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25/04/2024

PARANÁ

Paraná

Equipes de resgate estimam que há 30 desaparecidos na BR-376

 Equipes de resgate estimam que há 30 desaparecidos na BR-376

Equipes de resgate estimam em 30 pessoas ainda desaparecidas no grande deslizamento que atingiu a BR-376 no fim da tarde de segunda-feira (28). Seis pessoas foram resgatadas com vida e, até a manhã desta quarta-feira (30), dois corpos tinham sido retirados do local. As buscas foram retomadas, mas estão sendo prejudicadas pelas chuvas e terreno instável, com risco de novos deslizamentos.

Conforme o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Manoel Vasco de Figueiredo Junior (foto), o número de vítimas é estimado com base no total de veículos que ainda se encontra soterrado e em informações de familiares de possíveis vítimas. Foram feitos 19 contatos de parentes em busca de informações sobre os desaparecidos. “Retiramos três veículos menores e uma carreta dos escombros, mas ainda temos dez carros e seis carretas soterrados. Se fizermos a conta de duas pessoas por veículo, vamos chegar ao número em torno de 30”, disse.

As equipes de segurança que prestam atendimento no local de deslizamento na BR-376, no Litoral do Paraná, mantêm as buscas mesmo com o mau tempo no local. Estão sendo utilizados guinchos, cães treinados e drones com câmera com identificação térmica para encontrar sinais de vida. O equipamento, porém, não conseguiu resultados na identificação. O trabalho tem sido feito de forma cautelosa, já que as chuvas permanentes ampliam os perigos de novos desmoronamentos na área. Há risco, inclusive, da pista da rodovia ceder por causa do peso dos entulhos.

Representantes do gabinete de crise instituído para acompanhar a tragédia concederam uma nova entrevista coletiva nesta quarta-feira (30) para atualizar as informações. O Corpo de Bombeiros conseguiu fazer a retirada de uma carreta e três veículos que estavam na parte superior da pista. O corpo da segunda pessoa, que teve o óbito confirmado ainda na terça-feira (29), foi retirado do local nesta manhã e encaminhado para Curitiba. O incidente envolveu 10 veículos de passeio e seis carretas.

“O Corpo de Bombeiros permanece no local desde o início dos atendimentos. Especificamente na manhã desta quarta-feira, foi feita a avaliação da área pelos geólogos e engenheiros, a movimentação de terra para liberar os três veículos retirados de uma área de menor risco, a retirada do corpo da carreta e também dessa carreta do local. A avaliação de risco continua sendo feita”, explicou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Manoel Vasco.

“As maiores dificuldades enfrentadas neste momento são por causa do mau tempo, com a previsão de um aumento no volume de chuvas. A situação na área, que já é de risco, tende a piorar nos próximos dias se continuar assim”, complementou. “As equipes trabalham de forma ininterrupta. São 54 bombeiros atuando durante o dia e a equipe do Grupo de Operações Socorro Tático (Gost), que é altamente especializada, atuando durante a noite”.

As equipes de resgate estão usando câmeras termais acopladas a um drone na tentativa de identificar focos de calor que poderiam ser de sobreviventes. Como a área está com risco de novos deslizamentos, ainda não se conseguiu usar guinchos para a remoção dos veículos enterrados na lama.

O governo paranaense lançou um apelo aos familiares e amigos de pessoas que eventualmente possam ter desaparecido no local para que entrem em contato com a Central de Atendimento da Polícia Científica pelo telefone (41) 3361 7242, que funciona 24 horas. As informações podem ajudar na localização de possíveis vítimas

 

‘O morro inteiro veio abaixo’

O prefeito de Guaratuba, Roberto Justus, e seu motorista, Claudio Margarida, tiveram o carro atingido pelo deslizamento. Ele disse que nunca tinha visto tanta água e tanta lama morro abaixo às margens da rodovia, onde estavam parados, no início da noite de segunda-feira (28). “A gente pressentia que algo pudesse acontecer”, disse.

“O morro inteiro veio abaixo de uma vez só, numa velocidade tão grande que não dá para reagir ou pensar absolutamente nada. Pus a mão no vidro, com a ideia de que poderia segurar, e aguentei a pancada muito forte, que jogou o carro para cima e aquela lama toda começou a nos erguer. Subiu, subiu, e depois deslizou para outra pista”, disse.

Segundo ele, o carro parou tombado com a porta do lado do motorista quase encostada no chão. “O Cláudio chutou o vidro da porta dele e saímos por debaixo do carro. Chovia demais na hora, e a gente via aquele lamaçal descendo”, recorda-se. “Saímos ilesos, ficou só a dor da pancada e o estado emocional bem abalado. Foi assustadora a situação. É aí que a gente percebe o milagre que recebeu. Não sei como estou aqui”, contou.

 

Vítimas

A Polícia Científica conseguiu identificar a identidade de uma das vítimas e já fez o contato com a família. Trata-se de João Maria Pires, de 60 anos, natural de São Francisco do Sul (SC). O corpo da segunda vítima vai passar por perícia no Instituto Médico Legal (IML). “A primeira vítima passou pelo exame pericial, foi identificada pelas equipes de papiloscopia e já foi contatada a família”, disse o diretor-geral da Polícia Científica, Rodrigo Grochocki.

A instituição trabalha com o protocolo Identificação de Vítimas de Desastres (DVI, da sigla em inglês), código internacional desenvolvido pela Interpol que facilita o atendimento em tragédias como esta. Foi aberto um canal direto com os familiares e conhecidos de pessoas que poderiam estar no local do deslizamento, o que pode ajudar na identificação das vítimas.

“A Polícia Científica do Paraná é um dos centros que utiliza esse protocolo internacional em diferentes emergências. Existe uma comissão, formada a maior parte por membros da Polícia Científica, que é acionada em uma situação de desastre como esta”, explicou o perito André Langowiski, que dirige a comissão de DVI.

“Trabalhamos de forma ininterrupta para receber as famílias, para que nos deem as informações que ajudem a identificar essas vítimas mais facilmente, incluindo a entrega de documentos, descrição de tatuagem e outras particularidades”, explicou. “Por outro lado, é feito o exame pericial da vítima para tentar cruzar essas informações com o que é apresentado anteriormente. Pela natureza desse desastre, não devemos ter dificuldade em identificar as vítimas”.

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