Um dos assuntos mais comentados da semana foi o chamado “escândalo do Rei do Lixo” da Bahia, um esquema coordenado por uma organização criminosa que, segundo a Polícia Federal (PF), fraudava licitações para desviar recursos de emendas parlamentares. O líder dessa organização, segundo a PF, seria o empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo“, que chegou a ser preso na semana passada e solto na quinta-feira (19).
Segundo denúncia do deputado federal Luciano Bivar (PE), ex-presidente do União Brasil, integrantes da cúpula do partido estão diretamente ligados à essa organização criminosa. Segundo as investigações da PF, pessoas próximas ao senador Davi Alcolumbre (AP) e ao deputado Elmar Nascimento (BA) fazem parte do esquema. “A milícia do Rio [de Janeiro] é trombadinha diante dessa organização”, disse Bivar.
O empresário Marcos Moura Membro é membro da direção do União Brasil e teria sido colocado no cargo pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, de quem é próximo. De acordo com as investigações, Moura possui um avião compartilhado com a irmã do ex-prefeito, Renata Magalhães. Ela não foi alvo da operação da Polícia Federal. O relatório que resultou nas prisões e em 42 mandados de busca e apreensão diz que a organização atuava na Bahia, Goiás, Amapá, Rio de Janeiro e Tocantins. No entanto, uma planilha apreendida lista contratos em 12 estados.
A suposta participação da cúpula do União Brasil no esquema é constrangedora e deveria deixar deconfortável outro personagem do partido, o senador Sergio Moro. Eleito em cima de um discurso de moralidade e combate a corrupção, Moro não fez nenhum comentário sobre o assunto. Seria de se esperar que, por conta de sua atuação como juiz, quando ganhou destaque e notoriedade nas investigações e julgamentos da Operação Lava Jato, Moro fosse mais incisivo. No entanto, até agora o senador manteve-se em silêncio. É de se questionar se o ex-juiz não deveria sugerir uma CPI ou uma investigação mais aprofundada, nos moldes da Lava Jato, para apurar a participação de membros do seu partido em um esquema tão grande de desvios de verbas públicas. Ou o senador paranaense é adepto da velha máxima de que aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei?
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