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Aniversário 332 anos

O que faz Curitiba ser Curitiba

28/03/2025
marcia huçulak

Por Márcia Huçulak *

A hora de apagar velinhas para celebrar o início de um novo ciclo normalmente nos remete a uma avaliação de vida, daquilo que realizamos, que caminhos seguir e aonde queremos chegar.

Aniversário é um momento de reflexão e quando se trata de comemorar os 332 anos de uma cidade como Curitiba, ela ganha a dimensão de quase 2 milhões de pessoas.

Para quem, como eu, participa ativamente da vida pública da cidade há mais de 37 anos, é gratificante celebrar os avanços de uma cidade que respeita e valoriza seus moradores e, por isso, é um exemplo para o mundo em várias áreas.

Reconhecer e comemorar projetos e ações que deram certo não significa dizer que esteja tudo perfeito. Ao contrário, só exige que façamos ainda melhor, sob pena de estagnar.

Como diz o prefeito Eduardo Pimentel, a cidade é uma permanente construção. A clareza dessa ideia traduz a complexidade da missão. Também mostra como os anos ao lado de Rafael Greca – único três vezes eleito pelo voto popular para o cargo – inspiraram o atual líder da nossa cidade.

Ótimo que seja assim.

Uma característica bem curitibana é a sequência de bons administradores (com as inevitáveis exceções). Essa é, aliás, uma das explicações para a cidade ser destaque entre as capitais brasileiras.

Política pública bem-sucedida necessita de continuidade e tempo para ser implementada, maturada e aprimorada, gerando os resultados esperados. Sem gestores que entendam isso, muitos projetos promissores podem fracassar.

Imaginem grandes marcos de Curitiba. Como a cidade seria se algum sucessor da primeira gestão de Jaime Lerner (1971) tivesse desconstruído o calçadão da Rua XV, então tornado exclusivo para pedestres? Ou reaberto as canaletas exclusivas para o transporte coletivo (um marco do transporte mundial e que tanta diferença faz no ir-e- vir de milhares de pessoas todos os dias até hoje)?

São exemplos que me parecem claros da importância de se respeitar os resultados de ações eficientes de cada prefeito. Essa ideia extrapola para dezenas de programas e ações que uma cidade do porte de Curitiba necessariamente precisa tocar – todos os dias.

Na Saúde, minha área de especialidade e uma das mais sensíveis para a população, os avanços precisam ser permanentes e contínuos.

A recente pandemia foi um caso didático. Não teríamos os bons resultados que tivemos no combate ao vírus da covid-19 não fosse o robusto sistema de saúde, servidores eficientes, planejamento e execução ágeis – uma construção de anos, que faz a Saúde pública curitibana ser reconhecida por especialistas como a melhor entre as capitais do país.

Também não teríamos os bons resultados caso não tivéssemos resolvido a grave situação orçamentária que atingia não só a Saúde, mas a cidade toda anos antes.

Portanto, sem ter solucionado (a partir de 2017) um problema financeiro que deixava, por exemplo, a Secretaria de Saúde sem remédios para a população (um problema herdado da gestão anterior), o combate à covid-19 seria muito mais difícil do que foi – e, lembremos, foi o maior desafio mundial de saúde em cem anos!

Com a covid-19 foi tudo muito rápido e surpreendente, mas quando a pandemia chegou tínhamos condições de enfrentar o vírus – e o fizemos com muita determinação, salvando milhares de vidas e não deixando de atender ninguém.

Além dos momentos de crise, o trabalho também é hercúleo no dia-a-dia. São mais de 66 mil pessoas atendidas nas UPAs, SAMU, Unidades Básicas e internamentos todos os dias. Todos os dias.

Sustentabilidade ambiental é outro belo exemplo. Curitiba foi pioneira no início dos anos 1990, décadas antes de o tema entrar definitivamente na pauta, em decorrência dos claros efeitos das mudanças climáticas.

O que começou com uma inédita separação de “Lixo que Não é Lixo” se desenvolveu e ganhou envergadura. Trinta anos depois, Curitiba continua na vanguarda, tendo instalado a primeira usina solar num aterro sanitário desativado da América Latina. O que era um lugar sem uso se transformou num gerador de energia limpa.

Curitiba ainda levou geração de energia solar aos prédios públicos, alavancou o programa Amigo dos Rios, criou o programa de plantio de 100 mil árvores (um sucesso tão grande que já ultrapassou as 500 mil), ampliou o programa EcoCidadão (que gera fontes de renda para população mais vulnerável).

A Capital Ecológica cresceu e se mantém como exemplo de sustentabilidade a ser seguido – referência que se repete na educação, na mobilidade urbana, na infraestrutura, nos serviços eficientes para os cidadãos, na responsabilidade fiscal, no respeito às mulheres e à diversidade, na nossa cultura única e múltipla, no turismo que encanta os visitantes…

A cidade se reinventa para abraçar todos os seus cidadãos e cidadãs.

Manter essa engrenagem funcionando e avançando é tarefa que exige preparo e empenho.

A experiência de Curitiba, em seus diversos aspectos, deixa clara que gestão pública precisa de planejamento de longo prazo, eficiência de ação e senso de urgência sempre que necessário.

Juntar esforços também é importante. Alinhar ações e apoios entre município, parlamento, governos estadual e federal é parte fundamental do processo.

Tenho me dedicado a isso com afinco desde que fui eleita a uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná. Deixei a gestão pública no Executivo, mas continuo acompanhando e apoiando as boas políticas públicas, ajudando a manter a vocação da nossa capital e de seu povo, que é nunca deixar de evoluir.

A História de Curitiba transformou a cidade em sinônimo de qualidade de vida.

Isso não acontece à toa.

Vamos celebrar!

Parabéns, Curitiba!

* Márcia Huçulak é deputada estadual (PSD-PR) e ex-secretária de Curitiba. Tem mestrado em Planejamento de Saúde pela Universidade de Londres e especialização em Saúde Pública pela Fiocruz.

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