A Academia de Ciências e Artes Cinematográficas anuncia nesta terça-feira (17) sua lista de pré-indicados ao Oscar 2025, com muita expectativa de que Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, figure entre os filmes pré-selecionados ao prêmio de Melhor Filme Internacional. Ao todo, 15 filmes formarão esta lista preliminar de indicados, com as indicações de fato sendo reveladas em 17 de janeiro.
Representante selecionado pelo Brasil para a premiação, Ainda Estou Aqui ganhou destaque na mídia internacional, que elogiou a temática e a execução do longa, assim como a atuação de Fernanda Torres como Eunice Paiva. Confira abaixo tudo o que você precisa saber sobre o longa:
O que o ‘New York Times’ falou sobre ‘Ainda Estou Aqui’?
Além da crítica positiva ao filme, o artigo “Sucesso de bilheteria no Brasil gera expectativas de Oscar – e de um acerto de contas” ainda avalia as chances de Fernanda Torres receber uma indicação à maior premiação de Hollywood. Ainda que admita que a atriz brasileira tem a forte competição de Angelina Jolie (Maria Callas) e Nicole Kidman (Babygirl), o texto ainda dá espaço para que Fernanda consiga uma indicação, sugerindo que ela “seguirá um caminho notavelmente parecido com o de sua mãe”.
O que a BBC falou sobre ‘Ainda Estou Aqui’?
Enaltecendo a “performance de notável força discreta” de Fernanda Torres, o veículo britânico também afirma que “poucos filmes criam uma representação tão singular dos efeitos de longo prazo de tais tragédias sobre aqueles que ficam para trás”.
De acordo com a publicação, que viu críticos da BBC selecionarem os 20 melhores filmes de 2024, Ainda Estou Aqui “revela o longo luto de Eunice de forma elegante, mostrando como as ações políticas e suas repercussões podem tirar a vida das pessoas completamente dos trilhos.”
Como ‘Ainda Estou Aqui’ é avaliado no exterior?
Lançado no Festival de Veneza, Ainda Estou Aqui arrancou elogios de alguns dos principais veículos de cultura pop estrangeiros. O Deadline, por exemplo, chamou o longa de Walter Salles de “uma carta de amor ao Brasil” em sua crítica.
O The Guardian definiu Ainda Estou Aqui como um “drama sombrio e sincero sobre os desaparecidos da nação”. Já a Variety destacou a melancolia passada pelo filme, que não acontece “por causa de uma sensação de desgraça iminente, mas porque essas cenas soam como memórias e, por mais felizes que sejam, as memórias são sempre tristes em algum nível.”
Quem foi Eunice Paiva?
Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva nasceu em São Paulo, em 1929. Casada com Rubens Paiva, com quem teve cinco filhos, em 1954. No início de 1971, Eunice e Rubens foram presos, e ela passou 12 dias sendo interrogada pelos membros do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Rubens nunca reapareceu.
Desesperada para saber o que aconteceu ao marido, Eunice dedicou a vida a cobrar autoridades por respostas sobre o paradeiro dos desaparecidos na ditadura, tornando-se advogada e militante pelos direitos humanos. Depois de se formar em direito, ela comandou a pressão que levou à aprovação da Lei 9.140/95, que reconheceu como mortos os desaparecidos em razão de participação em atividades políticas durante a ditadura militar.
Quem foi Rubens Paiva?
Rubens Beyrodt Paiva nasceu em Santos, em 1929. Filho do prefeito de Eldorado, ele iniciou sua carreira política já na faculdade, servindo como militante no movimento estudantil, presidente do Centro Acadêmico Horácio Lane (CAHL) da Escola de Engenharia do Mackenzie, e vice-presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP). Casado com Eunice Paiva em 1952, ele teve cinco filhos.
Em 1962, ele se elegeu Deputado Federal por São Paulo como membro do Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB. Seu mandato seria cassado em 1964, com a instauração da ditadura militar.
Nos anos 1960, Rubens chegou a fugir para Iugoslávia e França, antes de retornar para o Brasil e se mudar com a família para o Rio de Janeiro. O ex-deputado voltou a trabalhar como engenheiro, mas manteve contato com outros exilados, em segredo.
Em 1971, ele foi levado de sua casa por agentes armados da ditadura, mudando o rumo de sua família. A admissão da morte de Rubens por parte do Estado veio apenas em 1995.
O que acontece em ‘Ainda Estou Aqui’?
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui segue a vida da família Paiva, focando na mudança radical de vida pela qual Eunice Paiva passou após o desaparecimento e morte de Rubens Paiva, vivido por Selton Mello no longa. O longa de Walter Salles retrata como Eunice, mãe de cinco filhos, dedicou sua vida ao ativismo político e busca por justiça após o sequestro do marido pelas mãos do Estado durante a ditadura militar vivida no Brasil entre os anos 1964 e 1985.
Por que assistir ‘Ainda Estou Aqui’?
De acordo com Luiz Zanin Oricchio, crítico do Estadão, Ainda Estou Aqui traz um drama que “chega aos poucos, como a invasão sutil de uma casa, até se instalar por completo”, se contrapondo a um prólogo alegre e vivaz, que “respira no entra e sai de crianças e adolescentes vizinhos, amigos de praia, adultos próximos do casal”.
Ainda de acordo com o crítico, Ainda Estou Aqui conta com “cenas poderosas, que vão agregando sentido à saga de uma família, e correm em paralelo com a história do país naqueles anos de chumbo”. “Sem deixar de ser incisivo (pelo contrário), [Ainda Estou Aqui] elimina os perfis heroicos e as atrocidades, como a tortura, em outros filmes tratada em registro de naturalismo cru. Opta pela discrição, sempre, e pela alusão em lugar do confronto direto. Assim fazendo, talvez consiga, como se diz hoje, furar a bolha e atingir públicos maiores, menos interessados em obras ostensivamente políticas, porém sensíveis a dramas familiares.”
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(Foto: Sony/Divulgação)