Por Gerson Guelmann
Uma manhã de domingo, o gatinho do Rabino Blumenfeld subiu na árvore do jardim da frente da casa e não desceu.
Ele tentou de tudo. Implorou, acenou com os petiscos preferidos, chamou durante horas, e nada. Colocou uma tigela de leite no pé da árvore, trouxe a cesta preferida do gato, mas não adiantou, ele não se moveu.
O Rabino pensou em chamar os Bombeiros, mas refletiu que não seria justo tirar as pessoas de um trabalho tão importante por um motivo tão fútil. Aí, teve uma ideia e achou que poderia solucionar o problema.
Amarrou a ponta de uma corda à árvore, prendeu a outra extremidade no para-choque do carro e começou a move-lo lentamente. A árvore foi dobrando devagar, ele parou o carro e desceu para para ver se podia alcançar o bicho, mas não conseguiu.
Como o gato estava bem alto, o Rabino tentou ir mais para a frente com o carro, mas nesse instante a corda arrebentou e a árvore fez um movimento de chicote, jogando o gato muitos metros para a frente.
O pobre Rabino Blumenfeld ficou desesperado e começou a procurar o gatinho. Perguntou em todos os lugares, sem sucesso, e passou a imaginar que poderia ter acontecido o pior. Aborrecido, torceu para que nada de mal tivesse acontecido com o bichano, de quem gostava muito.
Alguns dias depois, entrando no supermercado ele encontrou Dª Frida, que morava na região, e viu que ela tinha comida de gato na cesta. O Rabino estranhou, porque em outra ocasião, quando ele estava levando ração, ela lhe disse que odiava gatos.
– “Frida, porque você está comprando comida de gato, já que você não suporta o bicho?” – perguntou ele.
– “Eu nem sei como lhe dizer, Rabino” – respondeu ela. – “Minha filha Sara há meses estava me implorando para comprar um gato, mas eu sempre recusava. Alguns dias atrás ela começou a pedir novamente e eu disse que se D-us mandasse um gato, ela poderia ficar com ele. E a menina foi para o jardim, olhou para o céu, e pediu a D-us.”
A essa altura o Rabino já estava espantado e tentando estabelecer uma conexão com o sumiço do seu gato. E a senhora continuou:
– “Eu sei que é difícil acreditar, Rabino, mas eu vi com meus próprios olhos: de repente um gato veio voando do céu, com as patas abertas para se proteger na queda, e caiu bem na frente de Sara. Agora o senhor sabe porque eu estou comprando comida de gato!”.
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GERSON GUELMANN é responsável pelo maior acervo de Humor Judaico em português do Brasil. Diariamente brinda seus leitores com textos inteligentes, saborosos, bem humorados (mas também sérios) no seu Blog do Guelmann. Gentilmente permite reproduzir seus textos aqui no HojePR. Aos nossos leitores, apenas recomendamos: aproveitem!!