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ECONOMIA

Lucro dos três maiores bancos privados do Brasil sobe 22% e atinge R$ 74,8 bi em 2024

07/02/2025
salário

estadão

Os três maiores bancos privados do País encerraram 2024 com lucro líquido de R$ 74,8 bilhões, um crescimento de 22,1% em relação a 2023, de acordo com dados compilados pelo Estadão/Broadcast. Os resultados foram alavancados pelo crescimento do crédito, um cenário que deve mudar em 2025. Com a previsão de juros em alta e economia em desaceleração, os bancos esperam colocar o pé no freio.

A maior expansão de carteira foi a do Itaú, com crescimento de 15,5% em um ano. Houve influência do câmbio, que eleva o saldo de empréstimos a empresas denominados em dólar, mas o banco também cresceu entre micro, pequenas e médias empresas e na carteira de pessoas físicas. Em ambos os casos, o foco foi nos clientes com melhor capacidade de pagamento.

Em cartões de crédito, por exemplo, o banco teve crescimento de 4,9% em relação ao final de 2023. Essa expansão foi concentrada nos segmentos Uniclass e Personnalité, de média e alta renda, em que a alta da carteira no mesmo período foi de 17,5%.

No Santander, o foco foi em determinadas linhas de crédito. Na financeira, por exemplo, o banco teve crescimento de 20% na carteira de automóveis, em que aposta para ampliar as vendas cruzadas de produtos e serviços à base de clientes. Em cartões, 88% dos clientes são correntistas.

“Nós não fazemos a gestão do banco pela margem financeira bruta, mas sim pela margem líquida, ajustada pelo risco”, afirmou o presidente do Itaú, Milton Maluhy. Com esse foco, entre 2022 e o ano passado, o banco reduziu de forma relevante a exposição a clientes de maior risco, como os de baixa renda.

O Bradesco também deu maior destaque à margem financeira líquida, que cresceu 32,7% no ano passado com a queda de 24,9% nas provisões contra a inadimplência. “Não estou trabalhando com a expectativa de que a gente tenha problema na inadimplência, estamos muito seguros com o que estamos originando”, disse o presidente do banco, Marcelo Noronha, em entrevista à imprensa.

Cautela

O cenário neste ano deve ser diferente. Os bancos esperam um aumento da rentabilidade, mas a carteira de crédito deve crescer menos. O Itaú prevê alta de até 8,5%, por exemplo, e considera que a margem deve ter expansão maior, de até 11,5%.

O Santander não informa guidances (indicação dos próximos passos), mas também sinalizou que o ano será de desaceleração. “É provável crescer na mesma ordem de grandeza de 2024. É pouco provável nós crescermos mais”, disse o presidente do banco, Mario Leão, à imprensa.

No Bradesco, a expectativa é crescer de 4% a 8%. No ano passado, o banco expandiu a carteira de crédito em 11,9%, em uma retomada após dois anos de desaceleração para reverter o crescimento na inadimplência da carteira. “Tem uma regulagem do nosso apetite a risco, que se reflete no nosso guidance”, afirmou Noronha.

O motivo para as projeções menos otimistas é o cenário mais difícil na economia, com a alta dos juros. Além de consumir uma fatia maior da renda das famílias, a Selic mais alta deve colocar um freio na atividade, aumentando o desemprego. Tudo para conter a inflação, que ainda deve fechar o ano acima do teto da meta oficial.

O Itaú, por exemplo, prevê que a Selic chegará a 15,75% ao ano no final de 2025, 2,5 pontos porcentuais acima do patamar atual. A equipe de análise econômica do Bradesco afirmou, em relatório divulgado na quarta-feira, que o cenário de uma recessão na segunda metade deste ano ficou mais provável.

Estes cenários se refletem em outros pontos das projeções dos bancos. O Itaú, por exemplo, espera que as provisões contra a inadimplência cresçam neste ano. “Vemos o patamar de provisionamento do banco como resultado da incorporação de um cenário muito desafiador, o que pode deixar espaço para reversão caso a economia mostre resiliência, ou formar um escudo caso o cenário ruim se confirme”, afirmou o analista Gustavo Schroden, do Citi, em relatório.

A equipe do Safra considerou que embora apontem na mesma direção, os guidances de Itaú e Bradesco contam histórias diferentes. “Diferente do guidance do Itaú, que tem tom conservador e parece desenhado para ser superado, o do Bradesco parece ter um alvo que exige grande esforço, especialmente considerando a alta de 15% esperada para a margem líquida”, escreveu o analista Daniel Vaz.

Maluhy, do Itaú, disse que o banco está preparado para crescer mais que o previsto se houver espaço. “A nossa velocidade de reação para qualquer cenário que venha à frente é muito rápida. Não são decisões que você toma em 30 ou 60 dias, são decisões que você toma todos os dias”, afirmou em teleconferência com analistas.

Noronha deu sinais na mesma direção. Segundo ele, o Bradesco começou a desacelerar o crédito já no quarto trimestre do ano passado, mas não descarta surpresa positiva caso o cenário-base do mercado não se confirme.

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