Febre nas redes sociais, é cada vez mais fácil encontrar vídeos de crianças mostrando sua rotina de cuidados com a pele, testando maquiagens, esmaltes, hidrantes e produtos para cabelos.
Por trás desse conteúdo, no entanto, um cenário que preocupa médicos e psicólogos, já que a maioria desses cosméticos são feitos para adultos. Em longo prazo, o uso pode afetar a saúde mental e física das crianças e jovens.
Para Gabriela Kramer, endocrinologista pediátrica e médica cooperada da Unimed Curitiba, esses produtos contêm substâncias que afetam o sistema endócrino e trazem riscos para a saúde das crianças. Um exemplo são os batons e os brilhos labiais, que muitas vezes são ingeridos quando em contato com a boca e a língua.
“A absorção intestinal das crianças é maior que a dos adultos, só que elas têm uma imaturidade de enzimas e, por isso, menor capacidade de eliminar os resíduos tóxicos do que um adulto”, alerta.
São produtos que também interferem na parte hormonal e podem, por um lado, levar à puberdade precoce e, por outro, afetar o crescimento. As substâncias podem ainda levar a problemas neurológicos como TDAH e depressão, à obesidade e afetar o sistema imunológico.
A médica diz ainda que o uso de maquiagens por crianças não é recomendado por pediatras, mas que há produtos do tipo específicos para elas. O mesmo acontece com protetores solares e repelentes, feitos a partir de substâncias adequadas ao público infantil.
O acompanhamento pediátrico periódico é a melhor forma de prevenir doenças e contaminações. “Não há um exame ou tratamento específico para pacientes que entrem em contato com essas substâncias, mas as consultas de rotina com o médico especialista ajudam a identificar alterações na saúde da criança por ter o histórico do paciente”, aponta.
Além dos produtos de beleza
Não são só os cosméticos que podem causar danos. A médica alerta ainda para as substâncias encontradas na composição de diferentes embalagens plásticas, como a mamadeira e também em potes de comida que, ao atingirem altas temperaturas, podem soltar componentes químicos prejudiciais.
Sorvetes com corante, sprays de cabelo, massinhas e slimes também podem ser fontes de contaminação.
Para prevenir, a médica orienta que pais sempre leiam os rótulos das embalagens e fiquem atentos à composição dos produtos. Outra dica é sempre verificar se há o selo de Inmetro, que indica que o objeto passou por testes.
Leia outras notícias no HojePR.