O processo eleitoral desse ano vai ficar marcado pela quantidade absurda de pesquisas eleitorais medindo o humor do eleitorado. Na corrida presidencial, por exemplo, não ficamos três dias sem receber uma nova avaliação do desempenho dos candidatos.
Esse exagero acabou criando uma desconfiança generalizada em relação aos índices apresentados pelos institutos, já que os levantamentos sempre mostraram resultados muito diferentes.
Dependendo da empresa, e muitas vezes do contratante, a diferença entre Lula e Bolsonaro, os dois candidatos que, de fato, disputam a presidência, aparecia em dois dígitos, em outros em apenas um, assim como, em vários momentos, o candidato do PT aparecia na frente, em outros era Bolsonaro que liderava. Uma verdadeira lambança.
Não há como, diante de tamanha discrepância, confiar nos resultados das pesquisas eleitorais. Esperava-se que nesse ano os institutos corrigissem os erros cometidos nas últimas eleições, quando divulgaram resultados, ao longo da corrida eleitoral, que não só não se confirmaram, como ficaram extremamente distantes dos resultados finais.
Na disputa entre Dilma Roussef e Aécio Neves, por exemplo, um instituto contratado pela extinta revista Época, cravou que Aécio venceria aquela eleição com 54% dos votos. Com as urnas fechadas, Dilma se reelegeu com 51,64% dos votos.
Vale lembrar ainda que, na mesma eleição de 2014, os maiores institutos de pesquisa do país apontaram, ao longo de toda a campanha, que a então candidata do PSB, Marina Silva, disputaria o segundo turno com Dilma Roussef. Há quatro dias daquela eleição, o Datafolha ainda apostava em Marina.
Em 2018 não foi diferente. Na véspera da eleição, Ibope, Datafolha e Ipespe previam que Bolsonaro teria 36% dos votos. Ele acabou com mais de 46%.
Neste ano, a chance de que os erros se repitam é enorme. A exagerada quantidade de pesquisas, onde os resultados de um instituto não combinam com o de outro, não traz qualidade nem tampouco confiabilidade ao processo eleitoral.