A análise do sangue é um dos exames mais importantes a serem realizados na investigação de doenças, uma vez que esse líquido corporal participa de praticamente todas as funções vitais do nosso corpo, como a atividade do tecidos, a distribuição de oxigênio e dióxido de carbono, a atividades dos rins, dos hormônios, da condução de células que combatem infecções, etc. Por ser um dos exames mais importantes, algumas regras devem ser seguidas para que os parâmetros de avaliação funcionem corretamente. Entre essas regras a principal é o jejum, que hoje em dia passou a não ser mais necessário em alguns exames específicos.
O especialista em bacteriologia e diretor técnico do Laboratório de Análises Clínicas – LANAC, Marcos Kozlowski, explica que hoje em dia, com o avanço tecnológico e novos estudos, alguns exames de sangue já não exigem o jejum, que inclusive pode maquiar alguns resultados quando realizado sem a indicação do médico. “É importante que o paciente saiba que nem todos os exames de sangue requerem períodos de abstinência alimentar. Alguns indicam uma dieta especial, mas tudo depende da finalidade do exame. O hemograma, por exemplo, que é o teste mais solicitado pelos médicos, não precisa de jejum, assim como o exame de colesterol, que antes era necessário um jejum de 12 horas e hoje é feito sem essa indicação”, explica.
Sobre o exame de colesterol, Marcos afirma que a mudança ocorreu pois percebeu-se que as dosagens do colesterol podem ser interpretadas independentemente do jejum prévio, além disso a evolução tecnológica permite que hoje essa análise seja feita de forma assertiva e menos dependente de variações das amostras. “A não exigência do jejum ajuda muito na frequência dos exames por parte do paciente, que muitas vezes fica ansioso em ficar longas horas sem comer. Porém, alguns exames ainda necessitam dessa prática, como o da glicemia, que hoje tem um jejum que pode variar de 8h a 12h, e o de triglicerídeos, que pode exigir de 12h a 14h de jejum, a depender da orientação do médico”, conta o diretor.
Outra regra pouco conhecida é que crianças de até seis anos não precisam fazer jejum prolongado para nenhum exame, sendo que a coleta é realizada o mais próximo possível da próxima refeição. “Em crianças menores pode-se haver a necessidade de um jejum curto, de até cerca de quatro horas. As regras vão depender do que o pediatra solicita, que em alguns casos pode solicitar a abstinência de algum tipo de alimento específico”, explica Marcos.
Alterações fisiológicas e o jejum
Marcos explica que o nosso corpo funciona com reservas de glicose que são adquiridas na alimentação, quando elas se esgotam o nosso corpo rapidamente passa a usar outras fontes de energia, como proteínas e gorduras, para que o organismo se mantenha ativo. “Quanto maior o jejum, maior será a queima de gordura e proteínas, sendo assim quando temos exames relacionados ao metabolismo de elementos como glicose e gorduras é necessário que se respeite o período de jejum, pois este é o valor de referência usado para medir esses elementos. Exames que não contam com essa metrificação, não precisam de jejum e podem inclusive ser feitos em qualquer horário do dia”, conta o diretor.
Outro cuidado que se deve ter é com relação ao consumo de tabaco e bebidas alcoólicas, uma vez que alguns exames exigem a abstinência dessas substâncias por um tempo específico. “O álcool pode interferir no diagnóstico de algumas questões, sendo que ele é uma substância que permanece por alguns dias no nosso organismo. Sendo assim, exames como triglicerídeos e glicose, a depender da finalidade, podem exigir a abstinência por até três dias”, conta Marcos.
Entre os exames mais comuns que não necessitam de jejum estão:
• Hemograma
• Tipagem sanguínea
• Beta HCG (teste de gravidez)
• Plaquetas
• PSA (antígeno prostático específico)
• Hepatite (todos os tipos)
• T3, T4 e TSH (exames para avaliação da função da tireoide)
• Sorologias para rubéola e toxoplasmose
• Ureia
• Creatinina
• Magnésio
• Cálcio
• Potássio
• Sódio
• Progesterona
• Bilirrubina
• Anti-HIV
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