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Lula vence nas grandes e pequenas cidades e Bolsonaro está melhor nas médias

22/09/2022

Uma análise feita pelo cientista político e jornalista, Emerson Cervi, mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem maior adesão dos eleitores das pequenas e grandes cidades. Enquanto que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem apoio nas cidade de médio porte.

De acordo com Cervi,  o eleitor de cidades grandes tende, de um modo geral, ser mais oposicionista e, geralmente, os das pequenas acabam sendo mais aliados de governos, porque são mais impactos pelas políticas públicas. Isto não acontece com Bolsonaro, que é o primeiro presidente a buscar a reeleição a estar em segundo lugar nas pesquisas.

Confira a argumentação do cientista político, baseado em alguns gráficos divulgados na página:

“Tem uma informação nas pesquisas de opinião que explica muito o desempenho dos candidatos, mas que é pouco considerado: o tamanho do município. O de hoje mostra os resultados da mais recente pesquisa Ipec para os principais candidatos por tamanho de município.

São 3 categorias e cada uma delas representa proporções semelhantes de eleitores, girando em torno de 1/3 da amostra (varia de 31% para os maiores e 37% para os intermediários). O interessante é que a imagem mostra comportamentos distintos em direção e intensidade.

Na verdade, são três comportamentos distintos”.

 


“Lula tem mais intenção de voto nas duas pontas. Nos pequenos, com menos de 50 mil habitantes, e naqueles com mais de 500 mil habitantes. A linhas horizontais mostram os limites da margem de erro para a média de d votos dele, 47%

Veja como nas três categorias de tamanho, Lula fica fora da margem de erro geral. O segundo comportamento é oposto e inclui o desempenho de Bolsonaro, Ciro Gomes e Indecisos+brancos+nulos.

Eles têm menos votos nas pontas e ganham na categoria intermediária, de municípios entre 50 e 500 mil habitantes. Nos três casos as variações ficam todos dentro da margem de erro geral, como se vê nas intenções de voto em BoIsonaro, em torno de 31% nas três categorias.

O mesmo vale para Ciro, com 7% e para indecisos+brancos+nulos, com 9%. O terceiro comportamento é o de Simone Tebet, com 5% de média, cujas intenções de voto aumentam conforme cresce o tamanho do município. Nos maiores municípios Tebet empata numericamente com Ciro Gomes.

Mas, ela perde força conforme diminui o tamanho do município, embora as variações também fiquem dentro da margem de erro. Agora, olhando para os tipos de municípios, aqueles com até 50 mil habitantes são os que mais dependem de políticas públicas e tendem a ser governistas.

Não é o caso de 2022. Definitivamente, a estratégia do governo de distribuir recursos em políticas sociais na véspera da eleição não surtiu o efeito esperado. Em condições normais o candidato à reeleição deveria ter melhor desempenho nos pequenos municípios do que opositores.

A categoria intermediária, de 50 a 500 mil habitantes, é caracterizada pelos municípios que são centros regionais ou integrantes de regiões metropolitanas de capitais e grandes centros. É nesses municípios onde a proporção de evangélicos fica acima da média nacional.

Isso ajuda a entender o melhor desempenho de Bolsonaro e o pior de Lula. Já os maiores municípios, acima de 500 mil habitantes, são capitais ou grandes centros que, historicamente, são oposicionistas. Em geral, candidato contra o governo tem maior preferência nesses locais.

Isso ajuda a entender o desempenho de Lula na categoria de maiores municípios. Por fim, ao que tudo indica, votos brancos+nulos deverão ficar próximos do desempenho de Ciro e Tebet. Ciro Gomes está com intenção de voto espelhada em Bolsonaro.

O fato de Ciro não conseguir avançar nos maiores municípios indica que o eleitorado não o identifica como oposição. Já Simone Tebet apresenta um comportamento típico de candidata de oposição, porém, com baixa intenção de votos.

Se a eleição terminará ou não no primeiro turno depende do que acontecerá nos próximos dias nas regiões metropolitanas, municípios entre 50 e 500 mil habitantes.

E como estava o desempenho dos outros presidentes candidatos à reeleição em relação ao tamanho do município, na reta final do primeiro turno das campanhas de 1998, 2006, 2014 e 2022”.

 

 

“O gráfico mostra o desempenho de FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro no mesmo momento da campanha, por tamanho de município. Antes, um aviso: as eleições compreendem 24 anos, portanto, é natural que existam diferenças nas pesquisas quanto a agregação das categorias de tamanho.

Então, excetuando Dilma e Bolsonaro, não dá para comparar diretamente os percentuais. O objetivo aqui é olhar as tendências e posições dos presidentes à reeleição entre pequenos, médios e grandes municípios, pois em todos os casos eles foram agregados em três categorias.

As pesquisas foram realizadas entre 15 e 20 de setembro de cada ano. FHC e Dilma apresentam o mesmo comportamento, com diferenças de magnitude de votos. FHC fica acima de Dilma, mas, os dois contam com mais apoio entre pequenos, caem nos médios e pioram nos grandes municípios

Lula se aproxima de FHC e Dilma nos pequenos, onde também está seu melhor desempenho. Cai entre os médios e cresce um pouco nos maiores em 2006. Bolsonaro apresenta comportamento distinto. Tem pior desempenho nos pequenos e grandes e melhora um pouco nos médios.

Bolsonaro tem os piores percentuais de intenção de voto nas três categorias. Ele empata numericamente com Dilma nos municípios maiores e fica na margem de erro com Dilma nos municípios médios. Lula, mais acima, também fica na margem de erro com Dilma nos municípios médios.

FHC foi o único candidato à reeleição que conseguiu vitória no primeiro turno. Lula e Dilma foram reeleitos no segundo turno. Bolsonaro é o único candidato à reeleição que ao final do primeiro turno encontra-se em segundo lugar nas pesquisas eleitorais.

Mas, o que explica a diferença de intenções de voto por tamanho de município em eleições com presidente candidato? É que em disputa por reeleição o eleitor tende a partir de uma avaliação retrospectiva para perguntar: “o que você andou fazendo por mim ultimamente?”

Se a resposta foi positiva, ele vota na manutenção. Se não, ele busca um opositor.

Em geral, populações de municípios pequenos são mais sensíveis e dispostas a reconhecer os efeitos diretos de políticas públicas – não apenas políticas sociais.

Bons resultados no cenário econômico local são mais facilmente identificados com intervenção do governo. Já em municípios maiores os eleitores não sentem tão diretamente os efeitos de políticas públicas e tendem a não perceber bons feitos pelo governante.

Eleitor de grandes municípios tem mais facilidade em se aproximar de candidatos oposicionistas. A chave para reeleição é mostrar ao eleitor que a vida dele melhorou por conta das políticas públicas. E isso é mais fácil de se fazer em municípios menores do que nos maiores.

O gráfico mostra que evidentemente o problema para Bolsonaro está em não conseguir “interiorizar”. Ele empata com Dilma, que foi reeleita no segundo turno, nos médios e grandes, mas fica muito abaixo nos pequenos.

Bolsonaro é o único candidato à reeleição abaixo de 35% em todas as categorias e, nos pequenos municípios, ela é ainda mais baixa. Os presidentes reeleitos até aqui tiveram mais apoios em pequenos municípios. Mas, atenção, associação não significa determinação.

Depois de 2 de outubro eu faço um gráfico com os resultados consolidados das votações dos quatro candidatos em suas disputas de reeleição, por tamanho de município. Usarei os dados dos boletins de urna que são disponibilizados pela Justiça Eleitoral ao público desde sempre.

Posso antecipar que nos três casos, os resultados não variaram muito em relação ao apresentado nas pesquisas de opinião 15 dias antes do primeiro turno”.

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