As batalhas na Ucrânia estão gerando uma outra guerra na Europa. É a guerra da energia. A decisão do governo da Alemanha de nacionalizar a principal importadora de gás do país é mais uma demonstração da crítica situação dos europeus em relação ao fornecimento do combustível, e uma nova tentativa de evitar o colapso. A concessionária Uniper agora é controlada pelo Estado alemão, que colocou 8 bilhões de euros no negócio. Esse é só o início dos investimentos na empresa. A conta total para manter as operações deve chegar a algumas dezenas de bilhões de euros, segundo a InfoMoney. A Rússia fornecia mais da metade do gás consumido pelos alemães.
Melhor forma?
A iniciativa do governo alemão faz parte de uma reforma emergencial do setor energético do País. Em outro movimento, o Chanceler Olaf Scholz vai ao Oriente Médio para tentar fechar acordos para a importação de gás dos Emirados Árabes e Qatar para suprir a demanda do inverno. “Atravessaremos esse período da melhor forma”, informou o ministro da Economia Robert Habeck. Resta saber qual o significado de “melhor forma”.
Pacote inglês
Na Inglaterra, a primeira-ministra Liz Truss prepara o anúncio de um pacote de apoio para famílias e empresas em razão do aumento das contas de energia. As medidas devem ser conhecidas e detalhadas nesta sexta-feira (23). O governo britânico admite que será necessário injetar muito dinheiro neste programa, mas entende que a iniciativa ajudará a economia de forma geral, mitigando seu alto custo.
Outro lado (I)
A crise europeia e o avanço da Alemanha em direção a grandes produtores árabes de petróleo e gás está em linha com o que pensam os críticos da chamada transição energética, que colocam dúvidas sobre o uso sistêmico de energia limpa. “O único caminho para preços de energia significativamente mais baixos, mantendo economias vibrantes – e desvinculando-as do petróleo e do gás natural russos – é aumentar radicalmente a produção de hidrocarbonetos”, entende o americano Mark P. Mills, que é membro do Manhattan Institute e especialista em geopolítica do petróleo.
Outro lado (II)
Segundo Mills, após duas décadas de aspirações políticas, e trilhões de dólares gastos, não há solução para uma transição energética que elimine os hidrocarbonetos. “Independentemente das motivações inspiradas no clima, é uma ilusão perigosa acreditar que gastar ainda mais e mais rapidamente fará isso”, avalia. “As lições da década recente deixam claro que as tecnologias SWB (solar, eólica e bateria) não podem ser desenvolvidas em tempos de necessidade, não são inerentemente “limpas” nem mesmo independentes de hidrocarbonetos e não são baratas”.
Obrigação sustentável
Um grupo de investidores japoneses aplicou 211 milhões de euros em títulos emitidos pelo Banco Mundial, chamados Obrigação de Desenvolvimento Sustentável para a Consciencialização dos Esforços de Conservação da Biodiversidade. O ativo tem vencimento em 2032 e foi lançado para ajudar outros países na preservação ambiental e erradicação da pobreza.
Investimento ESG
Masao Aratani, vice-presidente executivo da companhia de seguros Meiji Yasuda, uma das empresas que adquiriu os títulos, explicou que a decisão de realizar a aplicação é porque “através de investimentos ESG [ambiental, social e governação, na sigla em inglês], promovemos a criação de valor social, abordando questões ambientais e sociais globais e contribuindo para as comunidades locais, incluindo através da revitalização da economia local nacional”.
Eólicas offshore (I)
França e Reino Unido devem instalar, até 2030, bases para gerar 50GW e 20GW, respectivamente, de energia eólica em usinas offshore. Mas quem deve iniciar os leilões para ampliar a exploração desta fonte é Portugal, a partir de 2023. O País estima produzir 8 GW de energia em plataformas flutuantes ao longo do seu mar territorial. No Brasil, o Senado aprovou, em agosto, um projeto de lei que regula a produção de energia offshore, seja eólica, solar ou de maré.
Eólicas offshore (II)
O marco regulatório brasileiro estabelece regras para aproveitamento do potencial energético por empreendimentos situados fora da costa brasileira, como o mar territorial, a plataforma continental e a Zona Econômica Exclusiva (ZEE). A proposta aprovada no Senado estabelece a concessão do direito de uso de bens da União para geração de energia ou a outorga mediante autorização. A medida precisa de aprovação da Câmara dos Deputados.
Energia da Amazon
A amazon.com anunciou a realização de 71 novos projetos de geração de energia renovável ao redor do mundo. A companhia totaliza agora 379 projetos e quer utilizar 100% de energia renovável nas suas bases até 2025. A empresa pretende gerar 50 mil gigawatts-hora (GWh) de energia limpa por meio de todo o seu portfólio. Um dos novos empreendimentos do grupo será no Brasil, mas o local ainda não foi divulgado.
(Foto: Jeff Kingma/Unsplash)