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Orgulho de ser nerd: Shinobi Spirit reuniu milhares de fãs de cultura pop em Curitiba

10/05/2023

Por Isabella Honório

 

Animes, RPG, filmes e séries, k-pop, mangás, cosplays e videogames. Todos os mundos que fazem parte da cultura geek se encontraram na 26ª edição do Shinobi Spirit, que aconteceu no último fim de semana (6 e 7) em Curitiba. O evento, que é o maior do gênero no Paraná, tomou o Espaço Torres Kennedy e reuniu fãs de várias idades para celebrar a “festa nerd”. Além da estrutura, com dois palcos, espaço gamer, exposição de artesanatos e venda de artigos para fãs, a lista de convidados não decepcionou. Influenciadores, dubladores, podcasters, artistas e tatuadores marcaram presença.

 

O fim de semana foi agitado para os fãs de cultura pop. O cronograma de sábado contou com a apresentação dos grupos de k-pop Candy Killer e VIP. A tarde seguiu com dois painéis de peso no palco principal, a começar por Isadora Basile, apresentadora do Omelete e apreciadora de Tolkien e e-sports. O dublador Ricardo Juarez, voz de personagens icônicos como Kratos (God of War), Johnny Bravo, Melman (Madagascar),  Taz-Mania e Tygra (Thundercats), também apareceu para trocar uma ideia. Depois do concurso de karaokê e cosplay, a noite do primeiro dia terminou com a Balada Geek, com dicotecagem do DJ Jackyzilla.

 

Já o domingo começou com muita dança. Além da tradicional Matsuri Dance, com Vila Oculta do Pinhão e de Random Play Dance, com Gabs, rolou o Concurso de K-pop seguido da participação do influenciador, coreógrafo e dançarino sul-coreano Go-Toe, que desceu do palco para dançar com a galera. A festa terminou com o Concurso de Cosplay – onde não apenas o figurino importava, mas também a performance do personagem também – e a apresentação da Banda Otaku, com um repertório com openings de anime.

Cosplayers

Influenciador, coreógrafo e dançarino sul-coreano Go Toe

O destaque do dia foi o painel sobre true crime com Mabê Bonafé, apresentadora do podcast que conta e analisa crimes e criminosos, Modus Operandi, e o jornalista Ivan Mizanzuki, responsável pelo podcast investigativo ‘Projeto Humanos – O Caso Evandro’ e autor dos livros-reportagem ‘Até o Fim da Queda’, ‘Arcano XV’ e ‘O Caso Evandro: Sete acusados, duas polícias, o corpo e uma trama diabólica’. O público, formado em sua maioria por jovens, encheu os podcasters de perguntas curiosas. Mabê declarou em entrevista sua felicidade em participar do Shinobi Spirt pela primeira vez: “Achei a galera muito receptiva. Dá para ver que eles realmente consomem nosso conteúdo e não caíram de paraquedas nesse mundo. Eu curti bastante”.

 

Trazer um gênero como true crime para um evento com um público formado na maioria por jovens exige cuidados. Apesar do crescente apelo popular de produções do gênero, o tema exige responsabilidade. “Independente da faixa etária a gente sempre tem um cuidado para falar sobre esse conteúdo, mas quando falamos sobre jovens temos que salientar a importância de tratar sobre as vítimas, não romantizar, não tratar [o criminoso] como herói”, declarou a apresentadora. Ivan compartilha a mesma opinião: “com o público mais jovem nosso trabalho serve muito para mostrar ‘olha, esses crimes acontecem e é assim que se faz para evitar algo assim no futuro’ e entender a dimensão do que as vítimas viveram. Não dá para transformar isso aqui em entretenimento”.

 

Além dos convidados e competições nos palcos, não faltavam stands, exposições e salas temáticas para aproveitar. Os flashs de tatuagens que remetem ao universo nerd fizeram sucesso no Tattoo Alley, marcando a paixão dos fãs na pele. Já os artesãos e artistas ganham espaço para expor e vender suas produções no Crafts Alley e no Artists Alley, que ficava localizado no centro do evento em destaque. Lojas de camisetas, acessórios e objetos de decoração também faziam parte do cenário. Uma sala também foi dedicada aos amantes de videogames, com uma arena para jogos de realidade virtual (VR).

Mabê Bonafé e Ivan Mizanzuki

Expositores do Artists Alley

Para todas as tribos

A festa geek nem sempre teve tanta repercussão. Rogério Ramos, idealizador do Shinobi Spirit, conta que o evento começou como um pequeno projeto, que acontecia em espaços menores. O formato foi inspirado em outros eventos de cultura pop que ele, grande fã desde criança, já havia frequentado. O Shinoni Spirit, que acontece desde 2009, tem o objetivo de ser um encontro entre tribos onde todos podem ser o que quiser. Recentemente, o evento teve sua relevância reconhecida pela Assembleia Legislativa do Paraná, entrando para o calendário oficial de eventos turísticos do estado.

 

Além disso, o evento é financiado pelo próprio público, através da venda de ingressos. O Shinobi Spirit acontece sem a venda de bebidas alcoólicas. Rogério explica que a decisão – tomada pensando no fato dos fãs poderem curtir o evento simplesmente por seu conteúdo e programação – impossibilita que as grandes marcas de bebidas, que geralmente patrocinam eventos desse tipo, invistam no projeto. O empresário explica que é necessário pensar fora da caixa: “É preciso colocar na cabeça dos empresários regionais e nacionais a importância de investimento em um evento onde não existe consumo de bebida alcoólica e onde as pessoas estão pela cultura e gastam muito dinheiro com seu hobbie. É uma oportunidade de negócio muito boa, mas é difícil de explicar isso para as pessoas”.

Cosplayer

Arena VR

O restaurante – Shinobis Pop Culture & Food

Um cantinho onde caibam vários universos. Essa é a ideia do restaurante Shinobis, que fica no centro da cidade, próximo à Reitoria da UFPR. O estabelecimento, que também é administrado por Rogério, existe desde 2021 e faz parte do conceito gastrogeek. As referências à cultura pop estão presentes desde a decoração criativa até o cardápio – que conta com hambúrgueres, lamen e porções.

 

Rogério conta que o restaurante surgiu da necessidade: “Já era um projeto antigo, mas daí veio a pandemia e os eventos pararam. Então o Shinobis surgiu como um braço do Shinobi Spirit e para mostrar para as pessoas a ideia do evento em si, de não existir preconceitos e de poder estar em um universo diferente a cada passo”. A casa também conta com karaokê e recebe eventos como sessões de RPG. Para mais detalhes confira o perfil do Shinobis no Instagram @shinobiscwb.

Shinobis Pop Culture & Food (Foto: Shinobi)

Tudo no restaurante faz referência à cultura pop, da decoração ao cardápio (Foto: Shinobi)

Quem é Rogério Ramos?

Idealizador e sócio-proprietário do Shonibis Pop Culture & Food e do Shonibi Spirit, Rogério (34), conta que sofreu bullying na infância por ser nerd, mas superou os obstáculos e resolveu criar um espaço sem preconceitos para os fãs de cultura pop. Confira a entrevista exclusiva ao HojePR:

 

HojePR: Como começou sua paixão pela culura pop?

Rogério: Com Cavaleiros do Zodíaco, na TV Manchete.

 

HojePR: Como a cultura pop mudou a sua vida?

Rogério: Eu morava na área periférica da cidade, era bem marginalizada. Por causa da cultura pop, do videogame que eu precisava traduzir, eu comecei a aprender inglês e a buscar informações sobre outras línguas. Por isso eu falo que a cultura pop mudou a minha vida. Porque daí eu consegui sair daquela bolha social e se abriram novas oportunidades para mim.

 

HojePR: Você contou que já sofreu bullying por ser nerd. Acredita que hoje existe menos preconceito? 

Rogério: Hoje em dia com a difusão da cultura pop e com a entrada da internet, acho que o preconceito caiu bastante. Hoje o nerd é mais respeitado e as pessoas entendem mais. O preconceito vem do não conhecer, então acho que agora está bem melhor.

 

HojePR: Na sua opinião, porquê não vemos cultura pop brasileira ser produzida e consumida?

Rogério: A cultura pop em geral hoje não chega à grande massa. Hoje não existe uma programação para os jovens, mas você vê programas policiais em todos os canais. Eu acho que um dos grandes problemas da cultura pop, e principalmente na cultura pop brasileira, é essa pouca preocupação das mídias tradicionais em estar divulgando essa área.

 

HojePR: Se defina em um personagem.

Rogério: Acho que o Naruto me representa muito bem. É um personagem que era o excluído na sua infância e lutou para ter o reconhecimento das pessoas e se tornou um hokage – o líder da vila. Eu me identifico muito com isso”.

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(Fotos: Isabella Honório)

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