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SAÚDE

Dia Mundial de Combate a Dor: 5 fatos a se considerar sobre dor crônica

17/10/2022
dor

A dor, no geral, é reconhecida como um sinal de alarme que nosso corpo envia para nos proteger. No entanto, quando se prolonga por três meses ou mais, a dor é considerada crônica e deixa de ser uma medida de defesa para se tornar uma doença que reduz a qualidade de vida dos pacientes, afetando seus bem-estar físico, psicológico e social.

No marco do Dia Mundial de Combate à Dor, o anestesiologista especialista em dor crônica e em cuidados paliativos, João Garcia, vice-presidente da Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), destaca alguns dados essenciais para entender a doença. Confira:

 

1) A dor crônica é uma doença em si

Recentemente, a dor crônica primária foi incluída na última versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Para o especialista, esse “é um passo muito grande dado pela medicina moderna para aumentar o bem-estar dos pacientes através de uma melhor formação nas universidades e do desenvolvimento de mais pesquisas”.

 

2) É um dos principais motivos de consulta médica

Entre as causas mais comuns que levam um paciente com dor a consultar um especialista estão a osteoartrite, dores nas costas e dores de cabeça. O contato inicial geralmente é feito com médicos da atenção primária e medicina interna, razão pela qual “é essencial que os profissionais dessas áreas tenham treinamento adequado para avaliar, diagnosticar, administrar e tratar a dor em tempo hábil”, diz o Dr. Garcia.

 

3) A dor crônica pode ser incapacitante

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o impacto da dor crônica é significativo, dado que uma a cada três pessoas perde a capacidade de realizar suas atividades diárias normalmente. É o caso do médico peruano Yuri Echegaray, que, devido à dor crônica que o aflige há 30 anos, diminuiu suas habilidades motoras e o desempenho de atividades cotidianas, inclusive no trabalho. “A dor crônica nos joelhos me impediu de praticar esportes como fazia antes e, no trabalho, me fez adotar posições anormais que também me causaram dores na coluna”, conta.

 

4) O acesso a seu tratamento é um direito humano

É o que afirma a Organização Mundial da Saúde. Alinhada à OMS, a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, na sigla em inglês) determina que cada pessoa sente dor de maneira única e particular, e por isso é importante que a abordagem da doença seja personalizada e multidisciplinar, de acordo com as necessidades de cada paciente, para assegurar a melhora integral de sua saúde e um menor impacto na vida da pessoa.

 

5) Sua avaliação correta e oportuna é essencial para proporcionar alívio ao paciente

Uma vez que a complexidade dessa condição não pode ser vista, definida ou sentida pelo médico que a diagnostica, a avaliação da dor crônica requer uma história clínica completa e detalhada, exames clínicos minuciosos e o uso de escalas de autoavaliação da dor, como a Escala Visual Analógica (EVA). Isso permitirá ao especialista estimar a intensidade da dor descrita pelo paciente para fornecer um diagnóstico e tratamento adequados.

 

Especificamente no Brasil, o dr. João aponta que ainda existem muitos desafios no combate à dor dos pacientes brasileiros. “A falta da ênfase no estudo da dor por parte dos alunos e residentes de medicina e a defasagem do hall de medicamentos para a dor no SUS são alguns exemplos do que precisamos melhorar para podermos celebrar de fato o Dia Mundial de Combate à Dor no Brasil. Apesar disso, a data em si é muito importante para ampliar a conscientização sobre esse problema, que afeta ao menos 37% da população brasileira”, enfatiza o doutor. Em escala mundial, o problema afeta mais de 30% da população, o que equivale a aproximadamente 2,4 bilhões de pessoas.

Em relação à América Latina, o Dr. João Garcia, que é ex-presidente da Federação Latino-Americana de Associações para o Estudo da Dor (FEDELAT), conta que estão sendo realizadas iniciativas entre instituições e países para promover a atenção à dor crônica, como o Primeiro Consenso Latino-Americano sobre Dor Crônica, para que haja a “melhora da oferta de recursos que facilitem o treinamento e pesquisa em benefício do tratamento do paciente por meio do apoio dos governos e seus respectivos sistemas de saúde”.

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