Enquanto a população brasileira envelhece e a aposentadoria fica mais distante, o mercado de trabalho precisa se reinventar para essa nova realidade. Em um país onde mais de 54 milhões de brasileiros têm mais de 50 anos, as oportunidades de emprego ainda são restritas. Hoje, são 1,4 milhão de pessoas acima dessa idade em busca de uma recolocação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o Caged, mais de 700 mil profissionais nessa faixa etária perderam seus empregos durante a pandemia. De olho nessa necessidade, empresas começam a entender o potencial de unir profissionais experientes e jovens talentos no ambiente de trabalho.
Na contramão da dispensa dos profissionais maduros, há iniciativas de inclusão. Mario Faria, 52 anos, faz parte dos 10% de profissionais mais velhos que estão ativos no mercado de trabalho, conforme estudo da plataforma de realocação, Maturi e da EY Brasil. Sua trajetória profissional começou a mudar em 2008, quando sentiu que sua carreira precisava se renovar. “Criei coragem para voltar para as salas de aula e terminei a faculdade de Ciências da Computação. Um passo importante para enfim trabalhar com o que sempre sonhei”, relata Mario.
Os desafios enfrentados para a recolocação foram grandes. As portas se abriram apenas após um longo período se candidatando a diversas vagas. Hoje, Mario já soma mais de uma década na TOTVS Curitiba, empresa de tecnologia que deu a oportunidade para seu novo começo. “Após os 40 anos, a gente ainda está com fôlego total para criar, fazer coisas novas e repetir sucessos anteriores. Isso traz maior maturidade nas decisões”, declara o consultor especialista de desenvolvimento.
Quebra de paradigmas
Em 2060, 25,5% da população brasileira será composta de pessoas na faixa etária acima dos 60 anos, de acordo com dados do IBGE. Por isso, a implementação de ações que aumentem na prática a contratação de pessoas com mais idade é urgente. Para Márcio Viana, diretor-executivo da TOTVS Curitiba, à medida que aumenta o número de funcionários de gerações mais velhas no ambiente de trabalho, o preconceito tende a diminuir. “Trazendo esses profissionais preparados e aptos para dentro da empresa, conseguimos quebrar o paradigma na prática”, afirma.
“Quanto vale o aprendizado daqueles que vivenciaram várias crises econômicas? E qual a relevância do conhecimento conquistado por meio dos erros já cometidos?”, questiona Márcio Viana. O executivo acredita que a mescla de gerações dentro de uma corporação permite um repertório mais amplo na solução dos problemas. “A revisão do lugar dos idosos em nossa sociedade dá novo olhar às relações e ao envelhecimento. O fato é que, com uma população cada vez mais velha, mudanças virão, mesmo que tardias”, conclui.
3 Comentários
Difícil,não dão oportunidade para essa faixa etária,são rotuladas como incapazes,enquanto isso ,vemos políticos,médicos,executivos,cientistas etc com mais de cinquenta em plena atuação.Isso aconteceu comigo.Num processo seletivo,fui aprovada pela coordenação da escola,e o diretor ,(um senhor com mais de setenta anos),não me aprovou por ter mais de cinquenta.Sem palavras pra esse preconceito.
Eu me encontro desempregada a três anos por conta da pandemia não consegui mais entrar no mercado de trabalho experiência oito anos comprovada em carteira assinada auxiliar de serviços gerais
Interessante a EY participar desse estudo, sendo uma das principais consultorias de RH do Brasil que mais discriminam e segregam currículos de pessoas com mais de 50 anos.