Duas declarações de altos executivos brasileiros reforçam que a agenda ESG é um tema que precisa estar na pauta corporativa e integrar a estratégia de negócios das empresas. Para Maria Silvia Bastos, ex-presidente da CSN, do banco Goldman Sachs e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ações que modernizem a visão empresarial sobre o ambiente, o social e a governança empresarial são irreversíveis, ainda que o avanço não seja linear. “O importante é a tendência”, afirmou. Para ela, a temática ESG representa uma mudança de cultura, que não ocorre rapidamente, e seus resultados dependem da evolução da maturidade de cada empresa e de seus gestores. O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, reforça que o engajamento é um dos principais desafios a serem vencidos pelas empresas e bancos para que os compromissos ESG se tornem reais. “A velocidade de engajamento ainda é lenta”, afirmou durante painel no Febraban Tech, chamando a atenção principalmente para o aspecto social.
COP27 já começou
A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP27) está marcada para 7 de novembro, no Egito, e deve reunir representantes de 200 países. A agenda das negociações vai se concentrar – de novo! – em como reduzir as emissões de CO2 que causam o efeito estufa e as mudanças climáticas, além de maneiras de lidar com os impactos já sentidos hoje, como ondas mortais de calor, incêndios florestais, aumento do nível do mar e seca no mundo desenvolvido. Mas já há uma outra pauta movimentando a cúpula. Quem paga pelas perdas e danos causados aos países mais pobres por eventos extremos relacionados ao clima.
Promessa não honrada
Desastres naturais atribuídos à mudança climática estão causando a destruição de casas, da infraestrutura e de meios de subsistência nos países mais pobres, que são os que menos contribuem para o aquecimento global. Segundo a ONU, os 46 países menos desenvolvidos do mundo, que abrigam 14% da população global, produzem apenas 1% das emissões anuais de carbono a partir da queima de combustíveis fósseis. Já houve uma promessa dos ricos de repassar US$ 100 bilhões por ano aos pobres, até 2020, mas as compensações não foram honradas.
Cada um por si
Os efeitos da guerra da Rússia contra a Ucrânia, que descompensou a oferta de energia na comunidade europeia e consumiu bilhões de Euros dos orçamentos públicos, deve ser um dos argumentos do bloco para postergar a discussão sobre as perdas e danos no mundo subdesenvolvido. Na COP26, no ano passado, houve um ensaio de diálogo, mas com a tentativa de empurrar o assunto para 2023. Além disso, as economias ricas querem evitar assumir os prejuízos do resto do mundo e, assim, não abrir uma frente que as responsabilize formalmente pelo aquecimento global. Por enquanto, é cada um por si.
Mais baterias
Um novo concorrente entra forte para tentar abocanhar um naco do crescente mercado de baterias para veículos elétricos nos Estados Unidos. A Panasonic anunciou investimento de US$ 4 bilhões na construção de uma fábrica no Kansas. Segundo a gigante japonesa, a unidade vai produzir baterias para diversas marcas americanas. A companhia só não estabeleceu prazos para colocar a planta em operação.
A bateria, depois do carro
A Volkswagen é uma das marcas que mais investem na eletrificação de seus modelos. A companhia tem diversas parcerias para desenvolver baterias mais eficientes, mas também já pensa no que fazer com elas quando precisarem ser trocadas – e precisarão. Uma das ideias é de que o componente retirado dos carros seja reutilizado em postos de reabastecimento rápido, compondo um sistema de armazenagem de energia que pode ser montado em um contêiner, por exemplo.
Vida útil estendida
As estações pensadas pela Volkswagen podem ser distribuídas em áreas com uma rede elétrica menos estruturada ou regiões com baixa disponibilidade de eletricidade. Depois que saírem do sistema de propulsão dos carros, as baterias ainda podem ter uma vida útil de mais 10 anos se forem usadas como “depósito fixo” de energia. Depois disso, o destino é a reciclagem.
Ecológico ou moderno?
Uma pesquisa realizada neste ano pela marca sueca de veículos elétricos Polestar revela que 55% dos compradores de carros eletrificados nos Estados Unidos não estão preocupados com questões ambientais ou de sustentabilidade. Essa parcela dos motoristas busca outros atributos nos automóveis. O gasto com combustível, a tecnologia embarcada e a conectividade são as principais razões para deixar para trás modelos com motor à combustão. A questão ambiental é mais forte entre os jovens e menos relevante entre os mais velhos.
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