Nada mais natural e bonito que uma geração talentosa se sucedendo ã outra. Tive a sorte de pertencer a uma geração de poetas, músicos e artistas que fizeram história em Curitiba. Agora, para meu prazer, vejo o surgimento de uma nova leva de poetas de respeito, como Luiz Felipe Leprevost, Ivan Justen, Suzana Cano, Alexandre França e Fernando Koproski.
Escritor, poeta, tradutor e letrista, Koproski está correndo atrás de patrocínio para um belo projeto aprovado na Fundação Cultural de Curitiba. É um livro em comemoração aos seus trinta anos de carreira literária, chamado “NO CORAÇÃO DA LUZ”. Numa seleção especial de onze livros já publicados, essa antologia poética apresentará mais de uma centena de poemas e um panorama amplo da obra do autor. “NO CORAÇÃO DA LUZ” é uma obra de maturidade, onde Koproski explora com versatilidade e destreza diversas formas poéticas (formas clássicas como o soneto, versos livres, poemas em prosa etc), sempre abordando questões e temáticas atuais que promovem sensibilização e grande identificação dos leitores com sua obra. Além de abordar temáticas relacionadas à diversidade cultural, o autor procura em vários livros valorizar a figura da Mulher, tratando-a como personagem de grande amplitude psicológica, o que vem estimulando-o a traduzir a complexidade dos relacionamentos afetivos contemporâneos a partir de uma ótica de valorização feminina, e isso se observa em diversos poemas dessa antologia. Em trinta anos de carreira, o poeta já publicou dezesseis livros autorais de poesia e ficção (oito livros pela Editora 7Letras, uma das mais renomadas do país). Como letrista, possui parcerias gravadas por nomes como Estrela Leminski, Carlos Machado, Carlos Careqa, Alexandre França e a Banda Beijo AA Força. Como tradutor, selecionou, organizou e traduziu três antologias poéticas do escritor americano Charles Bukowski, duas antologias poéticas do escritor canadense Leonard Cohen, todas com grande destaque no cenário literário nacional. Publicou sua tradução da poesia de Jeff Tweedy, da banda de pop rock Wilco. O poeta Fernando Koproski foi premiado com a publicação do livro “Pétalas, pálpebras e pressas”, pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, em 2004. As suas últimas obras publicadas foram: PEQUENO DICIONÁRIO DE AZUIS (PROFICE/Editora 7letras, 2018) e FINAIS FELIZES (PROFICE/Editora 7letras, 2022).
Para melhor compreender a relevância da obra poética desse autor curitibano, seguem textos de alguns importantes escritores paranaenses sobre a relevância da obra poética de Fernando Koproski:
Paulo Venturelli:
Eu quero fazer uma resenha crítica a respeito do livro “Tudo que não sei sobre o amor”, de Fernando Koproski. Sento-me à mesa (percebam a expressão séria), tomo o livro e começo a ler. A intenção é ir da primeira página à última. Impossível. Assim que leio um texto, minha cabeça começa a pulular e é como se se instalassem lá dentro todos os trapézios do mundo, em dança louca, em acrobacias arrojadas. Ou, então, parece que um jardim cheio de bulbos passa a deitar raízes em várias direções e florescer com cores, tons e matizes os mais variados. Resumindo a situação: ler um texto de Koproski me faz escrever – eu deslizo da leitura crítica para a fruição estimulante da criação, como se os escritos do poeta abrissem porteiras de mundos até então ignorados. Comentei a situação com um amigo meu e ele deu o conselho: não leia o livro do princípio ao fim, não faça uma simples resenha, escreva sobre estes efeitos que os textos provocam em você. A ideia me agradou e estou aqui curtindo estas mal traçadas linhas. O que o livro de Fernando Koproski tem de especial? Tudo: dicção própria, originalidade, criação de imagens inesperadas, lirismo pungente que destoa da literatura mercadológica, ritmo sincopado para uma emoção que não se esparrama, porque é filtrada pela razão, pela construção do poema como objeto de linguagem, ousadia em escrever sobre sentimentos que os pós-concretistas haviam condenado e, junto disso, crença no verso e na palavra como mundos moldáveis para se expressar uma visão, um dado ângulo, a captação de uma cena que vem tingida com a carpintaria que parece solta, mas é rigorosa. A poesia brasileira das últimas décadas tornou-se insuportável. Não sei se é pósconcretismo ou neoconcretismo, mas todo mundo rasteja sob o fetiche da síntese, e o resultado final é uma poesia despersonalizada, sem visão e discursos próprios. Você lê 50 livros e parece que eles foram escritos pelo mesmo autor, já que grande parte dos escritores caminha pela mesma técnica ou pela mesma falta de. E aqui em Curitiba há outra praga: impulsionados pelo sucesso de Leminski, os poetas das novas gerações se agarram ao haikai como o náufrago se pendura em qualquer coisa que mantenha sua cabeça fora da água. Koproski, com muita personalidade, foge destas ciladas e, tenho certeza, encontrou a solução para a crise de esterilidade que grassa por nossos poetas. E o que mais me estimula é que ele é jovem. Se não vacilar, se não se entregar a modismos, se insistir em manter-se no caminho aberto, aprofundando-o, será em breve um de nossos grandes poetas. E grande poeta, para mim, é aquele que, ao ser lido, me nutre, faz as engrenagens da mente funcionar, lubrifica os labirintos, distende as asas, abre todos os olhos do corpo, empurra para a beira do abismo e diz: está aí o desafio, o começo da meada, crie. O livro de Koproski, que a todo momento abro a esmo, tem este condão mágico de me tirar do comezinho e me pôr cara a cara com o deslumbramento e produzir. Para mim é o que vale. E se leio tanto é justo para encontrar esta estimulação alcoólico-poético-musical-modular e ser empurrado para a página em branco, onde o bicho pega.
Sei que Fernando não gosta de mim por razões que são lá suas. Não acho isso um desastre. As antipatias também são matéria de vida. Mesmo assim e talvez até por isso, faço uma declaração de amor ao livro dele: é uma fonte onde beberico para voar alto. Não consegui fazer uma resenha e também isso não importa. Às vezes, na vida, é melhor deixar o formalismo de lado e dizer: cara, você é excelente, teu livro me faz vibrar e quando te criticarem, na tentativa de tirar o valor do teu trabalho, ignore. É voz de alguém que está se sentindo ameaçado pelo brilho de cetim de tuas pétalas, teus pianos, tuas primaveras e as cores rubras para as quais você dá um tom especial. E, assim, isto foi tudo o que eu não soube dizer sobre a tua poesia. (publicado no Jornal do Estado em 24/05/2004)
Mário Bortolotto:
As várias mortes de Fernando Koproski. Em primeiro lugar é preciso avisá-lo que você vai ler o romance de um poeta. Tradutor de Bukowski e Leonard Cohen. Um entusiasmado romântico, um franco-atirador byroniano, alguém que se entrega rigorosamente a aventuras românticas e se destrói por elas resignadamente, mesmo porque ele não saberia fazer de outra maneira. Ciente disso, o leitor não deve estranhar o fato de que o primeiro alvo-musa do narrador seja uma aluna de dança flamenca. Todos os sinais indicam que Koproski há muito já está condenado pela poesia, pelos versos que ainda não escreveu, por não enxergar com nitidez a estrada dos desencantados e por isso mesmo entra sempre a 200 km/h na tal estrada com a obstinação de quem “não dispensa uma saideira”. E as mulheres vão se sucedendo implacáveis ao longo do livro e da vida do autor. Amores puros e aqueles que ele quer acreditar que são. Mulheres armadilhas com nomes míticos como Scarlett, Marie-Louise e Annabel Lee. Cantos de sereias que o Ulisses Koproski não pretende evitar. E entre inevitáveis brochadas e febris histórias de amor, Koproski nos conduz para dentro da fria noite curitibana dos românticos embriagados de saquê e poesia. O poeta não é um adepto da eutanásia. O poeta quando deseja a morte não a quer sem dor, a quer no campo de batalha, como um viking maluco ou um homem bomba que vai ao encontro de mil virgens. É com essa determinação que Koproski se movimenta no seu romance. Não é fácil matar o amor. Nós temos que acreditar que ele não vai morrer. É o que nos sustenta. É em nome dessa dívida que Koproski escreveu sobre o amor que ele ironicamente quer que acreditemos que está morto no capcioso título de seu livro. O poeta assim como os elefantes se afasta pra morrer sozinho. Quando o amor morre, o poeta morre junto. Por isso o poeta é capaz de morrer várias vezes em vida, e o faz com abnegação apaixonada. É um trâmite que lhe é intimo. E sendo assim é possível se entregar cambaleante “pingando pétalas de ipês pelo chão”. (apresentação do livro Crônica de um amor morto)
Luiz Felipe Leprevost:
Tudo que não sei sobre Koproski. “Tudo que não sei sobre o amor” de Fernando Koproski, é um livro que exercita a brincadeira e a seriedade, misturando-as. Sabe ser piegas e sofisticado ao mesmo tempo. Revela segredos sem antes os ter desvendado, a procura de um gozo por meio da contemplação. Não se sabe até que ponto o amor é inevitável ou o autor sente obrigação em amar, transformando isso em hábito. É um poeta do sentir. Segundo Roger Cardinal, professor da Universidade de Kent na Inglaterra e autor do ensaio O Expressionismo, “Nem todos os gestos expressivos são simples. Isso depende muito do intérprete; um amante ansioso sobre os sentimentos de sua amada irá examinar atentamente cada movimento dela à procura de sinais de estados de espírito que se afastem da neutralidade”. Em “Tudo que não sei sobre o amor” não é diferente. Koproski se interpreta e interpreta o mundo tal qual um “expressionista camoniano”. Há a mesma insistência em seus azuis que tem nos pássaros, quase distraídos, buscando teto para pousar no cinza de Curitiba. Alguém que se compreenda em pintura é a pessoa mais habilitada para percorrer a obra. “Tudo que não sei sobre o amor” alça voo menos pelas asas e mais pela urgência em dizer. Trabalha com sinestesias. “Esperam nas nuvens velocidade, mas a fragilidade de suas asas de cereja não resiste às vermelhas urgências de queimar”. Vasculha o que há de onírico na realidade, procura uma musa “que lembre luas na noite nublada, que tenha lábios de halls cereja, que tenha pressa de primavera”. Koproski chora matutino, e não durante a noite. Trabalha com poemas em prosa que são espécie de cartas enviadas para a ausência. Conversa com a musa, seja ela poesia ou mulher, ou ambas confundidas. “O que é preciso enfim para se escrever felicidade, se nem mais sei quantos sonhos insones ainda somos de tarde?”. Sustenta e aceita o inaceitável. Não teme louvar o amor, não veste as máscaras da vanguarda. Todos os poemas confabulam incorrigível expressão amorosa, até os que não falam explicitamente de amor. Herda de Neruda o humanismo. “Um poema para todos os que acham, / pensam, intuem, percebem, desconfiam, descobrem, / e não conseguem disfarçar (…) um poema para os que falam / como querem as orquestras / ou como querem as orquídeas”.
A tragédia pode estar na chegada da primavera, nas borboletas, no ballet da lagoa, no livro da saudade, na chuva que ensinou Chopin a tocar piano ou dentro de um beijo. Poesia e vida sempre confluídas. Entretanto, o autor procura retocar a realidade, ou borrá-la. “Um dia perfeito para morrer / adianta um céu no que / a gente tem sede de ser”, é metafísica desestabilizada. E como que se provocando, evitasse desprezar carências. Consegue com que a catarse conheça formas, tenha familiaridade com o soneto. “A tua dor que me desculpe / o que você sente nem tem mais sentido”. Neste caso, e em outros semelhantes na obra, rememora a espontaneidade formalizada e o acaso premeditado da poesia de Marcos Prado, talvez um dos poucos erros do livro. É como fosse uma influência e dicção já superada por Fernando, porém que insiste ainda em se impor sobre ele. O disco que acompanha o livro traz os timbres do sussurro. É a oralização dos silêncios azulados de Koproski em contraste com as melodias e ritmos de um violão flamenco. Contrastar passa a ser a maneira mais acertada de poesia e música se complementarem. “É de uma graça / e de uma agressividade”. Koproski declama com voz pequena, mas a ventania que os seus azuis provocam parece saída de um barulho de maremotos. Seu poema a song that sings butterflies é um bom exemplo. E finalmente, como alguém que sabe que a sabedoria está em sempre duvidar de si e em se rechear de faltas, em um diálogo por telefone com Shakespeare, o poeta dos azuis se certifica que no amor “quando não mais sentir, você ainda vai sentir por esquecer…”. (publicado no Jornal da Biblioteca Pública do Paraná em dezembro/2005)
Antonio Thadeu Wojciechowski:
As pétalas de Fernando Koproski quando primavera. Há muito venho dizendo que a ecologia curitibana tem poesia no seu DNA, tem arte em cada cartilagem, nervo, pele, osso, coração e outros miúdos. Sim, é aqui o lugar, a 25° 25′ 47″ S 49° 16′ 19″ O, onde entra Fernando Koproski na história da poesia brasileira. Desde 1999, quando lançou Manual de ver nuvens, o cara nunca mais deixou de ser captado pelas minhas antenas. Tradutor de Bukowski e Cohen, letrista, um poeta na sua mais profunda e completa acepção. Gosto da sua levada, do seu lirismo que evoca sempre as mais sagradas emoções, da graça de seus arranjos, dos milagres de seus achados: “o amor não tem mesmo coração/ o amor não foi quem eu pensei que era/ não fui quem o amor pensou que eu fosse/ mas o amor estava à minha espera”. Tive a alegre honra de ser escolhido para fazer a orelha desse “Retrato do artista quando primavera” e confesso a vocês que encontrei entre as páginas deste livro um artista completo, maduro, senhor de seus versos e de si mesmo como poeta. Leiam o poema canção pra ser feliz e vocês ouvirão uma música de amor ao compreender que o “amor te convida a esquecer/ amor te quer só como amigo/ você é só mais um coração/ onde ele entra e sai sem aviso”. É difícil citar versos quando se quer viver o livro todo. Intensamente. Em cada palavra, sílaba, som, em tudo e em cada verso sentir o espesso lirismo, o mesmo jardim aberto à flor da pele, o mesmo encantamento pelo amor em sua voz e em seu entendimento dos nossos mais indecifrados sentimentos, poema após poema. Amor é o seu coração bombeando versos no nosso sangue. É seu pequeno dicionário de azuis, sua ira santa no poema universidade federal, sua melodia de fim de jogo, sua mágica de antes e depois: “mas não morria de tédio/ às vezes morrer demais/ era o único remédio// para eu deixar de viver/ da falta que você faz”. Um livro magnífico, para se ler sentindo ou como ele mesmo diz: “cantei a tua solidão na maior altura/ nessa canção pra acabar com teu tédio/ cantei, cantei, cantei porque é minha função/ cantei a tua solidão do andar mais alto do meu prédio”. Um livro que não se vende “porque é poesia/ e poesia todo mundo sabe/ não se vende”. Um livro para ver “pois este não é um olhar de poema/ tampouco um olhar de poeta/ aqui, entre pétalas de silêncio/ apenas o que de nós/ pensa esta página de forma incerta:// sentir teu olhar no meu,/ ainda será minhas obras completas”. Um livro para “escutar uma mulher dançando/ ou calada/ com sua carne de nuvem”. Um livro para Ingrid, para mim, para você, para o amor e todas as pétalas que dão sentido e graça às nossas vidas quando primavera. (apresentação do livro “Retrato do artista quando primavera”)
Luci Collin:
Tudo que ainda não se sabe sobre o Fernando Koproski, vate de tantas linhas e sentidos, estas pinturas sonhadas sugerem – estão aqui a oferecer: olhos e florescimento. Foi com a chuva que ele aprendeu a escrever? Foi. Com uma chuva que fez sol. Tudo que se sabe movimento luz e som. E este livro acaba sendo mesmo um interlúdio, um concerto para sonho solo, ou trio sonata para saudade, nuvens e baixo contínuo, ou até mesmo uma tocata para vermelhos vinho e flor. E sobre a leitura destas sonoridades? Fica-se espanto, fica-se surpresa, fica-se reticências – espaços suavemente regidos por claridades inefáveis, por nomes que a imensidão inaugurou feito semibreves. Nos cenários dos ventos, dos violinos e das valsas, a tristeza, deixada pra trás, fica primavera e então os silêncios são para sempre pianos. E os enredos todos dão naquele filme tão conhecido que reverbera contínuo por dentro da gente – imagens que restauramos com o melhor pigmento. Nestes poemas escritos e vividos Fernando, um delicado mágico de combinações lapidares, entregando cristais nos garante cores impensáveis e, pintando cenas polivocais, nos reserva intensidades de stretto. Por isso, em tudo o que se incandesce, muitas vozes podendo ser mares. Assim, o que se sabe sobre este livro? Onde se pensar que é inquebrável: cuidado, frágil. Onde se pensar que é calmaria: engano, é inflamável. Onde se pensar que há aventura de escuros: fez-se um prisma. Para esta poesia do mágico, deixa dada pelo próprio autor, sentir é pois a grande forma de entender. E como resumir tudo o que cabe neste livro? Se você procura… pétalas imediatas, beleza em excessos de céu, perfume de memórias de jasmim, magnólias ignoradas, cartas enviadas pelo outono: tratar com Fernando Koproski. Aqui mesmo. (Apresentação do livro “Tudo que não sei sobre o amor”)
Conheci Koproski através de Renato Quege, músico e compositor da Contrabanda e Beijo AA Força. Hoje é um grande escritor com uma trilogia de romances já publicada. Assim ele se refere ao poeta:
Fernando Koproski é meu amigo.
Sendo assim, poupá-los-ei das merecidas loas e contarei uma pequena história que foi o ponto de partida para algumas outras:
“Lá pelos meados do primeiro semestre de 2018 recebi a seguinte mensagem de uma amiga:
‘oi renatão sabia que o fer publicou um livro que tem um sujeito lá chamado reynaldo que parece que é você’
Fiquei curiosíssimo e na primeira oportunidade fui pra Curitiba e comprei um exemplar de “Crônica de um amor morto” (7 Letras).
Nesta época, estava lendo “Fogo Pálido”, do Nabokov; e a engenharia intrincada do romance instigou-me ao duplo ineditismo de contrabandear uma personagem e forjar meu primeiro romance”.
E, sem delongas, quero mostrar uma parceira inusitadíssima: um poema perpetrado a seis mãos (duas delas, holandesas) em pleno Temple Bar, onde estávamos para celebrar o último Bloomsday do século XX: (((foto)))
I went to a pub
And asked for a pint
I didn’t want to get drunk
But a Dutchman said “Hi”
“Look that Irish girl
She’s drinking whiskey
In the jar”
I tried it to resist
But she was all my sight
And the Dutch said
“Guinness is the color of the night”
One more pint or two
Thanks for washing
My shoes
Como costumo fazer, lancei três perguntas a Koproski:
1) Quais foram suas influências literárias?
Depois que me apropriei do “Livro dos sonetos” (do Vinicius) de minha mãe quando estava no primário, praticamente lia tudo que me caía nas mãos. Foi assim com Quintana, Bandeira, Murilo Mendes, Drummond, Gullar. Depois vieram outras leituras. Blake, Joyce, Rimbaud, Jim Morrisson, Shakespeare, Dante, Yeats etc. Das leituras mais amorosamente estudadas em minúcias como Charles Bukowski e Leonard Cohen vieram as traduções que fiz. E todas essas leituras me influenciaram, conforme melhor convinham, propondo caminhos ou descaminhos.
2) Como você vê o atual cenário da poesia paranaense?
Acho que tive muita sorte por começar a “pensar” em escrever numa época em que a Helena Kolody e o Leminski ainda estavam por aqui. E quando de fato comecei, desavisadamente com meus versinhos, tive contato com um cenário extasiante onde um grupo de poetas brilhava de forma indiscutível, traficando uma poesia em carne viva para a música e da música também se retroalimentando para muitas parcerias promissoras. Era o grupo da OSS com o Thadeu Wojciechowski, Marcos Prado, Roberto Prado, Sérgio Viralobos, Edson de Vulcanis, Edilson del Grossi, Solda. O cenário paranaense com todos esses personagens foi muito inspirador. Hoje em dia, nas novas gerações não há mais grupos geniais como este, hoje há apenas iniciativas individuais. Sim, ainda há alguns franco atiradores em atividade como o Alexandre França e a Barbara Lia. E entre esses, modestamente me incluo.
3) Além de “NO CORAÇÃO DA LUZ” tem algum outro projeto na gaveta ou na cabeça?
Tenho alguns projetos e livros na gaveta, sinal de minha cega teimosia em insistir no lirismo como forma de expansão do pensamento. Vem daí provavelmente essa minha desaconselhável permanência na sentimentalidade mais pura e provocativa da palavra. Mas o que posso fazer? Depois de 30 anos na lida, ainda tento sair da linha com a poesia.
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