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27/04/2024



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Nena Inoue

 Nena Inoue

Entre as manifestações artísticas do Paraná, sem dúvida o Teatro é a mais pujante. E é uma história que não vem de tanto tempo assim. Para se ter uma ideia, a primeira escola de arte dramática de Curitiba foi formada em 1951, pelo Sesi. Da primeira turma surgiram nomes como Lala Schneider, José Maria Santos e Edésio Passos, que teriam grande importância para as futuras gerações de atrizes, atores e dramaturgos locais.

Com a reinauguração do Teatro Guaíra, em 25 de fevereiro de 1955, a cena se fortalece. A imponência da indústria cafeeira e da produção de erva mate, então no seu auge, colocou o Estado na mira financeira das companhias do eixo Rio-São Paulo. Havia aqui um mercado consumidor interessante.

Em 1956, Ary Fontoura e Glauco Flores de Sá Brito criaram o Teatro Experimental Guaíra, primeiro grupo estável de peso na cidade. Aí vieram os anos 1960 e a fundamental criação do Teatro de Comédia do Paraná. O TCP nasceu de um curso de teatro de curta duração oferecido pelo Teatro Guaíra em 1962. Com a intenção de recriar um grupo oficial, a diretoria do Guaíra convidou o ator e diretor teatral Cláudio Corrêa e Castro para desenvolver a ideia e ocupar o cargo de diretor. Cláudio trouxe para Curitiba alguns dos nomes que se destacavam no eixo Rio-São Paulo para atuar e lecionar (no projeto Curso Permanente de Teatro), como o casal Nicete Bruno e Paulo Goulart, além de Leonor Bruno e Sílvia Paredo. Daí surge uma tradição de produção e consumo de Teatro que evolui com o tempo e culmina num evento da importância do Festival de Teatro de Curitiba.

Nossa personagem de hoje, Nena Inoue, nasceu em 1960, em Córdoba, Argentina. E em 1977, com os pais recém separados, se muda para Curitiba para cuidar de sua mãe e de sua irmã mais nova e se inscreve, vejam só, no Curso Permanente de Teatro – CPT, da Fundação Teatro Guaíra, onde inicia sua formação teatral.

Em 1978, atua em A Praça do Pensamento e passa a integrar o Grupo Nós, de Laerte Ortega e, desde então, nunca mais parou de fazer teatro, seja atuando, produzindo ou dirigindo. Trabalhou com os mais diversos profissionais e entre eles, destaca os diretores Ademar Guerra, Felipe Hirsch, Oraci Gemba, Sergio Brito, Aderbal Freire-Filho, Paulo José, entre outros… Na minha opinião é a maior atriz de uma grande geração de atores e atrizes, como Guilherme Weber, só pra citar um de seus expoentes.

Além disso, criou os grupos Teatroca, Cia. de Atores e de 2000 a 2009 o ACT – Ateliê de Criação Teatral, junto com Luís Melo. É fundadora e coordenadora do Espaço Cênico, atuante desde 1997. E ainda foi Diretora Artística do Centro Cultural Teatro Guaíra, de 2006 a 2009.

Conheci Nena Inoue mais profundamente em 2021, quando participei da produção da filmagem da leitura dramática dos 22 poemas de A Caverna dos Destinos Cruzados, livro escrito por mim e Monica Berger e publicado pela editora Demônio Negro em 2019. Após ler o livro, o ator e performer Ricardo Nolasco, um dos fundadores do grupo Selvática Ações Artísticas, nos sugeriu o projeto. Monica, então, convidou sua amiga Nena Inoue para ler os poemas com Nolasco. Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida: passamos uma noite e madrugada direto filmando aqueles dois grandes atores interpretando nossos poemas. O resultado pode ser visto aqui.

 

 

Nena Inoue participou em mais de 80 espetáculos e por sua atuação e produção recebeu vários Prêmios do Troféu GRALHA AZUL. E em 2019, o PRÊMIO SHELL DE MELHOR ATRIZ do Brasil, por seu monólogo Para Não Morrer, de Francisco Mallmann, escrito à partir da obra de Eduardo Galeano.

Em meio a toda esta atividade teatral, Nena ainda tem tempo para ser uma das líderes dos produtores de cultura de Curitiba. Recentemente, encabeçou uma negociação com a Prefeitura da cidade que resultou numa série de melhorias na Lei Municipal de Incentivo à Cultura:

– aumento do limite de destinação de recursos para incentivo cultural para até 3% da receita do Imposto sobre Serviços (ISS) e do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A atual legislação prevê até 2%;

– alteração do prazo para execução dos projetos, ampliado de seis para 12 meses, dando aos artistas e produtores mais tempo de produção e possibilitando também o incremento qualitativo do produto final;

– a possibilidade de contratação de pareceristas para análise de mérito dos projetos do Mecenato Subsidiado, o que também impacta na qualidade final dos produtos culturais. Atualmente, os pareceres são emitidos pelos membros da Comissão do Mecenato, que trabalham de forma voluntária. Com as mudanças, a análise de mérito dos projetos, tanto do Fundo Municipal da Cultura quanto do Mecenato Subsidiado, será feita por um corpo próprio de pareceristas remunerados.

Aplausos de pé para Nena Inoue, a nova grande dama do teatro paranaense.

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