A obesidade é uma doença crônica reconhecida como uma epidemia global, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e suas consequências estão diretamente ligadas à qualidade e expectativa de vida das pessoas. No Brasil, atualmente, existem cerca de 41 milhões de pessoas acima de 18 anos com obesidade, correspondendo a 26% da população. Um estudo publicado pela World Obesity Federation (WOF) em 2023 traz o dado de que em 2035 a previsão é de que os brasileiros com obesidade sejam 41% da população.
Um levantamento da OMS revela que 10 milhões de pessoas morrem, todos os anos, por causa dos diferentes tipos de tumores malignos, sendo os cinco tipos de cânceres mais comuns: mama, pulmão, colorretal, próstata e o de pele.
De acordo com informações do INCA, estudos demonstram que atualmente o excesso de peso é um dos principais riscos para o desenvolvimento de câncer no Brasil. A obesidade está relacionada, por exemplo, ao aumento do risco de 13 tipos de câncer, entre eles os tumores de esôfago (adenocarcinoma), estômago (cárdia), pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino (cólon e reto), rins, mama (mulheres na pós-menopausa), ovário, endométrio, meningioma, tireoide e mieloma múltiplo e possivelmente associado aos de próstata (avançado), mama (homens) e linfoma difuso de grandes células B.
A médica nutróloga Dra. Andrea Pereira, cofundadora da ONG Obesidade Brasil, relembra que a ajuda profissional é a forma mais efetiva de tratar a obesidade, já que isso deve ser feito de forma multidisciplinar e engloba diferentes frentes, como prática regular de atividade física, reeducação alimentar, acompanhamento psicológico, medicação e cirurgia bariátrica.
“O excesso de peso, além de estar associado a diversos outros problemas de saúde como diabetes, pressão alta, asma, gota, dor de cabeça, aumento de colesterol, sobrecarga do sistema ósseo e articular, ainda leva a uma pior resposta ao tratamento desses cânceres, mais casos de mortalidade, complicações e maior toxicidade”, explica a especialista.
O cirurgião bariátrico e presidente da ONG Obesidade Brasil, Dr. Carlos Schiavon, Coordenador de Ensino e Pesquisa do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo diz que a cirurgia altera diversos aspectos da vida dos pacientes e deve ser avaliada como opção de tratamento.
“O primeiro aspecto é a própria relação com a comida, já que os pacientes passam a comer porções menores e alimentos menos calóricos e mais saudáveis. A perda de peso facilita a prática de atividade física que era difícil de ser realizada antes da cirurgia e muitas vezes acompanhada de dores. Temos estudos também que já comprovam o controle de hipertensão e diabetes após a realização da bariátrica. A autoestima também tem uma grande melhora”, conta Schiavon.
Psicóloga e presidente da ONG Obesidade Brasil, Andrea Levy também reforça que o primeiro passo ainda é vencer o preconceito para a busca do tratamento, já que ainda existem muitas pessoas que acreditam que a obesidade não é uma doença. “As pessoas relacionam a obesidade à falha de caráter, falta de força de vontade ou algo que seja fácil de controlar, mas isso não é verdade. Ela é uma doença crônica e precisa de tratamento”, conclui Andrea.
Sobre a ONG Obesidade Brasil
O Instituto Obesidade Brasil é a primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade e surge com o objetivo de conscientizar e trazer informações claras e objetivas, sempre com mentoria científica, com linguagem acessível sobre obesidade, prevenção, diagnóstico, tratamento, novas tecnologias e direcionamento aos centros públicos e gratuitos de atendimento, ajudando da melhor forma possível.
A ONG foi fundada em fevereiro de 2020 para conscientizar pessoas de que a obesidade é uma doença multifatorial e crônica e conta com um Conselho Científico composto por especialistas colaboradores de todo o território brasileiro, de perfil multidisciplinar, que adota o conceito de saúde universal e trabalha para que todos tenham acesso à ajuda médica especializada.
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