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Dia do Cinema Brasileiro: muita piração em ‘Copacabana Mon Amour’

21/06/2024

Feliz Dia do Cinema Nacional! Nesta quarta-feira (19), celebramos os 126 anos da primeira captação de imagens cinematográficas em terras brasileiras, e como não poderíamos deixar passar em branco, surge a oportunidade perfeita para relembrar outro clássico do nosso querido diretor catarinense Rogério Sganzerla: Copacabana Mon Amour (1970). Já trocamos uma ideia aqui sobre os filmes anteriores do cineasta, O Bandido da Luz Vermelha (1968) e A Mulher de Todos (1969), em outras ocasiões, e agora chega o momento de arriscar dar uma palhinha sobre a produção mais louca entre as três. Entre as favelas e a areia da praia mais famosa do mundo, e com um dos melhores loiros oxigenados do Brasil, o filme mostra o cinema nacional em todo o seu potencial.

Na história, a maravilhosa Helena Ignez volta às telonas na pele de Silvia Silk, que desfila entre a periferia onde mora e a calçada de Copacabana com seu icônico vestidinho vermelho. Enquanto sonha em ser cantora na Rádio Nacional, Silvia trabalha como garota de programa. Sua mãe (Laura Galano) acredita que tanto a protagonista, quanto seu irmão, um homem gay apaixonado pelo chefe, Sr. Grilo (Paulo Villaça), estão possuídos pelo demônio.

Não fez muito sentido. E nem vai fazer. Para combinar com os cenários psicodélicos do Rio de Janeiro de 50 anos atrás, o filme parece ser todo desfigurado. São cenas fora de ordem, frases repetidas – algumas clássicas como “tenho nojo de pobre” – e acontecimentos absurdos em cena. Tudo com aquele jeitinho de direção de Sganzerla e seu Cinema Marginal, que domina a arte da sedução através da câmera.

Isso somado ao estado de conservação do filme, que não é dos melhores. Feito de forma independente pela produtora Belair, de Sganzerla, Helena e Júlio Bressane, o longa não foi lançado comercialmente na época (alô, Anos de Chumbo). Então, quando finalmente rolou a restauração dos negativos armazenados na Cinemateca Brasileira, as fitas de imagem e som estavam bem deterioradas. Uma pena. Mas se você se interessa por esse tipo de coisa, vale a pena dar uma olhada no site de Copacabana Mon Amour.

Outro símbolo de irreverência do filme é a trilha sonora. Gilberto Gil produziu a parada diretamente do exílio em Londres, sob encomenda do diretor. O destaque vai para a faixa “Mr. Sganzerla”, que toca várias e várias vezes. Entre esses e outros detalhes, Copacabana Mon Amour é uma viagem. É um daqueles que você assiste e fica louco sem saber quando é para rir e quando é para levar a sério. E se faltam palavras minhas para descrever, empresto as de Sganzerla, o abacaxi-man: “É uma miscelânea alucinada de êxtases de todos os tipos. Uma novidade com câmera na mão em totalscope”.

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