O dólar abriu a sessão desta quinta-feira (3) com forte queda de 1,21%, a R$ 5,6280.
É a primeira vez que a cotação da moeda americana vai a tal patamar desde meados de outubro de 2024.
Os mercados globais repercutem o tarifaço de Donald Trump, que promete balançar as bolsas de valores globais ao longo de todo o pregão.
Às 09h27, o dólar à vista tinha queda de 1,21% ante o real, a R$ 5,629.
Na quarta-feira (2), o presidente dos Estados Unidos anunciou uma nova leva de tarifas recíprocas a países quem impõem impostos de importação a produtos americanos. A medida levou em consideração um cálculo de reciprocidade, que incorpora, além das taxas tradicionais, elementos de manipulação cambial e barreiras não tarifárias. O Brasil ficou no grupo dos países taxadas com o piso mínimo de 10%, junto ao Chile, Colômbia e Reino Unido. Mas há quem tenha sido mais afetado: as importações chinesas, por exemplo serão taxadas em 34% pelos EUA; as vindas do Vietnã, em 46%.
O tarifaço de Trump aumenta os receios de recessão nos Estados Unidos, o que leva o dólar a uma tendência de enfraquecimento global. O índice DXY, que mede a moeda americana contra outras seis divisas fortes, cai mais de 2%, também na mínima desde outubro de 2024.
“As tão temidas tarifas de Donald Trump foram, aparentemente, vistas pelos investidores como mais agressivas do que o esperado. O presidente norte-americano impôs as tarifas mais altas em um século, gerando ameaças de retaliação”, destaca a Ágora Investimentos em relatório.
Os temores de uma recessão nos EUA estão pesando sobe as commodities. O petróleo cai mais de 5% no exterior, enquanto o minério de ferro tem leve desvalorização – isso pode conter o impacto da desvalorização do dólar contra o real em alguma medida ao longo da sessão.
O impacto das tarifas de Trump no mercado
O tarifaço de Trump deve balançar os mercados globais nesta quinta-feira (3). Antes da abertura do pregão, os índices futuros de Nova York desabavam mais de 3%, e as ações da Apple (AAPL34), que fabrica a maioria de seus iPhones na China, caíam 7%. As bolsas europeias e asiáticas também não escaparam: Nikkei, no Japão, recuou 2,77%, enquanto a baixa em Hong-Kong, na China, chegou a 1,52%; a bolsa de Paris, na França, despenca 2,30% nesta manhã.
A reação negativa se deve ao tom mais agressivo do que o inicialmente esperado pelo mercado. Os números surpreenderam e restam dúvidas se essas novas tarifas dos EUA vão se somar a outras já em vigor, como as de aço e alumínio.
Especialistas americanos temem danos globais maiores que os da crise tarifária de 1930. Naquele ano, a Lei Smoot-Hawley elevou tarifas de importação sobre mais de 20 mil produtos para proteger a economia durante a Grande Depressão, mas, em vez de ajudar, a medida desencadeou retaliações de outros países. Hoje, as importações representam 15% do PIB do país — cinco vezes mais que em 1930, o que amplia o impacto de medidas protecionistas.
Para Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset, se o processo tarifário encerrasse aqui, o primeiro impacto seria inflacionário, com aumento de custos e redução nas transações comerciais, afetando o crescimento global. Mas não dá para dizer se este é o último capítulo, dado que a reação dos países atingidos ainda pode adicionar mais volatilidade no cenário.
“Se houver negociações para reduzir tarifas, os EUA podem até sair beneficiados. Mas, se houver escalada, o resultado tende a ser negativo para todos. No caso do Brasil, embora haja impacto, o País foi relativamente poupado, com tributação leve e inclusão na regra geral — o que torna o efeito negativo mais brando no comparativo global”, diz.
Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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