Oppenheimer, de Christopher Nolan, venceu em sete categorias do Oscar, incluindo a de melhor filme. A vitória do longa sobre a criação da bomba atômica encerrou uma premiação que abordou diversos problemas atuais, com filmes – e discursos – sobre temas como paz, guerra, raça e política sindical.
O longa disputava em 13 categorias e levou algumas das principais, como melhor produção do ano, diretor (Nolan), ator (Cillian Murphy) e ator coadjuvante (Robert Downey Jr.). Todos recebidos com muita ovação.
O silêncio, porém, imperou no teatro quando diretor Mstyslav Chernov, de 20 Dias em Mariupol, discursou sobre sua conquista como melhor documentário. “Esse é o primeiro Oscar conquistado pela Ucrânia. Mas eu devo ser o único diretor de cinema a dizer isso neste palco: eu desejaria nunca ter feito este filme. Eu o trocaria pela possibilidade de a Rússia nunca atacar nossas cidades”, disse. “Que a verdade prevaleça.”
O tom político também se refletiu na vitória de Zona de Interesse como melhor produção internacional. Em seu discurso, o diretor Jonathan Glazer fez menção ao conflito que acontece na faixa de Gaza. “Todas as nossas escolhas foram feitas para refletir e nos confrontar no presente. Nosso filme mostra onde a desumanização leva ao seu pior momento”, disse ao receber o Oscar.
Os aplausos dentro do Dolby Theatre contrastaram com as manifestações que ocuparam algumas ruas de Los Angeles contra o conflito entre Israel e o Hamas. A polícia da cidade tentou evitar que se aproximassem do teatro, mas não conseguiu impedir atraso na chegada de algumas estrelas, como Lily Glastone que, apesar de considerada favorita, perdeu o Oscar de atriz para Emma Stone e seu papel em Pobres Criaturas.
Questões sobre raça também foram abordadas quando Cord Jefferson subiu ao palco para receber o Oscar de melhor roteiro adaptado por Ficção Americana, rodado em Boston. “Uma das diferentes facetas dessa cidade são os negros. É importante, para mim, refletir a diversidade da experiência negra. Somos tão matizados e complexos quanto qualquer outro grupo de pessoas. É importante mostrar a diversidade dentro da diversidade. Nenhuma pessoa negra contém a totalidade da experiência negra.”
Tons políticos, aliás, marcaram a cerimônia desde seu início, quando o apresentador Jimmy Kimmel foi aplaudido de pé no Dolby Theatre ao encerrar seu monólogo de abertura com uma saudação aos trabalhadores sindicalizados que trabalham nos bastidores. Isso depois de algumas semanas que atores e roteiristas garantiram benefícios após uma greve que durou meses.
Como contraste, a cerimônia contou com momentos eletrizantes, como Slash, guitarrista da formação clássica da banda Guns N’ Roses, arrasando no palco durante a apresentação da canção I’m Just Ken, performada pelo ator Ryan Gosling – outra música do filme Barbie, aliás, foi eleita a melhor canção original do ano: What Was I Made For?, de Billie Eilish e seu irmão, Fineas O’Connell.
Ternos momentos, com Sean Lennon desejando feliz dia das mães (comemorado na Inglaterra) para a sua, Yoko Ono, depois da vitória de War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko como melhor curta de animação. E também com boas surpresas, como a melhor animação para o japonês O Menino e Garça: o veterano Hayao Miyazaki derrotando o então favorito Homem Aranha.
Outra surpresa foi a entrada do ator americano John Cena praticamente nu para anunciar o vencedor de melhor figurino. Ele recriou, de uma forma mais comportada, um momento marcante da cerimônia de 1974, quando um ativista entrou pelado no palco e surpreendeu David Niven que estava para chamar Elizabeth Taylor para anunciar o melhor filme.
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