Desde os primórdios, o homem mantém grande atração pelos animais. Inicialmente, as atividades de caça eram essenciais para o consumo de proteínas. Gradativamente, essa relação se intensificou pela domesticação, mantendo-os em áreas delimitadas. O passo seguinte foi a criação de diferentes raças de animais domésticos de várias espécies, tanto para companhia quanto para o consumo de carne e outros produtos.
Quanto aos animais silvestres, o fascínio evoluiu para a criação dos zoológicos, que, segundo registros, data de 6.000 a.C. Outros documentos indicam locais onde os animais eram mantidos expostos à visitação. O primeiro zoológico no Brasil foi inaugurado em 1888 pelo Barão de Drumond, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, atualmente denominado Bioparque do Rio. Outra fonte cita a criação do Zoológico do Pará, em 1895, por Emílio Goeldi, eminente naturalista e zoólogo de origem suíço-alemã.
Os recintos destinados aos animais silvestres eram apenas para a sua exposição e para evitar fugas. A área disponível, na maioria dos casos, era muito pequena e inadequada para a manutenção do bem-estar dos animais, e tampouco havia um olhar atento para essas condições. A captura na natureza ou a importação de outros países era comum, sem que houvesse critérios técnicos adequados, por exemplo, para as construções e para a sua manutenção sob cuidados humanos. Graças às ciências voltadas à etologia, à fisiologia, entre outras, o conhecimento para prover o máximo conforto aos animais vem evoluindo, tanto no quesito bem-estar físico quanto no mental. Com o aprimoramento da legislação e das instruções normativas do Ibama, criaram-se critérios mínimos para a sua manutenção fora de vida livre.
Os animais silvestres expostos à visitação fazem parte de algo mais amplo, que foge ao conhecimento da grande maioria das pessoas. Ir ao zoológico traz a expectativa de visualizar os animais, o que é natural. Mas, mais que isso, técnicos, tratadores e todos os responsáveis que trabalham nos zoológicos têm o importante papel de proporcionar tratamento digno aos animais (sempre fundamentado no conhecimento científico sobre protocolos, métodos e conceitos), priorizando o seu bem-estar, condição inegociável, prioritária e fundamental na sua missão.
Muitas pessoas também não sabem que grande parte dos animais dos zoológicos são oriundos de apreensões feitas por órgãos ambientais, muitas vezes devido ao tráfico (crime, segundo a Lei 9.605/98). Outros provêm de apreensões por maus-tratos, de circos e também do comércio ilegal. São espécimes que infelizmente já não podem retornar à natureza. Assim, aqueles que estão sob ameaça de extinção, muitas vezes integram projetos de conservação, também um dos mais nobres objetivos dos zoológicos e dos criadores científicos.
Com a finalidade de sensibilizar os visitantes dos zoológicos sobre suas responsabilidades para com o meio ambiente, existem excelentes projetos de educação ambiental para a conservação das espécies. A pauta é elaborada por educadores especializados, com uma abordagem diferenciada para cada perfil de público visitante, especialmente nas visitas escolares, cuja organização pedagógica é preponderante.
No entanto, é perceptível o nível de rejeição de alguns segmentos, que se opõem ao que denominam exploração comercial dos animais. Porém, como as apreensões por transgressões legais diversas resultam em graves problemas para os animais, sabe-se que se não fossem os zoológicos para abrigar muitos deles, não haveria como mantê-los dignamente. A manutenção dos animais silvestres apreendidos é dever do poder público, o que não ocorre na razão direta da necessidade. Visualizar os animais continua sendo um atrativo para os seres humanos. Mas, quando os visitantes dos zoológicos, de qualquer idade ou classe social, tomam conhecimento do que tem sido feito para a conservação das espécies, quando acompanham atividades de educação ambiental, de condicionamento para maior acesso em avaliações clínicas e para o seu tratamento, quando entendem que há um grande esforço de equipes especializadas, com dedicação incondicional ao bem-estar dos animais, a experiência de simples visualização se transforma em verdadeiro encantamento.
É preciso conhecer para entender e apoiar!
Marcos Traad é Diretor Técnico do Grupo Cataratas. Graduado em Zootecnia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Mestre e Doutor pela Universidade Federal do Paraná. Foi Pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná e Professor Titular da PUCPR.
Boa tarde ,excelente parabéns ao meu amigo Marcos Traad,sucesso….