Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Cardiologia (INC) mostram que o número de internações por infarto aumentou no Brasil entre 2008 e 2022. Entre os homens, a média mensal passou de 5.282 para 13.645, um aumento de 158%. Entre as mulheres, a média foi de 1.930 para 4.973, alta de 157%. Esses dados são baseados no Sistema de Internação Hospitalar do Datasus, do Ministério da Saúde, e cobrem todos os pacientes brasileiros que utilizam os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), tanto em hospitais públicos quanto em hospitais privados conveniados. Nesse estudo, os pesquisadores conseguiram quantificar uma relação que já era prevista, mas precisava ser comprovada: o aumento do número de infartos durante o inverno. Em 2022, o número de infartos foi 27% maior na temporada de frio do que no verão, tanto em homens quanto em mulheres.
Segundo a médica cardiologista Chiu Yun Yu Braga, supervisora do Internato de Urgência e Emergências do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), os grupos de risco não mudaram: idosos, hipertensos, diabéticos, fumantes e pessoas com colesterol elevado. No entanto, ela relata que a falta de acompanhamento médico durante a pandemia, especialmente para pacientes portadores de doenças cardiovasculares, também contribuiu para o aumento desses casos. “Muitos pacientes deixaram de receber qualquer tipo de acompanhamento. Com o fechamento dos estabelecimentos de saúde, não houve atendimento adequado para doenças cardiovasculares. Mesmo após a pandemia, as consultas ainda não foram normalizadas”, revela.
Os problemas cardiovasculares são a principal causa de morte entre homens e mulheres no Brasil. De 2017 a 2021, 7.368.654 pessoas morreram devido a essas doenças no país. No entanto, o risco de problemas cardíacos não se limita a essas pessoas, e durante o inverno, quando a chance de ocorrer um infarto é maior, os cuidados devem ser redobrados. “O frio está relacionado a várias condições do nosso corpo que ampliam a probabilidade de um infarto, como o aumento da pressão arterial e da atividade nervosa simpática, que acelera os batimentos cardíacos e causa constrição dos vasos sanguíneos do coração”, explica a médica. “Comuns no inverno, as doenças respiratórias também podem mascarar uma doença cardíaca, que pode levar ao infarto”, complementa.
De olho nos sinais
A cardiologista destaca que é fundamental estar atento a alguns sinais que podem indicar um possível infarto, como dores no peito após esforço físico, falta de ar, cansaço e sensação de desmaio, por exemplo. Segundo a médica, o próprio infarto pode ser a primeira manifestação de doenças cardiovasculares, portanto, a prevenção é imprescindível. “É importante tratar as doenças que aumentam o risco de infarto. Para prevenir, é indicado reduzir a exposição ao frio, manter-se bem hidratado e adotar hábitos de vida saudáveis”, indica. “Ter uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes, carnes magras, grãos, oleaginosas e cereais integrais; sono adequado; praticar atividade física regularmente; proteger-se contra infecções respiratórias e manter as consultas médicas em dia”, detalha.
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