Aos 15 anos, a jovem Daniela de Miranda Pombo já pode se dizer escritora e ilustradora. A partir de cartazes feitos por ela mesma, a estudante do nono ano do Colégio Santo Anjo criou um livro para lançar luz sobre o tema do bullying. A data de 20 de outubro simboliza o Dia Mundial do Combate ao Bullying e o material feito pela Daniela está sendo usado na escola para debater o assunto.
“No ano passado comecei a prestar atenção nos cartazes sobre bullying espalhados pelos corredores da escola. Vi que eles tinham desenhos, por isso me interessei, mas não tinham nenhuma cor. Então resolvi criar novos cartazes a partir do meu próprio olhar”, conta Daniela, que sozinha desenvolveu suas habilidades de ilustração. Ela destaca que, nesse período, passou a observar o comportamento dos colegas para traduzir no papel assuntos como autoestima, respeito e depressão.
A jovem, que no futuro pretende estudar psicologia, demonstra o quanto se importa com o bem-estar coletivo. “Faço questão de ser uma boa ouvinte e aconselhar meus amigos. Gostaria que meu projeto chegasse a quem já sofreu e também a quem já provocou situações de bullying”.
A orientadora educacional Dora Lúcia Cotrim Alcântara, que acompanhou a produção dos cartazes de Daniella, percebeu que o projeto poderia se tornar um material de uso diário e propôs a criação do caderno-livro. “Perguntei se ela gostaria de ser minha parceira na orientação. Ela inclusive sugeriu que eu levasse a conversa sobre esse tema para sua turma”.
O livro tem sido utilizado para debater o tema em turmas de diversos anos e também em conversas individuais. “Foi um material que me aproximou muito mais dos estudantes. Eles acham incrível que uma aluna tenha feito tudo aquilo. Algumas meninas chegaram a pedir novos desenhos para a Daniela”, celebra Dora.
O que caracteriza o bullying?
Segundo a Lei n.º 13.185/2015, caracteriza-se intimidação sistemática (bullying) todo ato intencional e repetitivo de violência física ou psicológica de intimidação, humilhação ou discriminação em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes.
O Artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que “é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”.
Neste sentido, é papel da escola e da família observar comportamentos que possam indicar que uma criança ou adolescente esteja sofrendo ou praticando essas intimidações. “É importante compreender a situação e acolher esses jovens. No caso daquele que provoca o bullying, ao invés de entrar com medidas disciplinares de imediato, procuramos alinhar a situação com a família”
Os reflexos da intimidação
Segundo a mais recente Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, realizada em 2019 pelo IBGE com o apoio do Ministério da Educação (MEC), 23% dos estudantes afirmaram terem se sentido humilhados pelos colegas duas ou mais vezes somente nos 30 dias anteriores à pesquisa. Perguntados sobre o motivo das intimidações, destacaram-se a aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%).
As vítimas do bullying podem sofrer consequências graves para a saúde, como depressão, ansiedade, agressividade e doenças de fundo emocional, além de provocar traumas e dificuldades de socialização.
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