A integração de pais e responsáveis com as escolas é apontada como um vetor para o desenvolvimento dos estudantes. A ONG Todos Pela Educação apresentou, em 2014, um estudo pioneiro em que coloca como fundamental a participação das famílias no dia a dia das crianças e adolescentes a partir de atividades simples, como conversas sobre a rotina acadêmica, até a participação mais ativa na realidade dessas instituições de ensino.
O estudo dividiu os pais em quatro escalas: ativistas, envolvidos, vinculados e distantes. Quanto maior o vínculo criado por responsáveis com a escola, maior é o desempenho escolar das crianças. No entanto, para que essa ponte seja construída, é preciso também que as escolas estejam prontas para ouvir e receber auxílio das famílias, para assumir o lugar não apenas de um ente formador, mas também de um catalisador do desenvolvimento social da comunidade.
“Para que essa sinergia promova impactos positivos, é preciso a colaboração entre escola e família. Enquanto os pais devem demonstrar interesse pela vida escolar da criança, valorizando suas experiências e conhecimentos construídos, a escola fica com a incumbência de envolver os pais ou responsáveis em vivências significativas, permitindo que participem do cotidiano escolar”, explica Dorojara da Silva Ribas, diretora de Ensino da Educação Infantil do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR).
O primeiro passo é compreender que pais e escolas precisam caminhar para o mesmo sentido: o desenvolvimento acadêmico, social e pessoal dos estudantes. Dessa forma, o objetivo é estabelecer um ambiente colaborativo, em que ambos os lados agem em conjunto, propondo ideias e conceitos para potencializar o trabalho dos professores nas salas de aula.
“Entre os impactos positivos na formação das crianças e adolescentes, podemos citar a motivação para a aprendizagem, os sentimentos de proteção e segurança, a promoção e desenvolvimento de habilidades sociais, o estímulo para prosseguir estudando, a prevenção de abandono da escola, o estímulo aos comportamentos saudáveis, entre outros”, destaca Oralda Adur de Souza, psicóloga, doutora em Educação e autora de livros sobre a relação família e escola pela Editora Opet.
Até porque, o conhecimento passado nas salas de aula também é reverberado fora dos muros das escolas. Além dos deveres de casa, a inserção da educação e de boas práticas de ensino dentro das famílias auxilia os estudantes na formação de uma identidade cidadã e na construção do senso crítico.
O desenvolvimento dessa relação também auxilia no combate a problemas dentro da escola. Um dos exemplos é o bullying, já que a participação dos pais na rotina acadêmica dos estudantes é vital para combater essa prática e fomentar um ambiente mais humanizado dentro das instituições de ensino.
Construindo pontes
“As escolas podem e devem ir muito além das reuniões para entrega de notas ou de momentos festivos para incentivar o diálogo e uma maior participação dos pais ou responsáveis. É necessário que as instituições desenvolvam programas de colaboração com o objetivo de favorecer uma cultura de parceria entre ambas as partes”, complementa a psicóloga.
Programas colaborativos voltados para o desenvolvimento social, emocional, físico e intelectual dos jovens são exemplos dessas interações. O projeto pode ser discutido com a comunidade escolar e ser efetivado ao longo de cada ano letivo, com avaliação de resultados. Essa iniciativa, com coparticipação família-escola, vai além de um simples documento e, para isso, precisa contar com a participação de todos os envolvidos.
As escolas também podem estimular a presença dos pais dentro do ambiente escolar por meio de reuniões pedagógicas periódicas, apresentação de atividades abertas à família, deliberações coletivas, práticas esportivas, festividades e eventos na comunidade, escola de pais e muitas outras ações para tornar o dia a dia da escola mais rico e colaborativo.
“A família desempenha grande influência nas relações das crianças com a escola e sua presença no espaço escolar contribui significativamente no desenvolvimento do sentimento de confiança que vai alicerçar uma cognição efetiva. Crianças adaptadas e seguras, com pais engajados, impactam de maneira significativa o planejamento institucional, pois ratificam valores empreendendo ações que favorecem a todos”, finaliza a diretora.
Leia outras notícias no HojePR.