O racismo nas escolas brasileiras tem sido tema de debates nas últimas semanas, com denúncias emergindo de diversos cantos do país, tanto em instituições públicas quanto privadas. No estado do Paraná, em especial, a polícia investiga pelo menos dois casos, que envolvem acusações contra alunos e também professores.
Para mudar esse cenário, a especialista em diversidade Flávia Silva enfatiza a importância de um engajamento ativo por parte de pais e educadores. Natural de Salvador, Flávia esteve em Curitiba conduzindo um bate papo com as famílias e uma série de palestras no Colégio Santo Anjo, uma das maiores escolas da cidade, com três mil alunos do berçário ao ensino médio. O objetivo é chamar a atenção para a necessidade de reconhecimento e ação.
A especialista cita a filósofa e escritora Angela Davis, conhecida por sua atuação na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, para ressaltar a importância de ser atuante na causa, não apenas evitar atitudes racistas. “Angela fala que, em uma sociedade racista, não adianta apenas não ser. É preciso ser antirracista. Ou seja, é preciso de fato praticar e estar engajado na mudança. Ser um aliado no combate. O racismo adoece as vítimas. Mas essa é uma doença que pode ser evitada.”
Para a diretora do colégio, Siona Boiko, reconhecer que o problema existe na sociedade e trazê-lo para uma discussão séria e recorrente na escola, em todas as idades, é uma das formas de contribuir para cumprir para a educação antirracista. “Por isso treinamos nossos professores e vamos promover, ao longo de todo ano, uma série de ações de conscientização e esclarecimento para os alunos. Também envolvemos as famílias e as convidamos para falar sobre o tema, porque esse é um trabalho em conjunto.”
Como orientação para os pais, Flávia sugere uma conversa aberta sobre o tema nas famílias. “Acho importante falar com as crianças sobre as diferenças e também sobre o racismo. Esse é um papel da família. É preciso ler, procurar entender a questão e orientar as crianças. Porque elas reproduzem comportamentos preconceituosos desde a infância”, alerta a especialista, citando um caso que viveu aos 10 anos. “Eu sofri preconceito de uma colega enquanto brincávamos, com ofensas muito duras. Ela não sabe, mas eu demorei anos para curar aquela ferida.”
Na prática
Flávia Silva lista quatro atitudes para promover a cultura antirracista, que valem para pais e filhos:
Escute as experiências de colegas que enfrentaram o racismo e pergunte como você pode oferecer apoio ou ser um aliado contra a prática.
Reflita sobre o seu comportamento e procure identificar preconceitos ou estereótipos que você possa reproduzir – como frases e ditos populares que trazem significados racistas.
Procure incluir colegas de todas as etnias em suas atividades sociais e acadêmicas.
Participe e apoie iniciativas escolares que promovam a diversidade e combatam o racismo, como eventos culturais, por exemplo.
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