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Moradores da região da Pedreira reclamam da atuação de flanelinhas em dias de show

06/05/2025
flanelinhas

Da Redação

No último fim de semana, o HojePR recebeu, dos seus leitores, uma série de reclamações e denúncias em relação ao trânsito no entorno da Pedreira Paulo Leminski em dias de evento. A queixa não é nova e ocorre em todo show: ruas bloqueadas, sentidos alterados, ausência de agentes de trânsito habilitados e, talvez a mais grave, “flanelinhas” usando coletes de trânsito e cobrando da população, de forma truculenta, valores altíssimos para estacionar carros.

No último sábado (3) foi realizado o Warung Day, evento de música eletrônica que teve início às 12h e terminou por volta de 1h de domingo. A Prefeitura de Curitiba alertou, em seu site, que seriam realizados bloqueios de trânsito na região. “Os bloqueios poderão acontecer a qualquer momento, dependendo do público e se for constatado risco de acidente”, dizia a matéria.

O que chamou atenção foi um vídeo encaminhado ao portal. Nele, um morador da região conversa com um flanelinha que explica como funciona o “serviço” deles em dias de eventos.

Segundo ele, quanto mais perto da Pedreira, mais caro é o estacionamento. “Lá embaixo é R$ 70, R$ 80. Aqui pra cima é 30 pila”, disse ele. O flanelinha em questão atende as proximidades da Igreja do Abranches, que fica, aproximadamente, a 1km da portaria da Pedreira.

“A gente fica até uma hora depois do show cuidando, tudo certinho, ninguém mexe porque a gente é da região”, explica o rapaz. O morador insiste e reforça, mais de uma vez, os valores praticados pelos cuidadores. “Lá embaixo se pagar 70, 80, também pode estacionar”, pergunta ele. “Pode, aí os piás cuidam lá”, confirmou o flanelinha.

A reportagem do HojePR entrou em contato com a Superintendência de Trânsito da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito. Em nota enviada ao portal, a Setran disse que “não cabe aos agentes de trânsito fiscalizar a ação de “flanelinhas”, cuja exigência de pagamento de valores a condutores revela conduta ilegal”.

De acordo com a nota, “a Prefeitura de Curitiba orienta que, em situações desta natureza, sejam acionadas a Polícia Militar pelo telefone 190, ou a Guarda Municipal pelo telefone 153, para pronta intervenção, registro da ocorrência e encaminhamento dos envolvidos à delegacia policial”.

A atuação dos flanelinhas, no entanto, preocupou a Superintendência de Trânsito de Curitiba, que garantiu que medidas para coibir os excessos devem ser adotadas.

Na nota, o órgão reforça que a “Prefeitura de Curitiba, por meio da Guarda Municipal, desencadeará, em parceria com os demais órgãos de segurança pública, ações de inteligência para identificar os envolvidos, e operações para coibir essas condutas ilegais”.

Homem usando colete de trânsito com a inscrição “Apoio Trânsito”. Não se sabe se é agente do Setran pois não há identificação do órgão no colete. É possível notar que a subida da Rua Antônio Krasinski, normalmente uma via de mão dupla, está bloqueada para o trânsito

Ausência de agentes da Setran

Outra reclamação recorrente dos moradores da região diz respeito à ausência de agentes de trânsito habilitados para orientar a população. Em dias de eventos na Pedreira, várias ruas são bloqueadas para trânsito de veículos. Outras sofrem alteração de sentido. Os moradores, porém, reclamam que os flanelinhas bloqueiam e alteram o sentido das ruas de acordo com a própria conveniência e, muitas vezes, sem que a Prefeitura saiba.

“Até a rua Nilo Peçanha teve parte da via bloqueada pelos flanelinhas para permitir estacionamento. Isso nunca aconteceu. Uma pista inteira foi bloqueada por eles”, denunciou um morador que pediu anonimato.

Outro denunciou que a rua Antônio Krasinski, normalmente uma via de mão dupla, tem, em dias de show, seu sentido alterado para mão única. “Aí os cuidadores chegam cedo e colocam cones logo no início da rua, na esquina com a João Gava, impedindo a gente de subir para o Abranches”, diz ele. “A razão é que eles bloqueiam todo um lado da rua para quem vier aos shows poder estacionar pagando os valores absurdos que eles exigem”, completa.

Segundo os dois moradores, não havia, neste sábado, nem agentes de trânsito nem carros do Setran nas ruas da região da Pedreira.

Outro homem vestindo colete sem identificação, também na Antônio Krasinski, bloqueando a rua

Segundo a Setran, havia agentes no local e eles “atuam para organizar os pontos de bloqueio e o trânsito nas vias mais movimentadas no entorno da pedreira, estando, em todas as situações, devidamente identificados e com viaturas caracterizadas”.

A reportagem do HojePR esteve no local e não encontrou veículos do órgão nas ruas próximas ao local do evento. Havia, porém, várias pessoas usando coletes de trânsito, no entanto, nenhum com identificação da Prefeitura de Curitiba ou da Superintendência de Trânsito.

Na matéria em que alerta sobre as alterações de trânsito no dia do Warung, a Prefeitura cita que “monitores da organização do evento e agentes da Superintendência de Trânsito (Setran) da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito (SMDT) estarão no local para orientar motoristas e pedestres”.

O HojePR perguntou à Superintendência de Trânsito quem seriam esses “monitores da organização do evento” e se eles seriam pagos pela administração da Pedreira, mas o órgão não fez nenhuma menção sobre isso na nota enviada ao portal.

Nas imagens acima, na Rua João Gava, homens vestidos com coletes de trânsito sem qualquer identificação. Segundo os moradores, seriam flanelinhas

Leia a nota na íntegra

A Superintendência de Trânsito (SETRAN), diante do caso relatado pelo portal Hoje Paraná, esclarece que a situação não possui qualquer relação com a atuação profissional dos agentes da Setran.

Os agentes da SETRAN atuam para organizar os pontos de bloqueio e o trânsito nas vias mais movimentadas no entorno da pedreira, estando, em todas as situações, devidamente identificados e com viaturas caracterizadas.

Frisamos que não cabe aos agentes de trânsito fiscalizar a ação de “flanelinhas”, cuja exigência de pagamento de valores a condutores revela conduta ilegal.

A Prefeitura de Curitiba orienta que, em situações desta natureza, sejam acionadas a Polícia Militar pelo telefone 190, ou a Guarda Municipal pelo telefone 153, para pronta intervenção, registro da ocorrência e encaminhamento dos envolvidos à delegacia policial.

A Prefeitura de Curitiba, por meio da Guarda Municipal, desencadeará, em parceria com os demais órgãos de segurança pública, ações de inteligência para identificar os envolvidos, e operações para coibir essas condutas ilegais.

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