Louis Brandeis (1856-1941) foi o primeiro judeu americano a ser nomeado para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Seus pais, Adolph Brandeis e Frederika Dembitz eram emigrantes de Praga, na Bohemia, então parte do Império Austríaco. Ele se formou na Faculdade de Direito de Harvard aos 20 anos com o maior ‘GPA’ da história da escola (a sigla equivale a ‘Média de Notas’). Durante esse período Brandeis enfrentou um significativo antissemitismo, o que sem dúvida não apenas moldou seu caráter como também influenciou sua defesa posterior dos direitos civis e da justiça social.
Sua carreira jurídica foi marcada pelo compromisso com o direito do interesse público, tornando-o conhecido como o ‘advogado do Povo’ por seu trabalho ‘pro bono’. O legado de Brandels ressoa ainda hoje, particularmente em discussões sobre direitos individuais e a luta contra a discriminação. Ele propôs uma nova abordagem de argumentação em casos que usavam evidências baseadas em fatos e não apenas na teoria legal, o que se tornou um pilar do direito constitucional americano, chamado de “Brandeis Brief”.
Em 1890, Brandeis argumentou, em um dos artigos da ‘Harvard Law Review’ mais famosos da história, que o direito à privacidade era inerente ao direito americano, e depois, já no Tribunal, defendeu a liberdade de expressão, sendo o primeiro juiz a fazê-lo. Em uma opinião de 1927, escreveu:
– “Aqueles que conquistaram nossa independência… acreditavam que a liberdade de pensar como quiser e falar como pensa são meios indispensáveis para a descoberta e disseminação da verdade política, já que, sem liberdade de expressão e reunião, a discussão seria inútil…”
Ele dizia que a democracia também envolvia responsabilidades e seu pensamento pode ser resumido com uma expressão notável:
– “O cargo mais importante, e que todos nós podemos e devemos ocupar, é o de cidadão”.
Em sua homenagem em 1948 a comunidade judaica norte-americana criou a Brandeis University, em um período em que os Judeus, outras minorias raciais e as mulheres enfrentavam forte descriminação na educação superior. Ela é uma instituição de ensino superior privada localizada em Waltham, Massachusetts, e é considerada uma universidade de pesquisa de alto nível, conhecida por sua excelência acadêmica em artes liberais e ciências.
Quando Brandeis era estudante de direito em Harvard, um dos incidentes mais notáveis relacionados ao antissemitismo envolveu um professor chamado Peters, que expressou abertamente seu desdém por ele devido à sua herança judaica. Certa vez, Peters estava almoçando no refeitório da universidade e Brandeis foi comer com ele, acontecendo o seguinte diálogo:
Peters:
– “Sr. Brandeis, você não entende. Um porco e um pássaro não se sentam juntos para comer”.
Brandeis:
– Não se preocupe, professor. Eu vou voar para longe”.
Peters, frustrado, perguntou:
– “Sr. Brandeis, se você estivesse andando pela rua e encontrasse um pacote, uma bolsa de sabedoria e outra bolsa com muito dinheiro, qual você levaria?”
Sem hesitar, Brandeis respondeu:
– “Aquela com o dinheiro, é claro”.
Peters, sorrindo sarcasticamente, disse:
– “Assim como um judeu. Ao contrário de você, eu teria levado a bolsa de sabedoria”.
Brandeis deu de ombros e respondeu:
– “Cada um pega o que não tem”.
Enfurecido, mais tarde, no exame final, Peters rabiscou na prova de seu aluno judeu:
– “Idiota!”.
Poucos minutos depois, Louis Brandeis saiu da cadeira, caminhou até o professor e disse:
– “Prof. Peters, você autografou a prova, mas não me deu nota”.
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3 Comentários
A história contada por vocês referente Brandeis está correta ?
Já vi está está história contada sobre GANDHI.
SEGUE SITE …
https://bemagazine.org/gandhis-wit-wisdom-story-gandhi-professor/
Muito boa
Gostei muito do artigo. Inteligente, sutil, refinado e educativo.
Parabéns ao autor.