A política no Brasil virou um balaio de gatos, onde não se preza a lealdade nem tampouco o valor da palavra e do compromisso. Se vivo fosse, o ex-governador José Richa teria vergonha de ver no que se tornou o PSDB nacional. Não aceitaria o balcão de negócios que se tornou o partido que ajudou a fundar e jamais permitiria a lamentável intervenção que culminou com o fim da candidatura de Cesar Silvestre ao Senado.
Ao impedir o ex-prefeito de Guarapuava de levar adiante sua candidatura ao Senado, o PSDB nacional se apequena e revela sua falta de rumo, bem diferente dos princípios e da força que tinha quando foi criado por figuras importantes no cenário político nacional como José Richa, Euclides Scalco e Mario Covas.
Ao se permitir ser um partido auxiliar da candidatura do senador Alvaro Dias, em nome de uma Federação mal articulada e de uma aventura sem futuro, a da senadora Simone Tebet (MDB) à presidência, o PSDB nacional joga no lixo as raízes da sua criação, quando a fidelidade partidária não cedia às pressões da traição e da deslealdade, e impõe ao diretório estadual o vexame de descartar uma candidatura própria e com enorme potencial de crescimento.
Esse é o estilo, no entanto, de Alvaro Dias. Nada diferente do que há anos se observa na sua carreira política. Em 1987, traiu José Richa e promoveu uma ensandecida caça às bruxas a leais companheiros que fizeram parte do seu governo.
Traiu também o filho, Beto. Em 2010, preterido como candidato ao governo do Paraná pelo partido, acusou o diretório paranaense do PSDB de “não ter competência legal para escolher candidato”. O ataque daquela época era a Beto Richa, escolhido para disputar aquela eleição justamente contra o irmão de Alvaro, Osmar Dias, e que hoje preside um partido refém dos desmandos da executiva nacional e que se vê obrigado a aceitar a esdrúxula e incômoda presença de Alvaro Dias em seu palanque no Paraná.
Vale lembrar que, em 2010, se não tivesse sido preterido pelo PSDB paranaense, Alvaro trairia Osmar, obrigando o irmão mais novo a abrir mão da sua candidatura para não promover uma disputa entre os dois. Esse é o estilo do senador que, por onde passou, e não foram poucos os partidos, deixou um rastro de discórdia. Sempre em nome dos seus objetivos pessoais.
Na imagem do início desse texto, a fundação do PSDB, um fragmento esquecido pelos atuais dirigentes. Uma época em que se fazia política com ética, princípios, lealdade e respeito, com líderes preocupados com os rumos do país e da sua sociedade, bem diferentes dos aventureiros que hoje comandam o partido.
Na política de hoje em dia tudo se esquece. O que se combinou ontem, não vale amanhã. Cesar Silvestri Filho está aprendendo isso da pior maneira possível. Ficam as lições.