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Disputa ao Senado ficará entre a direita e o centro-esquerda

24/08/2022

Ao que tudo indica a disputa pelo Senado não sairá mesmo do campo de Alvaro Dias (Podemos) contra Sérgio Moro (União Brasil). A pesquisa do do IPEC, divulgada pela RPC, mostrou que os demais candidatos não estão conseguindo furar a bolha e muito menos grudar na popularidade dos candidatos à presidência em seu campo ideológico.

Se não houver surpresas, Moro absorverá os eleitores bolsonaristas paranaenses. Isto fica claro quando se olham os números e se percebe que os candidatos Paulo Martins (PL) e Aline Sleutjes (Pros) – bolsonaristas raízes-  não são a escolha dos eleitores de Jair Bolsonaro (PL). O presidente cresce cada dia mais no Estado e tem a preferência de 41% do eleitorado. No entanto, essa popularidade não é transferida para Paulo Martins, o qual ungiu como seu candidato ao Senado.

O eleitor bolsonarista está preocupado em eleger o presidente e pôr alguém no Senado, cujo discurso seja convergente com seu modo de pensar. E o marketing de Moro tem captado essa visão, fazendo materiais que conectem os bolsonaristas com o ex-juiz.

Outro ponto é que a máquina das mídias sociais do presidente não trabalha para promover Paulo Martins, como tem acontecido em outros estados, onde Bolsonaro apoia alguns candidatos. No Paraná, a turma ligada a Carlos Bolsonaro (PL) foca no repasse das conquistas feitas por Bolsonaro, buscando disseminar ao máximo apenas o presidente.

Martins poderá explorar alguns vídeos com Bolsonaro ao seu lado, mas vai precisar ampliar o alcance desse material para chegar a população. Porém, pesa contra ele o fato que não possui capilaridade além das suas redes sociais e que ficou sem tempo no horário eleitoral, com apenas 28 segundos para vender seu peixe, durante 20 dias que tem direito como candidato ao Senado. Pode até ser que consiga furar a bolha, mas vai ser um trabalho muito difícil suplantar Moro ou Alvaro Dias em pouco tempo.

No campo da esquerda, não há candidato forte o suficiente para captar o pouco mais de 30% do eleitor de Lula (PT). Rosane Ferreira (PT/PV) não converge com a militância de esquerda. A base petista não a vê como um deles. E, portanto, não vai subir muito nas pesquisas. Talvez a candidata Desiree Salgado seja uma pessoa que consiga atrair votos do campo de esquerda por seu trabalho na defesa do direito das mulheres, bem como a luta de gênero. Desiree pode ser a candidata que, ao perder a disputa ao Senado, saia maior que entrou, por ser um política com argumentos e conteúdo.

Ao ficarem órfãos, os eleitores de esquerda talvez sejam mais pragmáticos do que fiéis ao modus de pensar. Na ala da esquerda, o inimigo no Senado é o ex-juiz Sérgio Moro, por causa de seu trabalho na Lava-Jato e a prisão de Lula. E na escolha na urna , Alvaro Dias seria o nome para tirar Moro do Senado.

Nos bastidores se fala abertamente que Alvaro teria um acordo branco com a esquerda, em especial com Roberto Requião (PT), para ajudar a elegê-lo ao Senado. O senador do Podemos teria o apoio de uma parte da esquerda disposta a tê-lo como aliado, por saber que Alvaro toparia em ser menos agressivo do que Moro seria no Senado.

E provavelmente, essa simpatia da esquerda por Alvaro deverá ser focada pela turma de Sérgio Moro. Esse fato faria que os bolsonaristas arfassem as bandeiras para impedir que o petismo emplacassem um candidato, que na visão da turma mais radical da direita, seria um “lobo em pele de cordeiro”.

* A pesquisa está registrada no Tribunal Superior eleitoral com o número BR‐05619/2022 e ouviu 1.200 pessoas em 57 cidades paranaenses. Com margem de erro de três pontos para mais ou menos, o intervalo de confiança é de 95%.

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