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28/04/2024

POLÍTICA

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Eleições 2024: Bolsonaro bagunça o xadrez político do Paraná

 Eleições 2024: Bolsonaro bagunça o xadrez político do Paraná

A provável entrada do ex-governador Beto Richa no PL é apenas um capítulo, entre outros, de uma espécie de vingança que o ex-presidente Jair Bolsonaro resolveu lançar contra o governador Ratinho Junior. O HojePR ouviu várias fontes, entre elas pessoas próximas ao ex-presidente, além de especialistas no jogo eleitoral que normalmente ficam nos bastidores, mas tem extrema habilidade para decifrar e explicar os movimentos adotados por Bolsonaro e seus aliados para que esse objetivo fosse alcançado.

 

Para entender os lances dessa intrincada operação é preciso voltar alguns dias, mais precisamente para 25 de fevereiro, dia escolhido por Bolsonaro para uma manifestação a seu favor na avenida Paulista, em São Paulo.

 

O ex-presidente pretendia dar uma demonstração de força política, não apenas levando uma multidão para a avenida, mas enchendo o palanque com um grande número de políticos. Bolsonaro queria que todos os governadores que foram eleitos, ou reeleitos, por meio da coligação que sustentou sua candidatura em 2022 estivessem presentes. Ratinho Junior foi um deles e sua ausência no ato teria desagradado Bolsonaro. Esse teria sido o estopim para os movimentos do ex-presidente e de alguns aliados do PL.

 

 

A troca de domicílio eleitoral de Michele

O primeiro movimento de Bolsonaro foi decidir, na esteira da deputada por São Paulo, Rosângela Moro, que sua esposa, Michele, trocaria seu domicílio eleitoral para o Paraná.

 

Na sequência, um segundo movimento: Bolsonaro teria avisado o ex-deputado Paulo Martins, candidato natural do partido, que a decisão estaria tomada e Michele será a candidata do PL ao Senado em uma eventual cassação do senador Sergio Moro.

 

Fontes do HojePR atribuem essa decisão ao fato de Paulo Martins estar ocupando um cargo no primeiro escalão do governo de Ratinho Junior.

 

A reação do ex-deputado, que foi o segundo candidato mais votado na última eleição para o Senado, perdendo justamente para Moro, foi rápida. Nesta quarta-feira (13) ele anunciou que deixaria a presidência do PL em Curitiba. No início da noite, o Podemos convidou Martins para se filiar ao partido.

 

 

Prefeita de Ponta Grossa deixa o PSD

Outro movimento de Bolsonaro, que pouca gente notou, foi em Ponta Grossa. Nesta quarta-feira, a prefeita Elizabeth Schmidt esteve em Brasília com o presidente do PL, Valdemar Costa, onde anunciou a entrada no partido do ex-presidente.

 

A mudança casou surpresa, no entanto, uma das fontes ouvidas pelo HojePR entregou a razão. Em reunião ocorrida nesta terça-feira (12), o governador Ratinho Junior teria comunicado a prefeita que não apoiaria sua reeleição. Ratinho teria avisado, ainda, que o candidato do PSD à Prefeitura de Ponta Grossa seria o seu secretário da Inovação, Modernização e Transformação Digital Marcelo Rangel, que já foi prefeito da cidade. Bolsonaro agiu rápido e não apenas ofereceu o PL à prefeita, mas a garantia da sua candidatura a reeleição.

 

O deputado federal Filipe Barros participou do encontro entre o presidente do PL e a prefeita de Ponta Grossa. Mais abaixo mostraremos que o deputado londrinense é um importante personagem nessa equação toda. O deputado estadual Tiago Amaral (PSD), candidato a prefeito de Londrina, também estava na reunião, indicando que o partido do governador pode perder mais quadros.

 

Rangel não terá vida fácil em Ponta Grossa. Em 2022, no segundo turno, Bolsonaro teve mais de 130 mil votos na cidade, o equivalente a 65% dos votos válidos. Esse capital eleitoral será direcionado para a reeleição de Elizabeth Schmidt, que em 2020 foi eleita com 52% dos votos.

 

 

Beto Richa no PL

O último movimento dessa estratégia bolsonarista, pelo menos até esta quarta-feira, foi a entrada do ex-governador Beto Richa (PSDB) no PL. Não é segredo para ninguém que Richa estava avaliando uma candidatura à Prefeitura de Curitiba. Analistas ouvidos pelo HojePR dizem, no entanto, que o maior problema para ele seria justamente o PSDB. O partido não tem nem de longe o tamanho que um dia já teve, além de não ter quadros capazes de ajudar o ex-prefeito a voltar para o Palácio 29 de Março.

 

É aqui que entra o deputado Filipe Barros. Foi dele a iniciativa de trazer Beto Richa para essa “vendeta” bolsonarista. Há alguns dias, Barros teria procurado Beto para lhe oferecer o PL em Curitiba, além de lhe garantir a candidatura do partido à Prefeitura. Para tanto, Barros jogou na mesa cinco deputados estaduais do partido. Os tucanos tem apenas duas deputadas e, dizem, prestes a deixar o PSDB.

 

Em silêncio, Beto Richa e sua assessoria passaram alguns dias analisando a proposta e as alterações que essa candidatura traria ao quadro eleitoral de Curitiba. Nesta quarta-feira, Beto passou boa parte do dia reunido com a cúpula do PL e, pouco depois das 15h, com o próprio Bolsonaro.

 

Richa deve ter ouvido do próprio ex-presidente toda a estratégia para ganhar Curitiba e, quem sabe, outras grandes cidades. Até o fechamento desse texto, a decisão de Beto, se trocaria de partido ou se levaria o PSDB a uma coligação com o PL, não havia sido divulgada.

 

beto

 

Alterações significativas

A mudança de Beto Richa para o PL altera profundamente o arco de alianças em torno da candidatura do vice-prefeito Eduardo Pimentel, candidato apoiado pelo governador Ratinho Junior.

 

Vale lembrar que nesta terça-feira, oito vereadores do União Brasil deixaram o partido e ainda não decidiram em qual entrar. Uma das fontes ouvidas pelo HojePR conta que boa parte desses oito já foram procurados por emissários de Bolsonaro. Ou seja, a ordem do ex-presidente é causar constrangimentos ao governador Ratinho Junior e proporcionar baixas no PSD.

 

No momento, o quadro eleitoral em Curitiba está indefinido. O rol de partidos em torno da candidatura de Eduardo Pimentel pode diminuir consideravelmente. Por outro lado, a oposição a essa candidatura tem batido cabeça. O PT nacional, por exemplo, quer apoiar Luciano Ducci (PSB), mas o partido na capital quer candidatura própria. A deputada Gleisi Hoffmann é a principal defensora da candidatura de Ducci, mas quer a vaga de vice para o PT, o que causa arrepios nos quadros do PSB, que estariam dispostos a ter o pedetista Goura como companheiro de chapa.

 

Nesse contexto, podem estar enganados aqueles que consideram que uma candidatura de Beto Richa não teria sucesso juntos aos eleitores de Curitiba. O ex-governador ainda possui um eleitorado fiel e a estratégia de Bolsonaro, que teve mais de 700 mil votos na cidade, aproximadamente 65% do eleitorado, pode pulverizar alianças que estavam sendo consideradas fechadas.

 

No domingo (17) deve ser divulgada uma pesquisa sobre a Prefeitura de Curitiba. Beto Richa foi incluído entre os candidatos pesquisados. Os estrategistas dos três pré-candidatos até aqui mais conhecidos – Pimentel, Ney Leprevost e Luciano Ducci – poderão analisar o estrago que uma eventual candidatura de Beto Richa pode fazer em suas campanhas. É preciso esperar para ver os próximos movimentos, mas uma coisa é certa: Bolsonaro bagunçou o xadrez político do Paraná.

 

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