Divulgado em agosto, o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU 2022) mostra que o Brasil ainda descarta 30 milhões de toneladas de resíduos em lixões sem qualquer estrutura de tratamento. O estudo é realizado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana, em parceria com a PwC Brasil, e revela que 50% das cidades brasileiras não evoluíram na gestão do lixo e mantêm o modelo ambientalmente inadequado que foi identificado no primeiro levantamento, elaborado em 2016.
Lixo e ODS
No Sul do País, 90% dos municípios já descartam seu lixo de forma correta e a região é a única com perspectiva de extinguir totalmente os lixões até 2030. Assim, deve atender aos compromissos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, de reduzir o impacto ambiental negativo decorrente da má gestão de resíduos para evitar a contaminação do solo e recursos hídricos, poluição atmosférica, perda de biodiversidade e proliferação de doenças.
Lixo e reciclagem
A gestão correta do lixo patina em grande parte do País e a reciclagem acompanha a estagnação. Nos últimos 7 anos, a média de reaproveitamento de resíduos está parada na faixa média de 3,5%, com exceção do Sul, que tem uma taxa de 8%. Segundo o ISLU 2022, 60% das cidades brasileiras não instituíram qualquer modelo de cobrança para coleta, tratamento e descarte de resíduos sólidos, descumprindo o Marco do Saneamento de 2020. Sem sustentabilidade financeira para garantir o custeio do sistema, a tendência é que sejam mantidos os baixos índices de destinação correta do lixo.
ESG é agro
Duas das maiores organizações setoriais do Paraná anunciaram avanços no engajamento à pauta do desenvolvimento sustentável. A Federação da Agricultura (Faep) criou uma diretoria específica para cuidar da agenda ESG. O processo de estruturação do setor ficou sob a responsabilidade de Fabiana Campos, profissional que acumula longa experiência no tripé da sustentabilidade – ambiental, social e econômico.
Bússola da indústria
A Federação das Indústrias (Fiep) iniciou a captação de dados para a elaboração da terceira edição da Bússola da Sustentabilidade industrial. A iniciativa quer traçar um perfil das empresas e identificar oportunidades de fortalecimento desta cultura dentro das organizações. A pesquisa quer ouvir proprietários e gestores para conhecer processos nas áreas de planejamento, produção, pessoal, meio ambiente, cadeia de suprimentos e distribuição.
Visita ilustre
Criador do conceito de sustentabilidade (Triple Bottom Line), que abrange aspectos econômicos, sociais e ambientais das empresas, o sociólogo inglês John Elkington esteve no Paraná a convite da Klabin. Conheceu as unidades da empresa em Ortigueira e Telêmaco Borba e foi apresentado a iniciativas da companhia com foco no desenvolvimento sustentável, além de inovações na área de florestas e produção de papel e celulose.
Capitalismo e clima
John Elkington faz consultorias para grandes grupos econômicos, é palestrante frequente em debates globais sobre sustentabilidade e um crítico voraz de setores econômicos poluidores, principalmente a cadeia do petróleo. Para ele, os executivos de companhias que prejudicam o ambiente deveriam ser levados à Justiça. Na passagem pelo Brasil, falou à Folha de S. Paulo que o capitalismo, do jeito que é praticado, não resolverá os problemas climáticos e sociais do planeta.
Visão do Brasil
Na entrevista, Elkington diz que a percepção do mundo sobre o Brasil é ruim e que não vê condições para melhorar isso. Para ele, a elite política e empresarial não colabora para tornar a imagem do País melhor. “Acho que o Brasil tem as condições e algum tipo de superpoder, mas não com essa classe política atual e provavelmente também não com a maioria de seus líderes empresariais”, declarou.
Sobre ESG
Para John Elkington, o surgimento de movimentos contrários às práticas ESG e sustentabilidade revela a dificuldade de mudança da cultura produtiva e falta de interesse de grupos econômicos em adotar meios de produção sustentáveis. “Qualquer movimento social ou empresarial com poder suficiente — e com alguma intenção radical — ameaçará os interesses dos investidores e das indústrias tradicionais”, avalia.
Energia e clima (I)
O mundo deve dobrar a oferta de energia gerada de fontes limpas nos próximos oito anos para limitar o aumento da temperatura global. Os investimentos para que isso aconteça precisam triplicar. Só assim o mundo pode alcançar o compromisso de emissão líquida zero até 2050. Este é o resumo de um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que informa que o setor energético gera cerca de três quartos das emissões globais de gases de efeito estufa.
Energia e clima (II)
Para a OMM, a transição para formas limpas, como solar, eólica e hidrelétrica, além de avanços para a melhoria da segurança e da eficiência energética, é essencial para reduzir o risco de mudanças climáticas mais severas, tornar o clima mais extremo e evitar o estresse hídrico. “O tempo e a mudança do clima são os desafios do que requer uma transformação completa do sistema energético global”, informa a organização.
Foto: Antoine Giret/Unsplash
Excelente descrição dos pontos importantes para que tenhamos de fato um caminho para estabelecer o desenvolvimento sustentável no Brasil. Ou avançamos num grande pacto nacional, que seja viável sob o ponto de vista da sua execução, ou continuaremos com o discurso dissociado da prática.