O atual sonho do ex-juiz Sérgio Moro é o Senado. Mas há uma guerra intestina no União Brasil, que tenta a todo custo o colocar como deputado federal. Uma filiada do partido está pedindo a impugnação da sua candidatura. Os caciques locais andam com um pé atrás em relação ao ex-juiz. Eles temem estar criando um monstro que fique maior que o criador, querendo dar pitaco na gestão do partido no Paraná.
Tudo isto indica que o anúncio de Moro, que apontava para o lançamento ao Senado, pode se tornar menos estrondoso que se pensava, mesmo com a presença do presidente nacional da legenda e pré-candidato à presidência, Luciano Bivar, e o vice-presidente nacional, Antonio Rueda.
Há motivos para isto. O partido pensa no seu crescimento e vê Moro como um puxador de votos para a Câmara Federal. Dentro do partido há dúvidas sobre a sua capacidade de se eleger como senador e sobre a vantagem de ter ele como candidato. Como candidato, prejudica costuras feitas antes do seu retorno ao Paraná. O União Brasil tem compromisso com o governador Ratinho Junior (PSD). O governador tem compromisso com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que quer o deputado federal Paulo Martins (PL) como senador. E o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, sonhava em ser vice de Bolsonaro e agora acena para o PT.
Moro está de novo em uma luta solitária. O que tem ganho é uma série de tapas nas costas, nem tanto sinceros. O ex-juiz carece de um bom articulador político. E desconhece os sinais que a política lhe passam.
No momento, o União Brasil colocou sobre a mesa a necessidade de uma pesquisa, que mostre se Moro é um bom candidato a deputado federal, candidato ao Senado ou candidato ao governo. Das três hipóteses, a de governador está descartada. O dilema é ver o que a pesquisa mostrará como prioritário e se Moro vai aceitar o que lhe impingem.
Moro vai a coletiva disposto a falar que pretende o Senado. Mas já sente na pele a pressão dos interesses do partido, que indicam novos rumos. É esperar para ver.