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07/05/2024

FILMES & SÉRIES

No filme ‘Clube Zero’, jovens buscam na alimentação uma lógica para a vida

Um grupo de alunos está em uma sala, distribuído em um círculo. Todos vestem amarelo. Aos poucos, eles começam a explicar o porquê de estarem naquela aula extracurricular: necessidade de mais créditos escolares, vontade de mudar o mundo, ter uma alimentação mais saudável. Que aula é essa?

 

Clube Zero, novo filme da cineasta Jessica Hausner (de Little Joe: A Flor da Felicidade), logo revela o que quer contar: a jornada de uma classe em uma aula de reeducação alimentar.

 

Por esses diferentes motivos, apresentados no início pelo texto de Hausner e de Géraldine Bajard, os jovens resolveram entrar nessa aula e entender mais sobre alimentação. No comando do “curso”, a srta. Novak, vivida pela ótima Mia Wasikowska (A Colina Escarlate).

 

Mas qual o objetivo disso? Filmes não precisam ter alguma mensagem ou intenção, mas devem despertar alguma coisa – um sentimento, uma emoção. Clube Zero se mantém na neblina: sabemos como a história está prosseguindo, acompanhamos os passos dos personagens na escola, mas não há muita clareza.

 

O único ponto realmente evidente é o trabalho estético de Hausner. A diretora, que passou pelo Festival de Cannes com essa produção, deixa claro que está se inspirando nos enquadramentos e cores do cineasta Wes Anderson e na apatia proposital, e um tanto estranha, do cinema grego moderno – com Yorgos Lanthimos como seu propulsor.

 

Não há problema nessa inspiração, desde que sirva aos objetivos da trama. Mas quais são eles? Até Anderson, cineasta norte-americano tão preocupado com o minimalismo de suas cenas, mandou tudo às favas com Asteroid City, quando deixou as tramas meramente simpáticas para abraçar a profundidade de um tratado existencialista sobre o luto.

 

Depois de apresentar os objetivos de vida de cada um dos alunos no início, naquele círculo em que contam os motivos que os levam a mudar a alimentação, Clube Zero anda a esmo, apenas preocupado com essa estética moderninha.

 

Pertencer ao grupo

Hausner chega a tocar em alguns temas interessantes, como a relação entre a escola e os pais dos alunos, assim como entre professores e estudantes, mas parece se afastar de questões espinhosas com medo de se complicar ainda mais – Sala dos Professores, indicado para o Oscar de melhor filme internacional em 2024, mergulha nesses temas com mais profundidade.

 

Na era em que vídeos de dancinhas atingem milhões de visualizações e jovens se sentem pertencentes à grandiosidade do mundo mesmo se deparando com o vazio, Clube Zero tenta refletir sobre isso, mas sem compreender de fato os dilemas dessa geração

 

“Tem a ver com o desejo de pertencer a um grupo e de encontrar sentido, fazer parte de algo que lhe dê a sensação de que vale a pena viver a vida”, disse a diretora ao site The Moveable Fest. Pode até haver certa intenção de falar sobre cultos, pertencimento e efeito manada. Mas a trama logo se afasta desse propósito e o filme acaba vítima do que mais critica, embarcando sem rumo em modas.

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(Foto: Reprodução)

(Estadão Conteúdo)

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