Na esteira da Operação Tempus Veritatis – aberta em fevereiro para apurar suposta tentativa de golpe de Estado -, a Polícia Federal apreendeu dois documentos essenciais para a investigação sobre a trama antidemocrática e um plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Um documento, localizado com o general reformado do Exército Mário Fernandes – ex-secretário-executivo da Presidência – ,”continha um verdadeiro planejamento com características terroristas”. Este trazia detalhes sobre condições de execução de Moraes, inclusive com a possibilidade de “uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público” e emprego de armamentos de guerra, como lança rojão e metralhadora
Outro, apreendido com o ‘kid preto’ Hélio Ferreira Lima consiste em “uma planilha detalhada que condensa informações acerca de um planejamento estratégico do Golpe de Estado”.
O documento apreendido com Fernandes tinha o nome “Fox_2017″ e, segundo a PF, “traz em formato de tópicos o planejamento de uma operação clandestina, com demandas de reconhecimento operacional a serem realizadas, demandas para preparação e condução da ação, com indicação dos recursos necessários, demandas de pessoal a ser utilizado e condições de execução”.
Os tópicos do documento:
• Demandas de Rec Op (levantamentos) – com as diligências necessárias, que já estavam em andamento, para identificar o aparato de segurança pessoal do ministro de Moraes, com detalhes sobre segurança, armamentos, veículos blindados, os itinerários e horários. Também havia a descrição de itinerários – “Eixo Monumental”, “Av Exército” e “L4″ – com prováveis rotas de deslocamento entre os locais de frequência e estadia do ministro à época;
• “Demandas para a Prep e Condução da Ação (Meios)” – lista de itens necessários para a execução da operação, com a menção a “6 Tlf Cel Descartáveis (Chip TIM)” – “o método de comunicação, a quantidade de aparelhos e até mesmo a operadora telefônica que seria escolhida para as comunicações durante as atividades de acompanhamento e vigilância do ministro”. Segundo a PF, foi exatamente a estrutura de comunicação utilizada na denominada operação ‘Copa 2022′ “em que militares das Forças Especiais executaram uma ação clandestina no dia 15 de dezembro de 2022, para prender/executar o ministro Moraes na cidade de Brasília”.
• Tópico relacionado à munição que seria utilizada na ação clandestina – Lista com arsenal de pistolas e fuzis (’4 Pst 9 mm ou .40″ e “4 Fz 5,56 mm, 7,62 mm ou .338′) “comumente utilizados por policiais e militares, inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados”. Também havia menção a 1 metralhadora M249 – MAG – MINIMI (7,62 mm ou 5,56 mm), 1 lança Granada 40 mm e 1 lança rojão AT4 – ” armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”
• Tópico sobre riscos e impactos da ação – segundo a PF, o texto cita “diversas condições de execução do ministro Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público”. “Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto”, descreveu a corporação.