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ELEIÇÕES/2024

Márcia Huçulak critica negacionismo da Saúde nas eleições e vê riscos para população

14/10/2024
márcia

Ex-secretária de Saúde de Curitiba, a deputada estadual Márcia Huçulak (PSD) criticou nesta segunda-feira (14) posições negacionistas que vêm sendo expostas na área de saúde – principalmente relacionadas à pandemia de covid-19 – nas eleições municipais de Curitiba. Trata-se de postura “rasteira, mentirosa e irresponsável”, afirmou.

Segundo Márcia, a falta de propostas concretas e sem bases técnicas confiáveis, traz também riscos para piora dos serviços utilizados pela população.

Responsável por todo gerenciamento das exitosas medidas da capital durante a recente pandemia de covid-19, a deputada foi apontada como responsável “pelos piores anos de Curitiba” pela candidata do PMB que disputada o segundo turno na capital, Cristina Graeml, que já indicou uma médica polêmica conhecida como Doutora Cloroquina (Raíssa Soares) para a secretaria de saúde de Curitiba, caso seja eleita.

“Ela promove desinformação deliberadamente, fiel ao que faz de melhor: destilar mentiras e incentivar o ódio”, disse Márcia.

Márcia lembrou a importância da ciência para as melhores práticas para gestão de Saúde: “Remédio para piolho não mata vírus da covid. Remédio para malária não mata vírus da covid. Se matasse, Manaus (no Amazonas), onde o uso da cloroquina já era frequente por causa da malária, não teria quatro vezes mais mortes pela covid do que Curitiba”.

Durante a pandemia, Raíssa Soares defendeu o uso de remédios comprovadamente ineficazes e foi uma crítica das vacinas.

Por dez meses, Soares foi secretaria municipal em Porto Seguro (Bahia), em 2021.

“Curitiba teve a menor taxa de letalidade [número de mortes] entre as grandes cidades, em todas as faixas etárias”, lembrou Márcia. “Porto Seguro, com 160 mil habitantes, não chega a 10% da população de Curitiba, o porcentual de óbitos foi muito maior. Na faixa de 50 a 59 anos, 40% contra 28%; na faixa acima de 80 anoa, 59% contra 71%”, exemplificou.

De acordo com a deputada, sem as medidas tomadas, Curitiba poderia ter tido o dobro ou triplo das quase 9 mil mortes causadas pela covid na cidade.

“A pandemia representou a maior crise sanitária do planeta em cem anos. A pior! Não foi só Curitiba que sofreu; o mundo inteiro sofreu”, afirmou. “Me sinto com o coração sereno e com a sensação de dever cumprido.”

Veja a íntegra do discurso proferido nesta segunda-feira na Assembleia Legislativa

“Senhoras e senhores, colegas deputadas e deputados,

Subo a esta tribuna hoje com um sentimento de indignação, mas também com o senso de responsabilidade, especialmente quando o assunto é Saúde Pública.

Na semana passada, fui alvo de infâmia vinda da candidata negacionista.

De forma totalmente raivosa, como lhe é peculiar, a candidata atribuiu a mim e à atual gestão do município, “os piores anos vividos por Curitiba”, em decorrência da pandemia de covid-19.

Toda vez que eu for atacada com mentiras, vou responder neste espaço, que é o legítimo lugar de fala dos parlamentares.

É lamentável que um tema que teve um tratamento de excelência em nossa capital seja alvo de uma provocação tão rasteira, mentirosa e irresponspável.

A pandemia representou a maior crise sanitária do planeta em cem anos de História. A pior. Para toda a Humanidade.

Não foi só Curitiba que sofreu; o mundo inteiro sofreu.

Todos hão de se lembrar das imagens de cidades ao redor do planeta, com corpos empilhados em caminhões frigoríficos, hospitais abarrotados, mortes em profusão. Insegurança geral.

As sucessivas declarações da candidata irada, demonstram claramente seu total desconhecimento sobre questões básicas de saúde pública.

Ela promove desinformação deliberadamente, fiel ao que faz de melhor: destilar mentiras e incitar o ódio.

Esconde sua ignorância tentando transformar gestão de saúde em rixa ideológica.

É de um primarismo assustador: ‘médicos de direita’ versus ‘médicos de esquerda’.

Cada um de nós tem suas inclinações políticas, e isso é normal numa democracia.

Mas vamos respeitar o mais elementar bom senso. Epidemiologia não tem bandeira. O comportamento dos vírus não respeita ideologia. Ideologia não coloca remédio na prateleira das unidades de saúde, tampouco, promove a mellhoria do cuidado das pessoas.

Com a irresponsabilidade, o negacionismo e o radicalismo que movem sua postura política, a candidata anunciou para a Secretaria de Saúde de Curitiba, caso seja eleita, uma pessoa conhecida como “Doutora Cloroquina”, que se notabilizou durante a pandemia por trabalhar contra medidas sanitárias básicas, estimulando o uso de medicações comprovadamente ineficazes, além de dizer em vídeo compartilhado que as vacinas causavam doenças autoimunes e que a variante ômicron não resultou em nenhuma morte, o que é mais uma mentira deslavada.

A figura, portanto, se empenhou em iludir as pessoas, causando-lhes sofrimento ou mesmo morte com a mentira de estar tratando a covid-19.

Eu tive, sim, a responsabilidade de coordenar todo o trabalho de combate à pandemia na nossa capital, sob a liderança do prefeito Rafael Greca e do vice Eduardo Pimentel.

Com base na ciência e na gestão – com profissionais muito bem formados e qualificados – construímos ao longo dos anos o melhor sistema de saúde pública das capitais do Brasil. E não sou eu que digo isso, todos os ministros da saúde do governo anterior e a atual equipe do Ministério da Saúde e OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) reconhecem que o Sistema Único de Saúde de Curitiba é dos melhores.

Esse sistema que foi fundamental durante a pandemia de covid-19.

Nosso planejamento e as ações que implantamos foi referência para muitas cidades e resultaram no melhor desempenho no enfrentamento na pandemia.

Tivemos a menor taxa de letalidade – o menor número de óbitos, entre as capitais. A famosa “Doutora Cloroquina” que a candidata cita como uma sumidade em saúde, na cidade onde foi secretária, por dez meses em 2021, teve percentualmente mais óbitos que Curitiba, relativos aos casos graves. Em todas as faixas etárias.

Vou citar alguns exemplos: Em Curitiba na faixa etária de 50 a 59 anos o percentual de óbitos foi de 28% em Porto Seguro sob o comando da dra cloroquina foi de 40%, na faixa etária de 80 anos e mais em Curitiba 59%, em Porto Seguro 71%. Na média Porto Seguro uma cidade ao Sul da Bahia, com 160 mil habitantes, não chega a 10% da população de Curitiba, teve um percentual de óbitos maior que Curitiba.

Ora, poupem a minha inteligência.

Remédio para piolho não mata o vírus da covid. Remédio para malária não mata o vírus da covid. Se assim fosse Manaus não sucumbiria e teria a maior número de mortes por Covid no país, quatro vezes o número de Curitiba. Lá a cloroquina é usada frequentemente por conta do controle da malária.

A solução veio pela vacina, pela ciência que o mundo tem à disposição e à qual a Doutora Cloroquina e sua candidata também se opõem.

Me sinto com o coração sereno e com a sensação de dever cumprido.

Curitiba poderia ter tido até o dobro ou o triplo dos quase 9 mil óbitos registrados por covid.

Fico imaginando se a pandemia tivesse ocorrido sob uma eventual administração da candidata jornalista e da “Doutora Cloroquina”.

Seriam pelo menos 30 mil curitibanos e curitibanas com suas vidas ceifadas pela ideologia e pela ignorância.

Não tenham dúvida disso!

Que gestor público minimamente consciente de suas responsabilidades pode defender — mesmo que por ignorância — tantas mortes evitáveis para se promover ideologicamente?

E preciso dizer ainda, que a inteligência artificial nenhuma dá conta de atender com eficiência uma população de quase dois milhões de habitantes, numa estrutura complexa, com 109 unidades de saúde, 9 UPAs, laboratório de exames clínicos, quase 20 hospitais entre públicos e filantrópicos, SAMU que atende 1.200 pessoas por dia. Juntos, todos os nossos serviços de saúde do SUS atendem 66 mil pessoas por dia. Vou repetir – 66 mil pessoas por dia, que é mais que toda a população de 369 municípios do Paraná.

Inteligência artificial não pode estar a serviço da negligência política de quem quer se mostrar uma coisa que não é.

O discurso que se envereda para o mundo da opinião, porta-voz de extremismos e não raro de fake-news só demonstra o interesse que hoje está muito em voga: causar, lacrar e promover polarização e radicalismo que em nada ajudam o povo. “Quem perde com isso é toda a população.

Não podemos nos render ao pântano do negacionismo e das mentiras, que nos remete a um mundo onde vidas acabam pela simples ignorância dos problemas reais das pessoas.

Muito obrigada pela atenção!”

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(Foto: Orlando Kissner/Alep)

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