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NÃO CAIA NESSA

FAKE NEWS: Primeira-dama de Canoas não barrou doações a voluntários

11/05/2024

estadão

O que estão espalhando: que a primeira-dama de Canoas (RS) proibiu a entrega de marmitas para voluntários que trabalham no socorro aos atingidos pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O vídeo usa um trecho da entrevista de uma bombeira voluntária ao repórter Arildo Palermo, da RBS, afiliada da TV Globo no Rio Grande do Sul, no dia 5 de maio. Ela diz que a primeira-dama de Canoas barrou a distribuição de doações no centro de logística da cidade, onde os alimentos passavam por triagem. Naquele local, os alimentos eram organizados para serem enviados a 56 abrigos, onde seriam distribuídos. Em momento algum o repórter ou a entrevistada afirmam que foi proibida a distribuição de marmitas para voluntários.

Saiba mais: O trecho recortado e sem contexto foi retirado da edição de domingo (5) do programa Ajuda Rio Grande, da RBS. No X, Tik Tok e Instagram, ele acumula mais de 200 mil visualizações.

Uma das publicações que usa o vídeo descontextualizado ainda inclui um comentário com diversas alegações já desmentidas pelo Verifica, como a de que os helicópteros do Exército foram proibidos de voar no Rio Grande do Sul e que, sem as autoridades, o trabalho estava sendo feito por empresários como Pablo Marçal e Luciano Hang.

Reportagem foi cortada

O repórter Arildo Palermo entra ao vivo a partir da Avenida Farroupilha, na cidade de Canoas, e a imagem mostra uma movimentação intensa de pessoas. Ele afirma: “Todas essas pessoas que o Roberto Melo está mostrando pra vocês no vídeo são pessoas que precisam de doações, pessoas que estão com fome atrás de doações aqui na cidade, muitas delas que foram resgatadas nos bairros mais atingidos aqui do município nas últimas horas. Esse é o ponto central logístico de doações aqui no município. A todo momento, chegam caminhões do Exército carregados de donativos e o pessoal passando também com bastante doações”.

Ele segue explicando que o local não é destinado à distribuição de doações, e sim à triagem delas, para que sejam distribuídas depois: “O que tá acontecendo aqui, gente, é um mal-entendido, porque muitas pessoas estão vindo até esse ponto achando que vão receber as doações diretamente. O que nós apuramos há pouco com a Prefeitura de Canoas é que esse ponto é de recebimento geral de doações, que depois serão organizados e entregues a escolas e outras instituições que precisam. O problema é que todas essas pessoas, eu reforço, elas estão com fome e elas precisam de doações”.

Nada disso aparece no vídeo viral, que começa a partir do momento em que o repórter diz que, após chegar um carro com cobertores, foi formada uma longa fila. Ele, então, passa a entrevistar uma mulher chamada Priscila, que é bombeira voluntária. Ela explica que a distribuição de doações estava sendo feita no local até as 16h, quando a primeira-dama interrompeu o trabalho.

Priscila recomenda, então, que as pessoas continuem doando, mas levem os donativos diretamente para os abrigos, e não para a central de logística, para que as vítimas possam receber comida ainda naquela noite, e não no dia seguinte, após a triagem:

“Estávamos fazendo a separação corretamente para destinar para as escolas, para os alojamentos e tudo, e começou a vir pequenos grupos com 20, 30 pessoas que estão alocadas em casas e começaram a pedir alimentos, e nós começamos também a distribuir para eles, e simplesmente fomos barrados. Hoje, às 16h, chegou a mulher do prefeito e nos barrou. Simplesmente proibiu a liberação de doações”, disse.

Priscila garante que vai ficar no local para liberar comida para as pessoas, e pede que aqueles que estão levando doações até a central, se dirijam aos abrigos: “Então, o que eu peço? Continue doando. Eu estou postando nas redes sociais, continue fazendo doação. Mas, neste momento, já verifiquem os pontos que estão precisando, já levem diretamente pros alojamentos pra eles, porque, se vir diretamente pra cá, só vão começar a liberar amanhã”.

Ao final da entrevista, o repórter diz que a distribuição está sendo feita em 56 abrigos. “Aqui nesse espaço, na central logística de doações, por mais que as pessoas façam filas, infelizmente elas não vão conseguir sair com as doações”, concluiu.

 

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