A professora e pesquisadora, Dayana Brunetto, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) considera um desafio a eleição de um representante legítimo da população LGBTQIA+ paranaense. Especialista na questão de gênero, especificamente relacionada a mulher lésbica, ela entende que essa população enfrenta o conservadorismo, machismo e o preconceito no Estado.
“Historicamente somos um Estado conservador. Somos a terra da Lava-Jato e da República de Curitiba. Esses discursos ajudam a reforçar o pensamento mais a direita dos paranaenses”, aponta Dayana. Ela é professora do Setor de Educação e Didática e pesquisadora de Estudo de Gênero, Sexualidade e Educação da UFPR.
Ela disse que o medo afeta o surgimento de porta-vozes da população LGBTQIA+ no Paraná. “Se prestarmos atenção na adesão a Parada Gay, teríamos com eleger um representante. Mas, apenas por nos posicionarmos, somos ameaçados, inclusive fisicamente. E isto causa medo a quem pensa em se candidatar”, afirma.
Ela cita como exemplo o fato de ter sido eleita uma vereadora negra para a Câmara Municipal de Curitiba (Carol Dartora) e ela ter sofrido ameaça de morte. A própria pesquisadora passou por ameaças que atingiram sua família, filho e companheira. Eles tiveram que mudar de casa e aumentar a segurança de seu filho na escola, quando ainda era uma criança pequena. “Vivemos numa sociedade LGBTfóbica e capacitista, com crescimento de células neonazistas”, afirma.
Dayana torce que surja um nome interessado em disputar a eleição. No entanto, considera que a população LGBTQIA+ deve participar diretamente da vida da sociedade, atuando em organizações independentes do dinheiro público. Ela conta que atua no movimento lésbicas feministas. Durante a pandemia, ajudaram muitas pessoas com alimentos, em especial aquelas deixadas à margem, como mães-solos, profissionais do sexo e imigrantes, entre outros.
Censo lesbo
A pesquisadora conta que participa da primeira pesquisa Censo Lesbo, que levanta o perfil de lésbicas no Brasil. Por meio de um questionário online estão traçando o primeiro levantamento completo dessa população. As informações vão ajudar a criar políticas para lésbicas. Ela conta que não há políticas voltadas as lésbicas. Um exemplo é a falta de protocolos específicos em atendimentos ginecológicos.