curitiba é uma das dez melhores cidades do Brasil para se empreender. É o que aponta a pesquisa do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) de 2023, produzida anualmente pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) do governo, com apoio da Endeavor. O levantamento leva em conta itens como ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação e cultura empreendedora.
Além de capital humano, o ICE avalia as condições de ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação e cultura empreendedora. Curitiba tem boas colocações no acesso a capital (3º) e inovação (10º). No levantamento aparecem, ainda, Maringá (20º), Londrina (23º), São José dos Pinhais (26º) e Cascavel (30º).
O ICE é o principal raio X do ambiente de negócios no Brasil. Ele avalia os 101 municípios mais populosos do País desde 2014. A pesquisa apontou que as 10 melhores cidades do Brasil para empreender são: São Paulo, Florianópolis, Joinville, Brasília, Niterói, Boa Vista, Curitiba, Rio de Janeiro, Macapá e Goiânia.
Desse grupo, apenas Florianópolis está no Top 10 dos municípios com melhor capital humano. Depois da capital de Santa Catarina, as cidades com melhor capital humano são Vitória (SC), Santa Maria (RS), Porto Alegre (RS), Bauru (SP), Vila Velha (ES), Limeira (SP), Niterói (RJ), Teresina (PI) e Santo André (SP).
Os dados da pesquisa foram apresentados na tarde desta segunda-feira (27), em cerimônia com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
São Paulo lidera o ranking geral das melhores cidades para empreender no Brasil, mas ficou de fora do topo da lista dos 10 municípios com melhor capital humano.
Maior centro financeiro e mais rica cidade do Brasil, São Paulo está apenas na 52ª posição nesse quesito, de acordo com o ICE. O capital humano é um dos sete fatores que são analisados pela pesquisa para fazer o ranking geral. Segundo Arnaldo Mauerberg Junior, um dos pesquisadores que elaborou o ICE, o capital humano é uma forma de mensurar a qualidade da mão de obra numa determinando cidade. Ele explicou que o foco usado nos dados são indicadores na área de educação básica e fundamental, superior e níveis de mercado de trabalho.
Entre esses indicadores, estão o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), as notas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), a proporção de adultos que concluíram o ensino médio, taxa de adultos que terminaram o curso superior, proporção de cursos com nota 5 no Enade (ferramenta de avaliação dos cursos superiores) e o custo médio dos salários dos dirigentes. Segundo ele, esse último indicador tem um efeito inverso no ICE, porque quanto maior o salário dos dirigentes menor é o incentivo para a pessoa empreender no município.
O pesquisador explicou que o que acaba penalizando São Paulo é o custo dos salários dos dirigentes, o maior do País. De acordo com ele, no caso de São Paulo é menos por conta dos indicadores educacionais propriamente ditos, já que capital paulista está entre os 30% melhores do País.
“Um dos grandes avanços que a análise econômica passou nas últimas décadas foi o reconhecimento da importância do capital humano para o desenvolvimento econômico”, destacou Luciano Rossini, consultor que também participou da organização da pesquisa. Nesse aspecto, Florianópolis, Vitória e Santa Maria são diferenciadas, tanto pelo acesso de qualidade à mão de obra básica quanto especializada.
De acordo com o ICE de 2023, os estudos mostram que a maior abundância de capital humano nas cidades pode impactar positivamente o empreendedorismo, de três formas: 1) aumentando a chance de êxito nas empresas, pois é mais provável que o empreendedor seja mais capacitado na gestão do negócio; 2) alocando recursos e coordenando atividades de forma mais eficiente; 3) ampliando as redes de relações sociais que se organizam no desenvolvimento do empreendedorismo.
O maior nível de educação formal nas cidades e presença de escolas de negócios estão positivamente atrelados à criação de empreendimentos de maior crescimento. As cidades que conseguem ter maior percentual de adultos com curso superior apresentam maiores taxas de empreendimentos inovadores.
“Um dos papéis da Enap é produzir conhecimento para aprimorar a gestão pública. Por isso, a produção do ICE é relevante para que gestores (especialmente locais) identifiquem áreas que estão bem desenvolvidas e outras que precisam ser aprimoradas para o impulsionamento do empreendedorismo no Brasil”, diz a presidente da Enap, Betânia Lemos.
Salto
Brasília, Boa Vista e Aparecida de Goiânia disparam no ranking de 2023. Foram os que mais subiram posições no último ano. Brasília saiu de 69º para 4º lugar; Boa Vista de 47º para 6º; e Aparecida de Goiânia de 65º para 35º, no intervalo de um ano.
No caso de Brasília, a subida no ranking geral se deve, principalmente, às melhorias registradas no ambiente regulatório, como a redução da alíquota interna do ICMS, e à simplificação burocrática (diminuição de tempo gasto com processos), questões que afetam diretamente a capacidade de empreendedores abrirem e manterem seus negócios, assim como de torná-las rentáveis.
O expressivo ganho de posições de Boa Vista, capital de Roraima, está relacionado ao item cultura empreendedora, ou seja, no interesse das pessoas e das instituições do município pelo empreendedorismo.
Aparecida de Goiânia, em Goiás, foi a cidade do interior com maior ascensão no ICE de 2023. Os principais motivos foram a melhoria no ambiente regulatório e na cultura empreendedora – houve redução no tempo de tramitação de processos, diminuição da taxa de congestionamento em tribunais, ampliação da simplicidade tributária e maior interesse da população local no empreendedorismo.
As 10 melhores cidades para empreender no Brasil
1. São Paulo
2. Florianópolis
3. Joinville
4. Brasília
5. Niterói
6. Boa Vista
7. Curitiba
8. Rio de Janeiro
9. Macapá
10. Goiânia